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Brasileiros, e agora?

"Chegamos à encruzilhada e teremos que escolher o caminho. As palavras assustam, os discursos aterrorizam; as falas são falaciosas", lamenta Paulo C. Branco

"Chegamos à encruzilhada e teremos que escolher o caminho. As palavras assustam, os discursos aterrorizam; as falas são falaciosas", lamenta Paulo C. Branco[fotografo]Reprodução[/fotografo]

Vivemos momentos complicados. Creio que mais graves do que o suicídio de Getúlio Vargas e da edição do Ato Institucional nº 5, que enterrou de vez a esperança do povo em retornarmos à democracia prometida por Humberto Castello Branco, presidente escolhido com o apoio do povo, do Congresso Nacional e de Juscelino Kubitschek, favorito nas eleições de 1965.

Por pressões da linha dura, Castello se curvou, e começaram as cassações de parlamentares. Para chegarmos à ditadura foram só três anos e um longo período de eleições com cartas marcadas até a eleição de Tancredo Neves. Daí para frente, e com a Constituição de 1988, o país superou a tudo e a todos, e se consolidou.

Agora, mais uma vez, chegamos à encruzilhada e teremos que escolher o caminho.

As palavras assustam, os discursos aterrorizam; as falas são falaciosas. De um lado, um candidato do Partido dos Trabalhadores com um currículo profissional e intelectual de bom conceito. Este é, na realidade, uma marionete do ex-presidente Lula, que nos enganou quando se mostrou um candidato que queria fazer um bom governo, respeitando os direitos dos cidadãos e a Constituição – que não assinou por não concordar com os seus termos. Só esse fato já serviria para não acreditarmos em suas palavras amistosas.

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Lula chegou ao poder com a colaboração de muitos de seus adversários, que confiaram no discurso fácil da continuação de uma social-democracia com alternância do poder.

Os políticos imaginavam que a eleição de um ex-trabalhador, de origem humilde e conhecedor das dificuldades das classes desprotegidas, poderia manter o controle da economia e os programas sociais implantados pelo governo de Fernando Henrique. E levar o país à real social-democracia.

No seu primeiro governo, Lula seguiu a cartilha deixada sobre a sua mesa e intensificou as ações sociais dando aos carentes as bolsas, as cotas e a possibilidade de um futuro melhor.

No segundo mandato resolveu, pressionado por seus experientes companheiros, colocar em prática a velha política marxista, comunista e socialista. Lula passou a controlar o povo com falácias e descobriu como fazer currais eleitorais aliado aos tradicionais da prática corrupta.

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Nesse tempo foi filmado o primeiro caso de corrupção do seu governo, no valor de meros R$ 3 mil. Daí em diante, cada caso foi desvendando os porões imundos da roubalheira jamais vista em qualquer país democrático. A Constituição e as leis foram aplicadas, levando ao cárcere autoridades até então consideradas respeitáveis, apesar de seus sinais exteriores de riqueza.

Ao fim do seu mandato, Lula criou o seu primeiro poste, elegendo Dilma para guardar a sua cadeira presidencial. A presidente – incapaz de governar, pois nunca fez política – deu uma rasteira no mentor e não abriu mão de continuar no poder. A velha raposa, que na juventude não conseguiu implantar o seu sonho revolucionário, decidiu que era hora de mudar o mundo que já não mais existia desde a queda do Muro de Berlin. O seu desejo se transformou em desgraça. Foi banido do poder e, recentemente, da política. Sofreu um golpe de azar.

Na eleição presidencial, o poste na prefeitura de São Paulo é indicado pelo prisioneiro para disputar o mandato. O professor, neto de líder religioso, casado e pai de três filhos, a cada instante se diz adorador de todos os deuses, recebe o corpo e o sangue de Cristo e finge pedir proteção divina.

O outro concorrente, Jair Bolsonaro, não tem muita história para contar, pois entrou na política há muitos anos e tem sido reeleito sucessivamente, exercendo os seus mandatos de forma inexpressiva, mas com discurso inflamado e repleto de falas contra minorias. É a favor da instalação do faroeste; cada cidadão uma arma. Valoriza policiais que se dedicam a defender com a própria vida o cidadão massacrado pela violência que impera no país, dissimulada pelos programas frouxos de combate ao crime e ao tráfico de drogas. Bolsonaro defende o uso da força bruta, Fernando Haddad defende os métodos da quadrilha ainda não desbaratada.

Ganhando Bolsonaro ou Haddad, não irei para as ruas armado em defesa da democracia; irei com as armas que tenho: a Constituição, as leis e uma vontade imensa de deixar como legado um país justo, seguro, democrático e feliz. Mas também não irei com carteira de trabalho na mão, nem com a caneta e os livros das escolas do Haddad.

 

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