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Lula diz que Bolsonaro leva o Brasil para o matadouro e precisa ser destituído

Hospital público [fotografo]Arquivo/Agência Brasil[/fotografo]

O ex-presidente Lula acusou o presidente Jair Bolsonaro de conduzir os brasileiros “para o matadouro” ao minimizar a gravidade da pandemia de covid-19. Em entrevista ao jornal britânico The Guardian, Lula disse que a política de Bolsonaro pode levar o Brasil a repetir cenas devastadoras como as registradas no Equador, onde famílias tiveram de deixar seus entes queridos suspeitos de estarem infectados no meio da rua.

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“Infelizmente, temo que o Brasil sofra muito por causa da imprudência de Bolsonaro. Receio que, se isso crescer, o Brasil poderá ver alguns casos como aquelas imagens horríveis e monstruosas que vimos em Guayaquil”, afirmou o petista.

Lula, que até recentemente dizia ser contra o impeachment de Bolsonaro, afirmou que o presidente poderá ser destituído conforme o desenrolar da crise. “Não podemos apenas querer derrubar um presidente porque não gostamos dele”, declarou. “[Mas] se Bolsonaro continuar cometendo crimes de responsabilidade … [e] tentando levar a sociedade ao matadouro – que é o que ele está fazendo – acho que as instituições precisarão encontrar uma maneira de classificar Bolsonaro. E isso significa que você precisará ter um impeachment”, acrescentou.

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O ex-presidente ressaltou, no entanto, que não acredita que haja apoio hoje no Congresso para que isso ocorra, diferentemente do cenário de 2016, quando Dilma Rousseff teve o mandato cassado. Segundo Lula, muitos partidos conservadores acham mais prudente permitir que Bolsonaro continue sabotando suas chances de reeleição em 2022 por sua própria incompetência, antes de eleger outro presidente da direita.

O assunto divide a esquerda também. A principal tendência do PT também se manifestou semana passada contrariamente ao impeachment de Bolsonaro, em posição divergente à defendida por outras alas da sigla e de partidos do mesmo campo ideológico.

O jornal lembra os momentos em que Bolsonaro classificou a covid-19 como uma “gripezinha”, provocou aglomerações ao ir a farmácia e padaria e afirmou que ninguém impedirá seu direito de ir e vir ao ser questionado sobre o descumprimento das regras de isolamento social, consideradas as mais eficazes pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

Também destacou a declaração feita por Bolsonaro, em março, de que o brasileiro estaria protegido por mergulhar em esgoto e “nada acontecer”. A publicação ainda ressaltou a acusação feita pelo deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) contra a China, principal parceira comercial do país, de ter disseminado o vírus com interesses econômicos.

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“É natural que uma parte da sociedade não entenda a necessidade de ficar em casa ou o quão sério isso é – especialmente quando o presidente da República é um troglodita que diz que é apenas uma gripezinha”, disse Lula. “A verdade é que Bolsonaro não tem equilíbrio psicológico para liderar um país. Ele não pensa no impacto que seus atos destrutivos têm na sociedade. Ele é imprudente”, emendou o ex-presidente. De acordo com Lula, o atual presidente não fala com a sociedade: “Não tem ouvidos para ouvir. Ele só tem boca para falar bobagem”.

Bolsonaro é apontado pela publicação inglesa como um dos quatro líderes mundiais que ainda menosprezam o coronavírus, ao lado dos presidentes da Nicarágua, da Bielorrússia e do Turquemenistão.

Ainda na entrevista, Lula lembrou que está impedido de concorrer às eleições, por ter sido condenado em segunda instância na Justiça, e disse que não há motivo para a esquerda ter pressa na definição de seu candidato à sucessão de Bolsonaro. “Mas vou lhe dizer uma coisa, você pode ter certeza de que a esquerda estará governando o Brasil novamente depois de 2022. Não precisamos conversar sobre quem é o candidato agora. Mas votaremos em alguém comprometido com os direitos humanos e que os respeite, que respeite a proteção ambiental, que respeite a Amazônia… que respeite os negros e os indígenas. Vamos eleger alguém comprometido com os pobres deste país”.

Lula foi solto em novembro do ano passado, após passar 580 dias preso em Curitiba, onde cumpriu um ano e sete meses pela condenação por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no processo do triplex do Guarujá.

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