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"A revolução de Olavo [à esquerda] não é a mesma revolução de Guedes", diz Luiz Flávio Gomes

Duas revoluções: entenda a guerra entre Olavo de Carvalho e Paulo Guedes

05.04.2019 09:05 3

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Vida é vontade de potência, de força, de luta, de combate (Nietzsche). Quem luta por uma revolução luta por uma forma de vida. E tudo que vive sempre quer ser hoje mais do que ontem. A própria essência da vida, sobretudo quando revolucionária, é o expandir, é o conquistar mais, ir mais longe, avançar, progredir, ocupar mais espaços, mais protagonismo.

Com a crise das ideologias (da direita e da esquerda, do comunismo, da democracia-liberal) abriu-se um vácuo no poder. Duas revoluções em curso estão querendo ocupar esse espaço. Tendo Demétrio Magnoli como ponto de partida, eis as duas visões de mundo que não são, evidentemente, as únicas):

Paulo Guedes (PG) X Olavo de Carvalho (OC)

Paulo Guedes (PG) perguntou a Olavo de Carvalho (OC): “Por que o líder dispara contra a revolução que inspirou”? ➡ A revolução do OC não é a mesma revolução do PG. Mais: são coisas conflitantes, que estão em guerra. OC não é líder da revolução de PG.

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PG defende o liberalismo econômico radical (Estado mínimo, fim do bem-estar social etc). ➡ OC defende um passado mítico, com soberanias absolutas, hierarquias patriarcais + liberdades naturais, como colono armado.

O liberalismo do PG é o do século 19, recrudescido a partir dos anos 70-80, com Reagan e Thatcher. ➡ A revolução de OC inspira-se em algo muito anterior, perdido no tempo.

A Escola de Chicago é sua fonte (Milton Friedman é um dos guias). ➡ OC tem como fonte o conservadorismo europeu + o nativismo individualista americano.

“Dirigentes de empresa não podem ter nenhuma responsabilidade social que não seja dinheiro para os acionistas” (Milton Friedman). ➡ É preciso combater o envenenamento cultural provocado pelas bactérias do Iluminismo. Daí nasceu a direita nacionalista (alt-right).

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O liberalismo econômico radical é uma ideologia que não prega mudanças nos costumes. ➡ Os liberais globalistas (adeptos da globalização e do livre mercado mundial) estão associados aos “marxistas” e conspiram contra os povos.

PG não tem nada de marxista. ➡ Mas OC fuzilaria ele junto com os comunistas e marxistas (teoricamente).

O liberalismo de PG pretende a privatização de tudo, “tudo, tudo” (ele disse). ➡ A revolução de OC é um populismo fundado em valores tradicionais (família tradicional, patriarcalismo tradicional, nação unificada, etc).

Afirma-se que o Estado intervencionista é ineficiente e burocratizado. O Mercado seria lépido e criativo. Por si só resolveria os problemas da nação. ➡ A revolução de OC é uma guerra cultural permanente (não especificamente econômica). Não pode parar e assim mantém seus seguidores.

A economia deve ser liberalizada unilateralmente, estimulando-se a competitividade. ➡ OC clama por uma utopia: “A volta dos ponteiros da História a uma Idade de Ouro imaginária”.

Mercado acima de tudo, sem regulamentação. ➡ Deus acima de tudo.

Reformas da previdência e do Estado, corte de gastos, para que o Mercado tenha prosperidade total. ➡ Denúncia contínua dos “traidores da causa”, adeptos do “marxismo cultural”. A guerra permanente exige “atualizar o discurso das campanhas em todo momento”. Nunca deixa de ter um inimigo para manter acesa a chama ideológica.

Governabilidade regida pelas leis do mercado e da mão invisível que tudo soluciona. ➡ Perene ingovernabilidade (falta de coesão, perda da autoridade e da capacidade de agregação). Separar para mandar.

Reforma previdenciária como ato inaugural do liberalismo radical. ➡ Falta de coesão parlamentar e de consensos para aprovar reformas.

PG joga em favor do Mercado (que é um segmento elitizado da sociedade). ➡ O governo populista, patriótico e nacionalista dificilmente abandona seus seguidores fieis.

Uma terceira visão de mundo vem de Raghuram Rajam, da Universidade de Chicago, ex-economista-chefe do FMI e ex-presidente do Banco Central da Índia. Seu livro (O terceiro pilar) agrega ao Estado e ao Mercado a Comunidade. Trata-se de uma visão humanista (inclusiva) que vamos aprofundar em outro artigo.

>> MEC exonera ex-alunos de Olavo de Carvalho após críticas do escritor
>> Veja a briga entre Guedes e Zeca Dirceu que encerrou audiência na Câmara

3 respostas para “Duas revoluções: entenda a guerra entre Olavo de Carvalho e Paulo Guedes”

  1. THIAGOPE80 disse:

    Luiz Flávio Gomes aparenta ser da ideologia do fracasso “ESQUERDA DO ABISMO.
    Tão antiga e tão idealizada pelo vagabundo do Karl Max…
    Colunista doutrinado pelo marximo cultura e a velha tática de tentar desconstruir O CAPITALISMO, sistema no qual o SOCIALISMO sempre perdeu

  2. Antonio Fernando Navarro disse:

    Luiz Flávio como sempre nos brinda com suas pérolas. Realmente estamos diante de um cenário que aponta para desgovernos em vários de seus componentes, pois que um só não o há. O mais ridículo de tudo isso é o de entendermos que a opinião de pessoas que não estão envolvidas em nenhum processo, pois que não o foram citadas pelo presidente que foi escolhido pelo povo, vem se meter em temas de discussão interna, onde quem irá definitivamente opinar e aprovar é o Congresso, queiramos ou não. Também vejo que o “Rei está nú”, pois que sistemas dito previdenciários, incluindo os municípios, estados e e união, foram constituídos de fundos, imobiliários e ou financeiro, e recebimento de contribuições de empregados e empregadores, em proporções iguais ou não. Nas mais de 80 mudanças do sistema, desde sua origem, nunca se buscou realmente equalizá-lo. Nenhum fundo se mantem estável com a exclusão de 40 milhões de contribuintes por distintas maneiras, sendo o desemprego a mais comum de todos. O nó de Górdio não é o Sistema Previdenciário e nunca o foi. O problema é de estados, municípios e união inchados de pessoas, que custam muito aos contribuintes e nada agregam em termos de qualidade de serviços prestados. Cobramos mal e nunca daqueles que devem bilhões aos cofres do governo. A esperteza (será?) de aumentar a DRU a quase 5 anos para 30% foi um facilitador para repassar verbas para municípios e estados que constroem obras de curta duração ou que normalmente ligam ou conectam o nada com o lugar nenhum, que é o que se observa na maior parte de estradas com viadutos que não custaram barato para o povo. Com que recursos Brasília foi construída? Com que recursos a Ponte Rio – Niterói foi construída e mesmo a Transamazônica? São apenas três exemplos. Os carteiros há cinco anos choravam tentando recompor o fundo de pensão destruído com aplicações indevidas por representantes desses que ao invés de fazerem com que as aplicações aumentassem e gerassem resultados simplesmente micaram. O papo é longo e se formos reler o que ocorreu no passado basta olhar para o fundo de pensão da Telerj, que tinha como um de seus diretores um ex-presidente da Câmara como gestor. Após um ano e meio ele foi afastado, depois de haver deixado um rastro de estragos econômico-financeiro.

  3. Ernesto Freire Pichler disse:

    A mula Bozo tem quatro patas. Uma é o guru maluco. Outra é a cretinice “evangélica”. Outra são os milicos (não os militares, esses são dignos). E a outra é a indústria falsificadora bilionária do antipetismo. O problema é controlar as quatro patas, exigiria um cérebro. Então, não consegue andar.

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