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Um país aberto e plural é mais competitivo

Lula com Xi Jinping: por razões de saúde, a viagem à China foi adiada, mas o Brasil amplia suas relações internacionais. Foto: Ricardo Stuckert/PR

Arnaldo Jardim *

O Brasil voltou a olhar para o mundo e a reforçar os seus laços comerciais e estratégicos com nações importantes em nossas relações econômicas. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva iria à China, em uma viagem de negócios. Teve de adiar por razões de saúde. Mas, apesar de divergências pontuais em tempo recentes, os chineses seguem como nossos principais parceiros comerciais. Em 2021, exportamos para o país asiático US$ 87,69 bilhões (31,28% de nossa balança comercial) e importamos US$ 47,651 bilhões (21,72%), segundo dados divulgados pelo Ministério da Economia do governo anterior.

Quase 25% desses produtos exportados são do setor agropecuário. Como legítimo representante do agro, sei da força que ele tem para nossa economia e de como é fundamental que adotemos práticas e modelos que aumentem a nossa competitividade. Isso é bom para as empresas brasileiras e é bom para o país. Um Brasil mais competitivo gera emprego e renda para todos, auxiliando no processo de inclusão social de milhares de brasileiros que ainda necessitam da ajuda do Estado.

Essa nova visão diplomática também foi sentida na visita do presidente Lula ao presidente norte-americano Joe Biden, no início de fevereiro. Os Estados Unidos estão logo atrás da China, como nosso segundo maior parceiro comercial. Também com base em dados de 2021, exportamos US$ 31,10 bilhões para os americanos, o equivalente a 11,09% de nossas vendas ao exterior. E compramos US$ 39,38 bilhões, ou 17,95% de nossas importações. São números bastante expressivos, mas que podem melhorar ainda mais.

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Isso porque não estamos falando diretamente da possível retomada dos debates em torno do acordo Mercosul-União Europeia, do fortalecimento do nosso relacionamento com nossos vizinhos da América do Sul e das tratativas para entrarmos na OCDE – inclusive, estou atuando na tramitação da MP 1152, apresentando emendas para aperfeiçoá-la e, ao fim, aprová-la – um passo que poderá alterar nosso patamar nas tratativas geopolíticas e econômicas internacionais. Mas é preciso termos em mente que isso não se faz por mágica. Não basta o governo brasileiro viajar mais para mostrar como somos bons parceiros. Temos que fazer alguns deveres de casa importantes para nos tornar mais confiáveis.
É fundamental promovermos uma reforma tributária para melhorar a qualidade dos nossos impostos e tornar nossos produtos mais atrativos no exterior. Temos de proteger a geração de empregos, deixar de taxar mais quem ganha menos e criar mais estímulos para novos investimentos. Temos de estar atentos às novas tendências do mercado e discutir, no âmbito da reforma, a economia verde.

Apenas na semana passada participei de dois debates sobre esse tema. Um da Frente da Economia Verde com a Associação Brasileira dos Fabricantes de lata de alumínio (Abralatas) e outras 30 entidades, para discutir como inserir a questão da sustentabilidade, os novos mercados de carbono, os incentivos às pesquisas para tecnologias mais limpas e menos poluentes, no âmbito da reforma tributária. E na quinta-feira, um webinar com o instigante título: Fator Ambiental para a Competitividade.

O mundo tem dito que celebra o retorno do Brasil ao cenário internacional. Nós queremos nos reinserir nesse contexto porque precisamos e porque somos importantes geopoliticamente. Mas não podemos ser voluntariosos. Para sermos mais fortes, precisamos nos fortalecer internamente e corrigir problemas crônicos que travam nossa competitividade.

*Deputado federal pelo Cidadania-SP e presidente da Frente Parlamentar pelo Brasil Competitivo.

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