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Moro 2018

Sergio Moro protocolou um projeto que pune quem planejar atentados contra autoridades públicas, e espera que o governo apoie a proposta. Foto: Marcos Corrêa/PR

Sergio Moro protocolou um projeto que pune quem planejar atentados contra autoridades públicas, e espera que o governo apoie a proposta. Foto: Marcos Corrêa/PR

Cleber Lourenço *

“Não estaria aqui” se Moro não cumprisse a missão dele, disse Bolsonaro em novembro de 2019, afirmando que o então Ministro da Justiça foi um dos seus principais fiadores em 2018.

E depois de ser o fiador de Jair Bolsonaro na campanha de 2018, agora temos Moro usando e abusando a mesma plataforma antipolítica usada por Bolsonaro. Tanto é que, até mesmo maioria dos antigos apoiadores do presidente são os atuais apoiadores de Sergio Moro.

Quando ele diz que quer “proteger a família brasileira contra a violência, contra a desagregação e contra as drogas que ameaçam nossas crianças, jovens e adultos”, não é nada além do que uma adaptação das mesmas falácias bolsonaristas.

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Moro tenta compensar sua inexperiência assim como Jair Bolsonaro fez, com os mesmos motes, apelos e nacionalismo barato, inclusive, o discurso do dia 10 de novembro de 2021 poderia ser perfeitamente o dito pelo Jair Bolsonaro de outubro de 2018.

Assim como Bolsonaro, Moro não reconhece as instituições, os sistemas de pesos e contrapesos e todas as estruturas que compõem o Estado democrático de direito. Tanto é que em seu discurso ele defendeu o fim do foro privilegiado, também apontou as decisões que evidenciaram a suas agressões ao direito de defesa e ao sistema acusatório como meros “formalismos”.

Se por um lado o capitão da reserva defendeu “fuzilar a petralhada no Acre”, o ex-juiz justifica que para prender opositores, vale rasgar o devido processo legal e a Constituição.

Militares

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Entre os presentes no ato de filiação do Moro estava o General da reserva, Paulo Chagas, que em 2019 se envolveu em uma discussão com o falecido jornalista Ricardo Boechat.

Santos Cruz, outro general de pijama, também estava presente e é um dos principais entusiastas da candidatura do ex-chefe da lava jato. E além desses dois, ainda temos a horda de “generais em off” que constantemente aparecem em notas de um seleto grupo de jornalistas.

E uma coisa é fácil entender: se os militares apoiam e embarcaram na campanha do Moro, é porque enxergam nele a mesma possibilidade de terem as mesmas mamatas que usufruem no governo de Jair Bolsonaro e seus milhares de cargos civis ocupados por militares.

Inclusive, há que agite uma pitoresca chama Moro/Mourão ou Moro/Santos Cruz.

Outsider

E mais uma vez ele tenta reanimar a praga da antipolítica, embora tenha entrado de cabeça na campanha de 2022, Moro fez seu discurso de filiação ao Podemos como alguém que observa a política do lado de fora. Um verdadeiro “nós contra eles” e tenta reacender o ódio da população contra a política, o mesmo ódio deixou o país nesse estado miserável.

Em outro ponto ele diz: “Resolvi fazer do jeito que me restava: entrando para a política, corrigindo isso de dentro para fora”, colocando-se de maneira messiânica como que se a solução para a política fosse de fora da política, personificada na sua própria figura.

Exatamente igual Bolsonaro se colocava: um observador externo da política, um homem puro e casto, perplexo com as maldades da política. Além de, assim como Bolsonaro, insistir no samba de uma nota só do “contra tudo isso que está aí”.

* Cleber Lourenço é pós-graduando em Jornalismo político. 

O texto acima expressa a visão de quem o assina, não necessariamente do Congresso em Foco. Se você quer publicar algo sobre o mesmo tema, mas com um diferente ponto de vista, envie sua sugestão de texto para [email protected].

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