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Foto: Pablo Valadares/Ag. Câmara

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Desoneração da folha: a saúde é novamente esquecida

03.12.2021 08:15 0
Atualizado em 10.12.2021 18:46

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A Câmara dos Deputados aprovou a continuidade da desoneração da folha de pagamentos até o final de 2023. Trata-se de um excelente programa de apoio à manutenção de empregos e poderia ser ainda mais especial se fosse também utilizado para geração de tecnologia, principalmente para saúde. Desde o início da pandemia do coronavírus, em 2020, o segmento tem se reinventado para atender a demanda da população brasileira. Mesmo lutando contra um cenário totalmente desfavorável, com o câmbio imprevisível, desequilíbrio tributário e o custo Brasil nas alturas, o setor conseguiu entregar o que o país precisava no momento mais crítico: quando os maiores exportadores fecharam seus mercados e deixaram o resto do mundo à deriva.

Nas próximas semanas, o Senado Federal irá debater o Projeto de Lei nº 2541/21, que prevê a prorrogação da desoneração da folha de pagamento para 17 setores até 2023. Entre os segmentos beneficiados estão as comunicações; construção civil; couro; calçados; call centers; indústria têxtil; fabricação de veículos; proteína animal; máquinas e equipamentos; tecnologia da informação; transporte rodoviário coletivo; de cargas e transporte metroferroviário de passageiros. O setor de saúde não consta e, desde 2018, nem se cogita inclui-lo entre os contemplados com a medida. Por isso, causa estranheza e perplexidade que, quando se busca alavancar a atividade econômica e incentivar a criação de empregos, novamente, a saúde esteja sendo esquecida pelas autoridades.

A lição de 2020 – de que, nos momentos estratégicos, ter tecnologia própria e capacidade produtiva é fundamental para qualquer país e que o setor de saúde é vital, – parece já ter sido esquecida pelas autoridades competentes. A sensação que fica é a que o executivo e o legislativo resolveram excluir a saúde de qualquer política de Estado, por não olharem os aprendizados recentes. Contudo, essa é uma postura completamente míope.

Nos últimos 24 meses, a indústria brasileira de dispositivos médicos fez pesados investimentos para atender a demanda advinda da pandemia da covid-19. Primeiro, porque 2020 foi um ano atípico. Ou seja, enquanto algumas indústrias tiveram que investir para dar conta da demanda, outras ficaram com uma produtividade abaixo da média.

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Tivemos um desequilíbrio produtivo e setorial que não se enxerga quando se vê apenas os números totais de desempenho do setor. Cabe destacar que, neste período, muitos atendimentos ficaram represados; porém, nos próximos anos, serão realizados, pois as pessoas continuam doentes.

Não bastasse todo esse desequilíbrio produtivo, a indústria nacional segue sofrendo com a política tributária, a qual tem privilegiado as importações em detrimento a quem produz dentro do Brasil. Considerando que a única medida governamental foi reduzir o imposto de importação, o resultado prático das portarias GECEX nº 269 e nº 273 de 2021 é a geração de empregos na China.

Aplaudimos o fato de o programa da desoneração da folha ter a possibilidade de continuidade, no entanto, é necessário que ele seja ampliado, sobretudo para setores estratégicos como é o caso da saúde. O segmento de dispositivos médicos, ao longo de toda a pandemia, não mediu esforços para atender à demanda imediata e realizou a maior reconversão produtiva de sua história. Assim, luvas máscaras e respiradores foram produzidos em escala nunca vista, fruto desses investimentos. Mas agora, o setor precisa de apoio para garantir a manutenção dos esforços produtivos.

O segmento sofre com um cenário fiscal de incertezas econômicas, déficits produtivos e concorrência desleal dos importados. A indústria brasileira de saúde está na UTI e, ao não ser inclusa na desoneração da folha de pagamento, as autoridades brasileiras contribuem de maneira direta para a piora do paciente.

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