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A corrida para o Senado e a influência dos governadores

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04.03.2022 11:45 0

Análise
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A ideia em um segundo

O MDB continua sendo o maior partido no Senado Federal. Contudo, ele o PP terão o maior número de senadores deixando o mandato ao final da legislatura. Se quiserem manter suas bancadas precisarão de um grande sucesso eleitoral. Na mão contrária encontram-se o PSD e o PT que veem menos filiados perdendo mandatos no Senado em janeiro de 2023. Quanto aos governadores, nove não podem concorrer à reeleição, enquanto 18 estão habilitados. Como regra geral, governadores que concorrem à reeleição conseguem controlar melhor o cenário político em seus estados, o que dá mais previsibilidade às eleições para o governo e para o Senado. Por fim, daqueles governadores que não podem concorrer novamente, sete são do Nordeste, o que aumenta a importância do ex-presidente Lula em outubro, pois é o maior cabo eleitoral junto ao povo nordestino.

 

As próximas eleições poderão vir a mudar fortemente a correlação de forças entre os partidos no Senado (Foto: Roque de Sá/Agência Senado)

 

O Farol traz esta semana uma primeira abordagem sobre as eleições para o Senado Federal, em seguimento à discussão da semana passada sobre a Câmara dos Deputados. Apresentamos ao leitor um panorama da situação dos partidos na Câmara Alta, identificando aqueles com mais em jogo nesta eleição de 2022. Ainda, uma visada nas condições estaduais, em particular se o governador em exercício pode concorrer à reeleição, dá indícios do grau de dificuldade na montagem das chapas estaduais. 

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Os caciques 

No Senado Federal o MDB continua, há décadas, como o partido mais importante. Hoje conta com 16 membros, quase 20% do total. Embora a bancada já tenha sido maior no passado, responsável pelas várias presidências de José Sarney, Renan Calheiros e Eunício Oliveira, ela ainda é grande. A título de comparação, a fragmentação é bem maior na Câmara dos Deputados, onde – antes da criação do União Brasil – os dois maiores partidos contavam cada um com apenas 10% dos membros, PT e PSL.

Seguem-se ao MDB o PSD e o Podemos, ambos também com mais de 10% das cadeiras no Senado. 

A fragmentação, contudo, também chegou ao Senado Federal. Considerados os senadores em atividade com mandato iniciado em 2015, havia 10 partidos representados. Com o ingresso dos eleitos em 2018, passaram a ser 15 partidos presentes no colegiado. Assim, não serão as eleições que diminuirão a fragmentação. 

Por outro lado, com o advento das federações e o aperto da cláusula de barreira, o mínimo que se pode esperar é que a fragmentação não aumente novamente, provavelmente vindo a diminuir, especialmente pela movimentação pós-eleição – migrações de senadores para legendas maiores. 

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A tabela a seguir mostra os desafios de cada partido para manterem suas bancadas em 2023. Embora a maior, o MDB verá seis dos seus 16 senadores terminando o mandato nesta legislatura. Trata-se de uma perda de 37,5%. Neste quesito, entre os partidos com mais de cinco cadeiras, a pior situação é do PP, que verá três de seus sete representantes terminarem mandatos, uma perda de 42,9%. 

Na mão contrária, vale destacar a situação mais confortável de PT e PSD. O primeiro vê o término de mandato de dois senadores num total de 7, 28,6%, e o PSD três em 11, 27,3%. Se o presidente Lula mantiver seu favoritismo, pode-se contar que seu partido e aliados, como o próprio PSD – que vem recebendo abordagens importantes dos petistas – podem beneficiar-se com um aumento de bancadas. 

 

Total 2º/Total
MDB 10 6 16 37,5%
PSD 8 3 11 27,3%
PODEMOS 6 3 9 33,3%
PP 4 3 7 42,9%
PT 5 2 7 28,6%
PL 4 2 6 33,3%
PSDB 4 2 6 33,3%
DEM 2 2 4 50,0%
CIDADANIA 3 0 3 0,0%
PDT 2 1 3 33,3%
PROS 1 2 3 66,7%
PSL 2 0 2 0,0%
PSC 1 0 1 0,0%
REDE 1 0 1 0,0%
REPUBLICANOS 1 0 1 0,0%

 

Os cenários estaduais

 

O MDB já teve caciques mais poderosos. Mas alguns, como Renan Calheiros, ainda dão força ao partido (Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado)

As informações anteriores nos ajudam a entender o grande quadro de forças do Senado Federal, contudo, a eleição se faz ao nível do estado. Aqui, trazemos uma primeira informação importante para a configuração das chapas, a possibilidade de o governador em exercício disputar a eleição. 

O fato do governador poder disputar a eleição dá uma certa estabilidade à sua própria chapa, a ser composta por candidatos a governador, vice-governador e senador. O fato de o governador em exercício disputar a reeleição permite em primeiro lugar resolver desde logo quem será o candidato ao cargo mais importante e dá condições a ele de gerenciar com mais recursos a montagem dos apoios e a indicação dos demais concorrentes.

Quanto à oposição, a possibilidade de o governador concorrer novamente ao cargo permite uma leitura mais clara do cenário. Se o governador segue bem avaliado, disputar contra ele torna-se uma tarefa ingrata e o cargo de senador pode mostrar-se mais atrativo, por estar em aberto. Já um governador mal avaliado ou que não concorre à reeleição, mesmo que indique alguém de seu grupo para fazê-lo, torna menos difícil a vida da oposição. O peso do incumbente, como se vê em eleições no Brasil e mundo afora, é sempre significativo. 

 

UF SENADOR QUE DEIXA O CARGO PARTIDO Governador/Pode Reeleição
AC Mailza Gomes PP SIM
AL Fernando Collor PROS NÃO
AM Omar Aziz PSD SIM
AP Davi Alcolumbre DEM NÃO
BA Otto Alencar PSD NÃO
CE NÃO
DF Reguffe PODEMOS SIM
ES Rose de Freitas MDB SIM
GO Luiz do Carmo MDB SIM
MA Roberto Rocha PSDB NÃO
MG Alexandre Silveira PSD SIM
MS Simone Tebet MDB NÃO
MT Wellington Fagundes PL SIM
PA Paulo Rocha PT SIM
PB Nilda Gondim MDB SIM
PE Fernando Bezerra Coelho MDB NÃO
PI Elmano Férrer PP NÃO
PR Alvaro Dias PODEMOS SIM
RJ Romário PL SIM
RN Jean Paul Prates PT SIM
RO Acir Gurgacz PDT SIM
RR Telmário Mota PROS SIM
RS Lasier Martins PODEMOS SIM
SC Dario Berger MDB SIM
SE Maria do Carmo Alves DEM NÃO
SP José Serra PSDB SIM
TO Katia Abreu PP SIM

 

Como se vê na tabela, nove governadores não podem concorrer à reeleição e 18 estão habilitados a isso. 

Em ambos os grupos podemos destacar alguns casos importantes. Em São Paulo e Rio Grande do Sul, a reeleição é possível, mas João Dória pretende concorrer a presidente e Eduardo Leite tem discurso de longa data em que não seria candidato à reeleição. 

Na Bahia, o fato de o governador Rui Costa estar impossibilitado de concorrer à reeleição lançou os caciques da situação ao destaque: Jacques Wagner, natural candidato ao governo tem dito que não pretende o cargo, Otto Alencar oscila entre a governança e o Senado, e ao fundo Lula e Kassab costuram seus interesses mais amplos passando pela Boa Terra. 

Em Tocantins e no Rio de Janeiro, governadores eleitos em 2018 perderam seus cargos, e, assim, os grandes referenciais para a reeleição foram perdidos. No estado do Norte, a disputa envolveu muita turbulência, passando pelos tribunais, e no do Sudeste o governador Cláudio Castro parece ter um perfil pouco vistoso, de baixa densidade política. 

No Amapá, a impossibilidade da reeleição do governador Waldez Góes pode dar maior ânimo ao ex-presidente do Senado David Alcolumbre (União Brasil) na disputa. 

Por fim, uma coincidência importante mostra que dos nove estados em que não pode haver reeleição sete são do Nordeste: Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Pernambuco, Piauí e Sergipe. Este quadro lança novamente o ex-presidente Lula ao centro das eleições 2022, pois a região é o bastião do lulismo no Brasil, e o peso de Lula pode ser decisivo em muitos casos, tanto para o governo quanto para o Senado. 

 

Termômetro

CHAPA QUENTE GELADEIRA
Novas pesquisas voltaram a apontar para uma aproximação do presidente Jair Bolsonaro para o candidato do PT à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, que lidera a corrida eleitoral. Há uma pequena melhora também nos níveis de avaliação do governo e crença na retomada da economia. Até que ponto esse crescimento percebido agora se sustentará no futuro e aproximará os dois candidatos que lideram, somente os próximos levantamentos poderão dizer. Há, porém, situações que vão precisar ser observadas para que se verifique de fato uma melhora que se reverta em recuperação para Bolsonaro. O recrudescimento da guerra entre a Rússia e a Ucrânia já fez aumentar o preço dos combustíveis e deverá impactar na inflação como um todo. O que pode reverter a expectativa de melhora na economia. Os erros de Bolsonaro no seu posicionamento com relação ao conflito no Leste Europeu podem ajudar a impactar a crise econômica no Brasil, atrapalhando o ambiente de melhora que agora parece agir em seu favor.

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