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“Soa familiar”, diz Biden ao ouvir descrição de Lula sobre Bolsonaro

Ao ouvir comentários de Lula sobre a política externa isolacionista e as campanhas de Bolsonaro, Joe Biden relembrou semelhança com Trump. Foto: Ricardo Stuckert/Planalto

Ao ouvir comentários de Lula sobre a política externa isolacionista e as campanhas de Bolsonaro, Joe Biden relembrou semelhança com Trump. Foto: Ricardo Stuckert/Planalto

O presidente Lula se encontrou pela primeira vez desde que assumiu seu mandato com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, na Casa Branca, nesta sexta-feira (10). Entre os temas da conversa dos dois chefes de Estado, Lula comentou sobre a campanha de produção de fake news por parte do ex-presidente Jair Bolsonaro em seu mandato, e sobre a postura isolacionista no cenário internacional. Biden quebrou o protocolo em seguida, afirmando que a descrição lhe “soa familiar”.

Lula procurava explicar a Biden o seu objetivo de realinhar o Brasil no debate político internacional. “O senhor sabe que o Brasil passou quatro anos se automarginalizando. O presidente não gostava de manter relações com nenhum país. O mundo dele começava e terminava com fake news: de manhã, de tarde, e de noite. Ele parece que menosprezava relações internacionais”, relatou.

Biden sorriu e soltou seu comentário, relembrando a política externa adotada pelos Estados Unidos durante o governo de Donald Trump. Trump assumiu o governo norte-americano antes de Bolsonaro, com quem manteve um relacionamento político próximo ao longo de seu mandato. Os dois adotaram uma política externa hostil ao multilateralismo, e abraçaram teorias de conspiração para justificar posturas isolacionistas. Hoje, ambos são investigados nos respectivos países por fomentar e tirar proveito da produção em massa de fake news.

Outro ponto em comum entre Trump e Bolsonaro é o radicalismo de extrema-direita de suas militâncias, que resultou em dois ataques em massa de vândalos contra os principais prédios funcionais de cada país: a invasão ao Capitólio (casa legislativa dos EUA), em 6 de janeiro de 2021, por trumpistas inconformados com a vitória eleitoral de Biden; e a invasão às sedes dos três poderes em Brasília, em 8 de janeiro de 2023, por bolsonaristas inconformados com a posse de Lula.

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Lula também tocou nessa ferida em comum na reunião. “Nós agora temos alguns problemas para trabalharmos juntos. Primeiro: nunca mais permitir que haja um novo capítulo do Capitólio, e que nunca mais haja o que aconteceu no Brasil com a invasão do Congresso Nacional, do palácio do presidente e da Suprema Corte”, declarou.

A reunião inicial entre Lula e Biden ainda não foi para apresentação de propostas. Tradicionalmente, chefes de Estado recebidos nos Estados Unidos passam por uma conversa introdutória com o presidente local para abrir o canal de conversas, e comunicar suas intenções. Concluído o primeiro encontro, os dois presidentes se dirigiram ao gabinete de Biden, acompanhados de parte de seus ministros, para uma conversa mais detalhada a portas fechadas.

Ao contrário de Lula, Biden já se encontra próximo ao final de seu mandato, e a conjuntura política estadunidense preocupa o líder brasileiro. Em entrevista à Globo News ainda em janeiro, ele afirmou que pretendia conversar com Biden sobre o cenário eleitoral, temendo que um novo mandato de Trump não apenas coloque em risco o relacionamento entre Brasil e EUA, como possa servir de combustível para uma nova onda de ascensão da extrema direita ao redor do mundo.

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