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Otávio Fakhoury: Conversas obtidas pela CPI mostram empresário articulando a montagem de uma rede de comunicação bolsonarista [fotografo] Reprodução Facebook [/fotografo]

Bolsonaristas discutiram uso do BNDES para rede de comunicação de direita

28.09.2021 18:14 0

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A CPI da Covid ouvirá na quinta-feira (30) o empresário Otávio Fakhoury. Informações exclusivas obtidas pelo Congresso em Foco mostram que, para além, do financiamento da disseminação de fake news sobre a pandemia de covid-19 e suposto envolvimento com o Gabinete do Ódio no Palácio do Planalto, Fakhoury é a figura central na discussão de um projeto para montar uma rede de comunicação, com emissoras de rádio e TV, com viés bolsonarista e de direita.

Senadores da CPI comparam o que descobriram sobre Fakhoury com o que a CPI do PC desvendou sobre as ligações do ex-deputado José Carlos Martinez com o tesoureiro de Fernando Collor, PC Farias, em projeto semelhante para criar uma rede de comunicação ligada ao então presidente da República, que fosse aliada de seu projeto de poder. Na ocasião, descobriu-se que Martinez recebeu dinheiro dos “fantasmas” de PC, contas bancárias falsas que o tesoureiro utilizava para financiar gastos pessoas e projetos do esquema.

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Agora, informações em poder da CPI da Covid mostram conversas de Fakhoury com interlocutores bolsonaristas – especialmente o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), o blogueiro Alan dos Santos e o presidente do PTB, Roberto Jefferson – para a montagem de uma estrutura de comunicação ligada ao projeto bolsonarista. Nas conversas, cogita-se mesmo a utilização de recursos de financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para bancar o projeto.

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A CPI chegou a Fakhoury a partir do compartilhamento de informações vindas do inquérito sobre fake news e atos antidemocráticos conduzido pelo Supremo Tribunal Federal (STF). No caso, a CPI só irá aprofundar e detalhar os pontos a respeito de disseminação de fake news que efetivamente têm relação direta com a covid-19. Como tal rede contribuiu para que a doença se espalhasse pelo país, a partir de informações falsas sobre a pandemia, sobre vacinas e contrárias às orientações sanitárias dos especialistas, como o uso de máscaras e o isolamento social.

Conversas em poder da CPI mostram Fakhoury discutindo com interlocutores sobre a necessidade de se criar uma estrutura própria e forte de comunicação, diante da dificuldade de veicular, pelos meios tradicionais, informações que iam de encontro às orientações da Organização Mundial de Saúde e dos principais especialistas em saúde. Segundo apurou o Congresso em Foco, as conversas nesse sentido são intensas.

O projeto inicial era obter uma rádio FM em São Paulo e, a partir dela, ir evoluindo na formação da rede incluindo novas rádios e uma emissora de TV. Em paralelo, também se pretendia construir uma rede de rádios comunitárias. As conversas chegam a especular a disponibilidade de rádios pertencentes a alguns grupos de comunicação já consolidados que poderiam ser negociadas.

Entre os interlocutores de Fakhoury estão Eduardo Bolsonaro e o então secretário de Comunicação da Presidência, Fábio Wajngarten. Nas conversas, de acordo com as informações apuradas junto a integrantes da CPI da Covid, cogita-se mesmo ir ao BNDES em busca de uma linha de financiamento.

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Em outras conversas, é mencionado também que a rede poderia contar com alguns patrocinadores, entre empresas cujos donos são simpáticos ao governo Bolsonaro. Casos da rede de lojas Havan, o restaurante Madero e a rede de lojas de material esportivo Centauro.

Sobre a montagem de uma rede de rádios comunitárias, as conversas concentram-se mais no blogueiro Alan dos Santos.

“Reforço armado”

Segundo integrantes da CPI, há também uma conversa na qual Fakhoury menciona um terreno em São Paulo, que estaria alugado a Petrobras para um posto de combustível. O valor do aluguel teria subido, conforme as conversas de R$ 30 mil para R$ 150 mil.

De acordo com integrantes da comissão, há também conversas de Fakhoury com Roberto Jefferson, que envolvem a organização dos atos antidemocráticos. Em uma das conversas, chega-se a mencionar o que os interlocutores chamam de “reforço armado” para os atos. Em um trecho, Roberto Jefferson comentaria com Fakhoury o receio de ser preso. “O que eu quero é a dissolução [do Supremo Tribunal Federal (STF)]. Mas não vou dizer isso porque senão ou serei preso”, diz Jefferson.

O Congresso em Foco procurou o deputado Eduardo Bolsonaro e o BNDES, mas não obteve resposta. Não conseguiu localizar o empresário Otávio Fakhoury. O site fica aberto para acrescentar qualquer eventual resposta ou explicação dos envolvidos.

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