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Operação da Polícia Federal levou à prisão de autoridades envolvidas nas irregularidades do Ministério do Turismo - Valter Campanato/ABr

Jornais: grampo mostra foragido ensinando a superfaturar

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13.08.2011 07:20 4

Reportagem
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Presos na Operação Voucher: as irregularidades no Ministério do Turismo voltam a ocupar as manchetes dos jornais - Valter Campanato/ABr

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FOLHA DE SÃO PAULO

Grampo mostra foragido ensinando a superfaturar
Conversas telefônicas interceptadas na Operação Voucher da Polícia Federal mostram investigados falando sobre como superfaturar e até falsificar documentos em licitações com o governo. Nas conversas, os suspeitos de integrar o esquema chegam a afirmar que “quando o dinheiro é público não pesa no bolso” e apontam Brasília como um paraíso para obtenção de facilidades: “Mandou para Brasília, ficou fácil”, diz uma investigada.

Na terça, a PF prendeu 36 suspeitos de desviar recursos do Ministério do Turismo em convênios com ONGs -entre servidores e empresários que faziam negócios com a pasta. Em conversa gravada com autorização judicial, em 21 de junho de 2011, o empresário Humberto Silva Gomes diz que no Brasil “o governo paga e quer que você apenas gaste direitinho, ele não quer um retorno”. Ele é sócio da Barbalho Reis, uma das empresas suspeitas de integrar o esquema, e está foragido.

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“Quando é dinheiro público, não pesa no seu bolso. Aí você joga pro alto mesmo, até porque se você não jogar você vai perder logo de cara, porque todo mundo vai jogar. Criou essa ideia aqui: “Ah, é pro governo, joga o valor pra três, tudo vezes três'”, diz Humberto: “Superfaturamento sempre existe”.

Em outro diálogo, de 26 de maio, Sandro Saad, diretor financeiro da ONG Ibrasi, conversa com um empresário sobre um edital da Prefeitura de São Vicente (SP) que nem sequer tinha sido lançado. No áudio, Sandro pergunta se eles vão “falsificar os outros [concorrentes] ou tentar compor o jogo” e diz que “o pessoal lá de dentro” quer que ele pegue a licitação. Em outra escuta, os diretores do Ibrasi, Maria Helena Necchi e Luiz Gustavo Machado, falam sobre como vão adulterar papéis do convênio no Amapá para simular comprovação de despesas que não teriam sido realizadas. Esta era uma exigência para que a ONG recebesse recursos de um segundo convênio com o governo federal.

Advogado do Ibrasi diz que “todas as empresas contratadas são idôneas”
A Folha não conseguiu contato com Humberto Silva Gomes, sócio da empresa Barbalho Reis. Ninguém atende os telefones da empresa, e os e-mails retornam. Ele teve o mandado de prisão expedido na Operação Voucher, mas, segundo a PF, está nos Estados Unidos. A PF irá colocá-lo, a pedido da Justiça, na lista da Interpol.

O advogado do Ibrasi (Instituto Brasileiro de Desenvolvimento de Infraestrutura Sustentável), Daniel Casagrande, diz em nota que “todas as empresas contratadas são idôneas e têm características que atendem aos requisitos legais para o emprego de verbas públicas” e que “acredita que a ampla investigação dos fatos comprovará a licitude de sua atuação”. Sandro Saad, Luiz Gustavo Machado, Maria Helena Necchi e Katiana Necchi são dirigentes do instituto, com sede em São Paulo.

Procuradoria decide denunciar a cúpula da pasta Turismo
O Ministério Público Federal do Amapá decidiu ontem apresentar denúncia contra 18 pessoas presas pela Operação Voucher, da Polícia Federal, incluindo todos os integrantes citados da cúpula do Ministério do Turismo.

As ações deverão ser formalizadas na semana que vem pelo procurador Celso Leal e englobam acusações de crimes de improbidade administrativa, formação de quadrilha e peculato (desvio praticado por servidor). A Polícia Federal concluiu ontem o inquérito do caso, apontando que a cúpula da pasta teve participação no desvio de R$ 3 milhões dos R$ 4,4 milhões liberados pelo Turismo a partir de emenda da deputada federal Fátima Pelaes (PMDB-AP).

Deputada do Amapá suspeita de desvios nasceu em presídio
Responsável pela destinação de milhões de reais para a ONG que desviou recursos do Ministério do Turismo, a deputada Fátima Pelaes (PMDB-AP) é conhecida no Congresso por sua história parecer enredo de filme. A mãe engravidou dela quando estava presa por homicídio, em Macapá (AP). Ela matou o marido depois de descobrir que ele a traía com a sua vizinha.

A futura deputada só saiu do presídio quando tinha cinco anos, graças a um indulto de Natal. Com a ajuda das irmãs mais velhas, formou-se em sociologia. No quinto mandato como deputada federal, Pelaes foi acusada por presos na Operação Voucher de ficar com parte do dinheiro desviado do Turismo, o que ela nega.

Sua história foi revelada em 2010, durante uma reunião da Câmara que discutia a legalização do aborto. Numa fala emocionado no Congresso, ela contou que sua mãe poderia ter optado pelo aborto, mas não o fez. “Ela já tinha cinco filhos, um estava com ela na penitenciária, e ali ela foi abusada. E esta mulher que está aqui hoje nasceu e não sabe quem é seu pai”, relatou.

Ministério foi avisado sobre investigação
O Ministério do Turismo foi avisado, em abril, que o Ibrasi era investigado pela Polícia Federal. Um ofício, redigido a pedido de um delegado, foi enviado ao ministro Pedro Novais pedindo “com urgência” cópia do processo que resultou no convênio entre o Ibrasi e a pasta.

A assessoria de imprensa do Ministério do Turismo afirmou que o pedido foi enviado diretamente para o chefe da Assessoria Especial de Controle Interno, mas não soube informar por que o documento não foi levado ao ministro.

Lula diz que presos não são “bandido qualquer”
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a criticar ontem a ação da Polícia Federal nas prisões da Operação Voucher. Ele disse que alguém com documentos e endereço conhecidos não deveria ser preso como “um bandido qualquer”. “Não é aceitável que uma pessoa que tem endereço fixo, RG e CPF seja presa como se fosse um bandido qualquer e algemada como se estivesse participando de uma exposição pública”, afirmou. Lula fez a ressalva de que a PF é uma instituição respeitável, que não deveria ser condenada por “excessos” de alguns policiais, e disse que todas as suspeitas têm de ser investigadas com rigor.

Cardozo diz que não foi avisado antes de operação
O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, reagiu às alegações de que sabia, com antecedência, da Operação Voucher, da Polícia Federal, que levou à prisão de 36 pessoas na terça-feira. “Eu, como ministro da Justiça, tenho o dever de cumprir a lei. Portanto, eu jamais poderia ser informado da operação previamente, sob pena de configuração de crime”, disse ele à Folha. Sobre as críticas de que ficou calado ao saber da operação, Cardozo foi taxativo: não quebrou e não quebrará o sigilo de operações da PF. “Não esperem de mim outra coisa que não seja o respeito incondicional à lei”, disse.

Dilma diz a ministro que exposição dos presos é inaceitável
O vazamento de fotos que exibem presos da Operação Voucher da Polícia Federal sem camisa na cadeia, no Amapá, irritou a presidente Dilma Rousseff e será alvo de investigação no CNJ (Conselho Nacional de Justiça). Dilma convocou o ministro José Eduardo Cardozo (Justiça) para uma reunião sobre o episódio no Planalto, ontem à noite. Ela considerou o vazamento “inaceitável”, segundo a Presidência.

Após as críticas pelo uso de algemas e as precárias condições do presídio em Macapá (AP) – os advogados afirmaram que precisaram levar até água para os presos e não há janelas nas celas – , o vazamento das fotos abriu uma nova polêmica na operação que desmontou suposto esquema de fraudes no Ministério do Turismo. As imagens foram publicadas na capa de ontem do jornal “A Gazeta”, de Macapá.

Nas fotos, aparecem sem camisa e segurando cartazes com suas próprias identificações integrantes da cúpula do Turismo e dirigentes da ONG Ibrasi (Instituto Brasileiro de Desenvolvimento de Infraestrutura Sustentável), suposta pivô de desvios num convênio com a pasta. A direção do Iapen disse que vai abrir sindicância. Mas argumentou que a PF e a Justiça Federal também tiveram acesso às imagens. Procurado pela Folha, o editor-chefe do jornal, Ângelo Fernandes, disse que, se for procurado, resguardará a fonte que lhe deu as fotos.

Convênio de ONG com Turismo é alvo de suspeitas (entenda o caso)
Deflagrada pela Polícia Federal na terça-feira, a Operação Voucher teve como alvo um convênio firmado pelo Ministério do Turismo com a ONG Ibrasi no valor de R$ 4,4 milhões -dos quais dois terços teriam sido desviados. Trinta e seis pessoas foram presas, entre elas integrantes da cúpula da pasta, como o secretário-executivo, Frederico Costa.

Segundo depoimentos, parte da verba teria sido desviada para a deputada Fátima Pelaes (PMDB-AP), autora de emenda de R$ 4 milhões para o programa. A Folha revelou anteontem que o advogado Tiago Cedraz, filho do ministro do TCU Aroldo Cedraz, é suspeito de envolvimento no caso. A PF diz que o Ibrasi contratou seu escritório para “resguardar-se de possível decisão prejudicial” da corte. Todos negam as acusações.

Petista quer modificar painel de ACM e revolta carlistas
Deputados da Bahia travam uma discussão acalorada depois que um apoiador do governador Jaques Wagner (PT) na Assembleia Legislativa propôs banir um painel que retrata o senador Antonio Carlos Magalhães (1927-2007) e seus aliados. O deputado do PT Paulo Rangel sugeriu que a obra que adorna o plenário da Casa fosse substituída por outra em que também aparecessem políticos que fizeram oposição a ACM, como o petista Waldir Pires, ex-governador da Bahia e ex-ministro da Defesa.

Com 16 metros de altura por 10 metros de largura, o óleo “Nosso Senhor do Bonfim” foi pintado por Carlos Bastos (1925-2004). Concluído em 1993, foi retirado do plenário para ser restaurado. Na época que o painel foi entregue à Assembleia, em 1993, ACM era governador.

O ESTADO DE S. PAULO

Esquema tem cúmplices na Caixa, diz PF
Diálogos telefônicos interceptados pela Polícia Federal, com autorização da Justiça, mostram que a quadrilha que desviava dinheiro do Ministério do Turismo tinha a cumplicidade de funcionários da Caixa Econômica Federal para movimentar recursos e até obter dados protegidos por sigilo. A Caixa informou, em nota, que abriu sindicância interna para apurar a denúncia de envolvimento de dois servidores no esquema desmantelado pela Operação Voucher e pediu acesso aos autos do processo.

No primeiro diálogo, de 1min49s de duração, interceptado no dia 2 de maio, Katiana Necchi, do Instituto Brasileiro de Infraestrutura Sustentável (Ibrasi), pede documentos ao bancário Edmilson para forjar uma prestação de contas. Ele atende ao pedido, mas faz um apelo dramático para que Katiana suprima algumas partes para ele não ser identificado, porque se trata, como diz, de “documento extremamente confidencial”. A PF acredita que houve quebra de sigilo funcional, crime punido com até dois anos de reclusão pelo Código Penal. “É o seguinte: vou te mandar um documento que você tem a obrigação de me tirar aquela parte confidencial, tá?”, diz Edmilson. E emenda: “Isso é extremamente confidencial.”

Katiana é filha de Maria Helena Necchi, sócia de Luiz Gustavo Machado, o diretor executivo do Ibrasi, preso como chefe do esquema. Ela e a mãe teriam atuado juntas na tarefa de forjar documentos, quando descobriram que o Tribunal de Contas da União (TCU) investigava a fraude. Na continuidade da conversa, Edmilson informa não haver comprovante de uma transferência entre o Ibrasi e uma empresa, em virtude de ter ocorrido um depósito e uma retirada em seguida, no mesmo valor, não havendo modo de monitorar o rastro do dinheiro (R$ 193 mil).

Esquema tinha ”contabilidade paralela” para ocultar desvio de verba no Turismo
Uma contabilidade paralela foi montada pelas empresas envolvidas na fraude com recursos do Ministério do Turismo para mascarar o real destino do dinheiro de convênios com o Estado do Amapá e facilitar, segundo as investigações, o trânsito do dinheiro: a conta da deputada Fátima Pelaes (PMDB-AP). Em depoimentos prestados ao Ministério Público e entrevistas ao Estado, acusados de envolvimento no esquema revelaram detalhes da operação e afirmaram que a deputada pode ter recebido mais de R$ 1,5 milhão.

Nessa estratégia de disfarçar o destino do dinheiro desviado, um dos suspeitos revela ter assinado 60 cheques em branco em nome da Conectur, cooperativa fantasma subcontratada pelo Instituto Brasileiro de Desenvolvimento de Infraestrutura Sustentável (Ibrasi), pivô do esquema, que se beneficiava dos recursos do Ministério do Turismo. “Eu cheguei a assinar 60 cheques em branco de uma vez só”, revelou ao Estado David Lorrann Silva Teixeira. “Eu assinava porque era o tesoureiro (da Conectur). Tinha que assinar”, acrescentou. “Ele (Wladimir Furtado, dono da Conectur) me falava uma coisa e o que acontecida por trás era totalmente outra. Nunca imaginei que essa empresa teria essa fraude todinha.”

As operações, incluindo seus detalhes, eram do conhecimento da deputada, conforme revelam conversas telefônicas gravadas pela Polícia Federal com autorização da Justiça. Em uma gravação, Maria Helena Necchi, diretora técnica do Ibrasi, diz que viajaria para Brasília para se reunir com Fátima.

Número dois do Ministério do Turismo deixa a prisão em Macapá
O secretário-executivo do Ministério do Turismo, Frederico Silva da Costa, deixou a prisão em Macapá, capital do Amapá, às 23h55 desta sexta-feira, 12. Ele estava preso desde terça-feira, 9, na penitenciária em decorrência da Operação Voucher, da Polícia Federal. Frederico saiu da cadeia sem dar entrevista. Para ser solto, teve que pagar uma fiança de R$ 109 mil. Antes dele, também deixou a prisão o secretário nacional de Programas e Desenvolvimento do Turismo, Colbert Martins Filho. Em entrevista ao Estado minutos após deixar a prisão, Colbert afirmou que vai provar sua inocência em relação às acusações de envolvimento no esquema de corrupção na Pasta. “Tenho absoluta certeza da minha lisura. Preciso provar minha inocência para minha família e ao país”, disse. Colbert lamentou o vazamento da foto de dentro da penitenciária do Amapá, em que ele aprece sem camisa, segurando a placa de identificação de preso. “Lamento esta situação. O importante é que haja preservação de todos os cidadãos”.

Ex-deputado federal pelo PMDB da Bahia, Colbert é um dos 36 presos na operação Voucher, que desmantelou um esquema de desvio de recursos do Ministério do Turismo. Entre os presos estavam o secretário-executivo da Pasta, Frederico Silva da Costa e o petista Mário Moysés, ex-presidente da Embratur, ligado à senadora Marta Suplicy (PT-SP). Na noite desta sexta-feira, o Tribunal Regional Federal da 1ª Região, sediado em Brasília, mandou soltar, além de Frederico e Colbert, o diretor do Ibrasi, Jorge Fukuda, o sócio da empresa Barbalho Reis Comunicação, Dalmo Tavares de Queiroz, e a servidora do Ministério do Turismo, Gláucia de Fátima Matos.

A Justiça já havia libertado 18 pessoas que tiveram prisão temporária. Os demais, com prisão preventiva, de duração mais longa para facilitar a instrução do inquérito, foram levados para uma carceragem do Sistema Penitenciário de Macapá, distrito de culpa onde corre o inquérito. Lá os suspeitos foram fotografados e tiveram suas imagens divulgadas na imprensa como bandidos comuns, sem camisa e segurando uma cartolina com identificação. Agora restam 14 presos.

Dilma considera ‘inaceitável’ divulgação de fotos de presos do Turismo
A presidente Dilma Rousseff considerou “inaceitável” a divulgação de fotos dos presos na Operação Voucher, realizada pela Polícia Federal, que resultou na prisão de 36 pessoas acusadas de envolvimento em irregularidades no Ministério do Turismo. A informação foi prestada nesta sexta-feira, 12, pelo porta-voz do Planalto, Rodrigo Baena Soares. O Planalto informou ainda que o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, considerou o vazamento das fotos “uma violação do princípio da dignidade do preso”.

O fato causou ainda mais irritação de aliados políticos que já haviam se considerado “expostos” pela Polícia Federal, com permissão para que fossem feitas imagens dos presos, criando mais problemas à presidente, que recebeu inúmeras queixas no Planalto. As reclamações preocupam o governo que já enfrenta graves problemas com a base no Congresso pela demora na liberação de emendas e de nomeações para cargos.

Supremo vai investigar suspeitas contra deputada
O Ministério Público Federal no Amapá encerrou ontem a investigação sobre o esquema de corrupção no Ministério do Turismo. Segundo o procurador da República Celso Leal, os envolvidos serão denunciados nos próximos dias em primeira instância, e a suspeita sobre a participação da deputada Fátima Pelaes (PMDB-AP) será enviada ao Supremo Tribunal Federal (STF).

“A investigação está concluída e os autos agora serão remetidos ao STF para analisar o caso da deputada”, afirmou Leal. Segundo a Procuradoria, 18 pessoas devem ser arroladas. O secretário executivo da pasta, Frederico Costa, deve ser denunciado por improbidade, peculato e formação de quadrilha. Conforme o Estado revelou, o nome da deputada aparece em pelo menos quatro depoimentos como destinatária do dinheiro. Fátima tem foro privilegiado e somente a Procuradoria-Geral da República, em Brasília, tem prerrogativa para investigá-la.

Com o encerramento da investigação na primeira instância, o MPF consegue evitar que todo o inquérito seja enviado ao STF. Apenas as suspeitas envolvendo a deputada ficarão sob os cuidados do procurador-geral da República, Roberto Gurgel, e serão julgadas pelo Supremo. A estratégia do Ministério Público evita que o processo demore além do necessário.

Crise faz Turismo endurecer prestação de contas
A exemplo do que ocorreu no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva com os cartões corporativos, em que providências para conter a farra de gastos só foram tomadas depois de revelado o escândalo, o Ministério do Turismo vem baixando uma portaria atrás da outra para tapar os buracos que permitem fraudes em seus convênios.

Portaria publicada na sexta-feira, 12, no Diário Oficial da União fixou em 30 dias o prazo para a prestação de contas de convênios feitos com a pasta, a partir do término da vigência dos contratos. O ministério está sob investigação da Polícia Federal por irregularidades em convênios celebrados até com empresas de fachadas. Parte da cúpula do Turismo está presa por causa das fraudes.

Na quarta-feira, 10, um dia depois da prisão de 35 pessoas pela PF por causa das suspeitas de irregularidades, o Ministério do Turismo havia anunciado outras providências para tentar coibir fraudes nos convênios, como a suspensão, por 45 dias, de convênios com entidades sem fins lucrativos e de pagamentos por serviços prestados.

DEM põe negro como garoto-propaganda e ataca esquerda
Em uma nova inserção partidária que vai ao ar hoje, o DEM usa o depoimento de um militante negro para criticar a esquerda e tentar aproximar o partido da população pobre. No vídeo, o jovem baiano Bruno Alves diz morar na periferia e afirma: “Alguns políticos pensam que eu tenho que ser de esquerda”. “A esquerda não é dona dos jovens nem da periferia”, afirma Bruno na propaganda de 30 segundos. Ele defende, em seu depoimento, bandeiras tradicionalmente associadas ao governo Lula e partidos de esquerda. Diz ser a favor das cotas “para pobres, independente (sic) da cor” e do Bolsa Família. “Mas as pessoas não podem depender dela (da bolsa) para sempre”, diz. E arremata: “Eu quero mais. Quero saúde, segurança e paz”.

A ideia das propagandas é, segundo o senador José Agripino Maia (RN), presidente nacional do DEM, “fixar uma posição de centro e eliminar da esquerda qualquer ideia de progressismo”. Ele nega, contudo, que o partido esteja usando a raça de Bruno Alves para atacar a esquerda. “São simbologias. A esquerda se coloca como protetora de certos conceitos”, afirma. “Mas (o vídeo) não está atacando a esquerda. Está fazendo uma constatação. Aquele rapaz teve uma ação. Ele é um ativista do partido que por acaso é da cor negra.”

Agripino admite, entretanto, que o objetivo das inserções é retirar do DEM a pecha de direitista e elitista. “O DEM não é um partido de elite e esta é a linha que foi adotada nos programas, (Os vídeos) conceituam o partido e mostram sua atuação na oposição.”

Haddad diz que ‘Lula acha que o PT precisa passar por uma renovação’
O ministro da Educação, Fernando Haddad, disse neta sexta-feira, 12, que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva acredita que o PT precisa passar por um processo de renovação. Haddad, que é um dos pré-candidatos do partido à Prefeitura de São Paulo e tem o apoio de Lula, afirmou que o ex-presidente acha que o PT precisa se aproximar de camadas da sociedade que se afastaram do partido e alargar seus horizontes, mas evitou dizer que é o candidato preferido do ex-presidente. O PT tem outros aspirantes à disputa, entre eles a ex-prefeita e senadora Marta Suplicy.

“O melhor é perguntar ao presidente Lula. Eu conversei com ele já sobre São Paulo. Ele tem as ideias dele, algumas que são públicas, outras ele está conversando com seus companheiros”, afirmou, ao participar da Feira do Livro em São Bernardo do Campo, acompanhado de Lula e do prefeito de São Bernardo do Campo, Luiz Marinho.

“O presidente Lula acha que o PT precisa passar por uma renovação, alargar seus horizontes, o diálogo com outras camadas da sociedade que se afastaram um pouco do nosso ideário, e assim como qualquer militante do partido, ele tem o direito de expressar sua opinião.” Lula atrasou e foi muito assediado na sua chegada à feira. Enquanto aguardavam o discurso do ex-presidente, crianças presentes no local entoaram um coro de “Lula, cadê você? Vim aqui só pra te ver”.

O GLOBO

Governo deixará servidores sem aumento real de salário
O ajuste fiscal prometido pelo governo para enfrentar a crise mundial vai passar também pelo salário dos servidores. Dirigentes das principais estatais – Correios, Banco do Brasil (BB), Caixa Econômica Federal, Infraero e Petrobras – já foram orientados a negar reajuste salarial com ganhos acima da inflação aos seus empregados, tanto em 2011 quanto em 2012. Nas campanhas salariais, a proposta será apenas a reposição da inflação pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC).

Os funcionários públicos também não terão aumento. Mas os investimentos do Programa Nacional de Aceleração (PAC) serão mantidos e o objetivo do Executivo é acelerar as obras para garantir os empregos. Segundo fontes da equipe econômica, apesar da calmaria nos mercados, há ainda muita apreensão sobre os desdobramentos da crise e eventuais impactos para o Brasil.

Apesar da pressão dos sindicatos das categorias por aumentos reais significativos, já que o INPC nos últimos 12 meses até julho já acumulava alta de 6,87%, técnicos da equipe econômica afirmam que o governo vai “comprar a briga”, mesmo sabendo que poderá haver custos com eventuais paralisações. O argumento é que essas categorias foram contempladas durante os oito anos da gestão do presidente Lula com reajustes salariais e melhorias na carreira. A última parcela do reajuste oferecido por Lula será paga em 2012 e tem custo estimado em R$ 20,6 bilhões.

A vigília constante das autoridades ameaçadas de morte
Uma vigília constante. Assim a juíza criminal aposentada e ex-deputada federal Denise Frossard define o cotidiano de quem combateu o crime organizado ou vive em seu encalço. O assassinato da juíza Patrícia Acioli trouxe à tona como autoridades sobrevivem sob ameaças. Denise ganhou notoriedade internacional quando condenou 14 chefões do jogo do bicho em 1993. Dezoito anos depois, essa mineira de Carangola mantém hábitos dos tempos em que vivia 24 horas sob escolta de oito homens armados até os dentes: evita percorrer os mesmos trajetos e não se senta de costas para janelas.

– Se consigo dormir? Consigo, sim. Mas é uma vigília constante. A gente aprende hábitos e nunca mais os abandona. Só me sento de costas, para parede de alvenaria; o carro que dirijo tem bom torque; vou para a academia de ginástica em horários diferentes. Por mais cruel que possa parecer, quando se está ameaçado, a nossa própria casa é o lugar mais inseguro. E o crime não esquece. Apesar de viver sob estresse, a ex-juíza diz que “a adrenalina” faz parte do trabalho.

‘Meus ativos são à prova de idiotas’ (trecho de entrevista com Eike Batista)
Com as fortes quedas no valor de suas ações, as empresas do grupo EBX acumulam perdas de cerca de R$ 32 bilhões desde o início do ano. [Ontem], elas valiam, juntas, R$ 58 bilhões, segundo dados da Economática. Como tem entre 60% e 75% das companhias, o empresário Eike Batista, que controla o grupo, viu evaporar menos R$ 19 bilhões de sua fortuna em 2011, dos quais R$ 5,2 bilhões apenas este mês. Mas Eike diz não ter perdido o sono e que está rindo da crise. Ele garante que manterá os investimentos de US$ 15 bilhões até 2012 e estima que seu império vai gerar caixa de US$ 15 bilhões até 2015.

Hoje, como a maior parte das companhias é pré-operacional, a geração de caixa não chega a US$ 1 bilhão. Eike diz que seu principal trunfo é o baixo custo de produção das empresas. “Os meus ativos são à prova de idiotas”, diz o empresário. Ele aposta que sua EBX, focada em petróleo, energia, minério de ferro, construção naval e logística, será a “Apple do Brasil”.

Só neste mês, o senhor perdeu cerca de R$ 5 bilhões com a desvalorização das ações que detém do grupo EBX. Isso não tira seu sono?
Não. Como minhas companhias produzem matéria-prima e (constroem) infraestrutura a baixíssimo custo, minhas margens são muito altas. Elas vão gerar maciços dividendos. Então, por que eu não vendo (as ações)? Estimamos que as empresas do grupo vão gerar US$ 1 bilhão de caixa em 2012. No ano seguinte, serão US$ 2,5 bilhões. Em 2014, vamos para US$ 7,5 bilhões e, em 2015, para US$ 15 bilhões. Tenho entre 60% e 75% das empresas, você pode fazer seu cálculo. Muita gente prefere colocar dinheiro na poupança para ter um retorno de 6%. As minhas companhias são uma espécie de poupança, mas com retorno gigante. Um negócio desse você não vende.

Mas suas empresas trabalham com ‘commodities’, que estão sujeitas a oscilações internacionais…
O Brasil está numa posição muito, muito especial. Eu vou produzir petróleo a US$ 18 (o barril). Pergunta se eu estou preocupado se ele está caindo de US$ 100 para US$ 90. Se cair para US$ 80, tudo bem, who cares (quem se importa, em inglês)? Meu custo de produção de minério de ferro é de US$ 29. O minério chegou a mais de US$ 170 em meio à crise, subiu de preço. Meus ativos são à prova de idiotas porque são muito ricos.

Crise derruba valor dos bancos brasileiros
A recente turbulência dos mercados globais já custou aos bancos brasileiros R$ 32,6 bilhões em valor de mercado na bolsa de valores. Isso significa uma queda de 8,4% em apenas 11 dias (do início do mês até a quinta-feira), revela um estudo da consultoria Economática feito a pedido do Estado. O movimento amplificou uma tendência que vinha desde o início do ano, apesar dos bancos brasileiros estarem mais saudáveis que as instituições financeiras no exterior. Em relação a 31 de dezembro de 2010, a perda de valor de mercado do setor bancário brasileiro em bolsa chega a R$ 118,7 bilhões.

A crise está castigando as ações dos bancos mundo afora. Esses papéis se transformaram em ativos de risco, depois que se constatou a exposição dos bancos europeus a países altamente endividados e após ficar claro que os problemas dos bancos americanos não foram sanados. “Quando se cria um ambiente de aversão ao risco, investidores institucionais reduzem sua exposição ao setor bancário de forma geral, sem considerar que a situação no Brasil é mais confortável”, diz Luciana Leocádio, analista-chefe da Ativa Corretora.

O mau humor dos investidores com os bancos brasileiros, no entanto, é persistente. Segundo João Augusto Salles, economista da consultoria Lopes Filho, os investidores estão punindo essas ações desde a adoção das medidas do Banco Central para conter o crédito.

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