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Sem reforma da Previdência, sem aposentadoria

Sessão da reforma da previdência na Câmara dos vereadores de São Paulo. Artigo de Rubinho Nunes São Paulo, 10 de novembro de 2021. Sessão Plenária Extraordinária Semipresencial. Foto: Afonso Braga @afonsobraga.ab Créditos Obrigatórios. Todos os direitos reservados conforme lei de direito Autoral Número 9.610.

Sessão na Câmara Municipal de São Paulo, debatendo a reforma da Previdência. Foto: Afonso Braga/ Câmara Municipal de São Paulo

A Câmara dos Vereadores de São Paulo acaba de aprovar a reforma previdenciária do funcionalismo público municipal, matéria de grande responsabilidade para os vereadores e que representa uma das inovações mais importantes da história do município.

As principais alterações do PLO 07/2021 se referem à idade mínima para aposentadoria, à necessidade que todo servidor público aposentado contribua com a alíquota de 14%, regras de transição para aqueles que estão prestes a se aposentar, bem como a criação de dois fundos: Funfin (Fundo Financeiro) que será financiado pelo regime repartição simples e o Funprev (Fundo Previdenciário) gerido pelo sistema de capitalização.

Sobre a idade mínima para a aposentadoria, hoje, um funcionário público municipal aposenta com 60 anos de idade, se homem, e aos 55 anos, se mulher. Ambos devem contribuir por 30 anos com o sistema previdenciário. Com a reforma em vigência, será necessário ter 62 anos para mulheres e 65 anos para homens. Em contrapartida, o tempo de contribuição será reduzido para 25 anos.

Quando se fala em Reforma da Previdência, é necessário analisar o cenário de longo prazo e não uma solução imediatista, deixando um rombo para as próximas gestões. Um exemplo de projetos de curto prazo é a contratação de novos servidores para custear o sistema previdenciário, o que inflaria ainda mais a máquina pública, criando um efeito “bola de neve” e uma dívida impagável.

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Vamos aos números. Atualmente há cerca de 121.147 servidores ativos, 90.976 inativos e 22.691 pensionistas, havendo quase uma paridade entre eles, isto é, a conta não fecha. O déficit ocorre basicamente porque a população reproduz menos e vive mais, sugerindo que quando os servidores contratados se aposentarem, o número de ativos será menor que o de inativos.

Por mais dolorosa que possa parecer a reforma, não há outra alternativa, senão a criação de um planejamento consistente e realista, pois o que está em jogo é a saúde financeira do município e a segurança dos aposentados em receber a aposentadoria que possuem direito.

Atualmente, a capital paulista acumula um “buraco” de R$ 171 bilhões nas contas públicas devido ao sistema previdenciário. Nesse sentido, foi necessário buscar uma forma de conseguir realizar o pagamento do benefício previdenciário e ao mesmo tempo não prejudicar as finanças públicas. A solução encontrada foi criação de dois tipos de fundo: Funfin e Funprev.

Sobre o Funfin, o regime é de repartição simples, na qual os funcionários ativos contribuem com a aposentadoria daqueles que se encontram aposentados, sendo o que ocorre atualmente no município.

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Em relação ao Funprev, ficou estabelecido o regime de capitalização, onde o funcionário ativo contribuirá para a própria aposentadoria, ou seja, o valor que o servidor contribuiu ficará alocado no respectivo fundo, que valorizará através de aplicações financeiras, funcionando como uma poupança ou fundo de pensão.

Estudos apresentados pela Prefeitura indicam que com o novo regime de capitalização, estima-se que nos próximos dez anos haverá uma economia na ordem de R$ 54,1 bilhões, podendo chegar a um montante de R$ 207,6 bilhões em trinta e cinco anos, reduzindo o déficit atual.

Com essa reforma aprovada na Câmara Municipal, São Paulo busca adaptar-se à nova realidade, e, principalmente, demonstrar responsabilidade perante o servidor público, que trabalhou durante anos para que no dia em que se aposentasse não tivesse problemas em receber o que lhe é de direito.

Segundo dados apresentados pelo economista Raul Velloso, se a reforma previdenciária não tivesse sido aprovada no município, os investimentos na cidade seriam zerados em 15 anos. Ademais, no ano de 2020, a capital paulista gastou com benefício previdenciário mais de R$ 10,5 bilhões, enquanto em 2010 o valor era de apenas R$ 2,9 bilhões; isso significa que os gastos praticamente quadruplicaram.

A quantia utilizada para pagar o benefício no último ano gerou um déficit na ordem de R$ 5,6 bilhões, afetando diretamente o equilíbrio financeiro da cidade, consequentemente, diminui o investimento no município. Felizmente conseguimos aprovar o texto na Casa após dois meses de estudos, reuniões e audiências públicas, com mais de 30 pessoas ouvidas na Comissão Especial que tive a honra de presidir.

O texto acima expressa a visão de quem o assina, não necessariamente do Congresso em Foco. Se você quer publicar algo sobre o mesmo tema, mas com um diferente ponto de vista, envie sua sugestão de texto para [email protected].

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