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Família Bolsonaro empregou 22 parentes em seus gabinetes desde 1991, aponta O Globo

[fotografo]Antonio Cruz/Agência Brasil[/fotografo]

Mapeamento feito pelo jornal O Globo e publicado neste domingo (04) aponta que desde 1991, quando o atual presidente Jair Bolsonaro foi eleito para seu primeiro mandato como deputado federal, ele e seus três filhos que também seguiram carreira política empregaram em seus gabinetes 102 pessoas com alguma relação de parentesco com sua família ou pessoas com relações de parentesco entre si. A reportagem afirma que há indícios de que várias dessas pessoas não trabalharam de fato nos cargos.

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Um exemplo é o caso de Márcia Salgado de Oliveira, tia do atual ministro chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Jorge Antonio Francisco de Oliveira. Ela foi contratada como funcionária do gabinete de Flávio Bolsonaro, quando ele era deputado estadual, na Assembleia Estadual do Rio de Janeiro (Alerj). Márcia permaneceu no posto de 2003 até fevereiro deste ano e nunca teve um crachá emitido pela Alerj. Entre 2001 e 2015, além da tia, o então policial militar e atual ministro Jorge de Oliveira também teve o pai e mãe empregados pela família Bolsonaro.

A reportagem do Globo entrou em contato com Márcia que, inicialmente negou que tivesse trabalhado na Alerj, mas após ter seus dados confirmados pela reportagem, desligou o telefone e retirou a foto do WhatsApp. Atualmente, Flávio Bolsonaro é senador.

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O levantamento usou dados obtidos por meio da Lei de Acesso à Informação e pelas publicações do Diário Oficial durante três meses. A pesquisa envolveu o trabalho de sete repórteres e apurou as contratações de  Carlos Bolsonaro (PSC), atualmente vereador no Rio de Janeiro, Eduardo Bolsonaro (PSL), deputado federal por São Paulo, além do senador Flávio e do presidente.

Na listagem está o caso do policial militar Fabrício Queiroz, que teve sete parentes empregados em três gabinetes dos Bolsonaro desde 2006 (Flávio, Carlos e Jair). Todos eles tiveram o sigilo quebrado, segundo a reportagem, a pedido do Ministério Público do Rio de Janeiro, que investiga se ocorreu no gabinete de Flávio Bolsonaro na Alerj a prática de ‘rachadinha’, quando uma pessoa é contratada e devolve parte do salário para o político.

Ao longo das três décadas analisadas, foram 22 pessoas da família do presidente Jair Bolsonaro empregadas em gabinetes dele e seus filhos. O primeiro sogro do presidente, João Garcia Braga foi empregado por ele em 1991, e depois pelo neto, Flávio, entre 2003 e 2007, por exemplo. Braga é químico aposentado, mora em Resende, no sul fluminense desde os anos 1960, e nunca teve crachá emitido pela Alerj. A reportagem procurou Braga em sua residência, mas ele não quis comentar o caso.

Em 1998, a segunda companheira do presidente também teve os pais empregados no gabinete de Bolsonaro quando era deputado federal e posteriormente nos gabinetes dos  enteados Carlos e Flávio. Ao todo, a reportagem aponta dez parentes de Ana Cristina Siqueira Valle empregados.

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Por nota, o advogado de Flávio Bolsonaro respondeu à reportagem que as pessoas citadas “trabalharam em diferentes áreas, mas sempre em prol do mandato, tanto que as votações enquanto deputado estadual foram crescentes. A nomeação dessas pessoas ocorreu de forma transparente e de acordo com as regras da Alerj. A execução do trabalho delas também ocorreu de acordo com as normas”.

A defesa do senador declarou ainda que “os cargos comissionados da Alerj são de duas naturezas: técnica (com o profissional no gabinete) e de natureza política (com o profissional na base eleitoral)” e que, portanto, o uso de crachá emitido pela Assembleia do Rio não era necessário. “A confecção e o uso de crachá não eram obrigatórios, já que o funcionário pode atuar apenas na base, sem a necessidade de ir para a Alerj”, diz trecho da nota.

O Palácio do Planalto disse que não comenta o assunto e o presidente Jair Bolsonaro, ao ser questionada pela imprensa sobre o tema, confirmou que contratou parentes antes da prática ser considerada e ilegal criticou a imprensa dizendo que os jornalistas têm “mania” de achar que “todo parente de político não presta”.

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