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Imagens mostram o que sobrou dos veículos após acidente. Em cima, Carli Filho, abaixo, as vítimas Carlos Murilo e Gilmar Rafael Yared

Quase dez anos após acidente que matou duas pessoas, ex-deputado é condenado a 9 anos de prisão

28.02.2018 20:03 0

Reportagem Em
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[fotografo]Reprodução[/fotografo]

Imagens mostram o que sobrou dos veículos após acidente. Em cima, Carli Filho, abaixo, as vítimas Carlos Murilo e Gilmar Rafael Yared

 

Quase uma década após provocar o acidente de carro que matou os jovens Gilmar Rafael de Souza Yared, de 26 anos, e Carlos Murilo de Almeida, de 20, o ex-deputado estadual do Paraná Luiz Fernando Ribas Carli Filho foi condenado em júri popular a 9 anos e 4 meses de prisão, por duplo homicídio com dolo eventual. O julgamento foi realizado nesta terça (27) e quarta-feira (28), na 2ª Vara Privativa do Tribunal do Júri, em Curitiba. Mas, apesar da condenação, Carli Filho não será preso imediatamente e deve recorrer da decisão em liberdade.

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Na madrugada do dia 7 de maio de 2009, o Passat dirigido por Carli Filho voou pela avenida Monsenhor Ivo Zanlorenzi, na capital paranaense, e bateu no Honda Fit em que estavam os dois jovens. Ambos morreram na hora. Já o ex-deputado, que na época tinha 26 anos e estava em seu primeiro mandato na Assembleia Legislativa do estado, teve que passar por uma cirurgia de 14 horas no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, para reconstituir os ossos do crânio e da face.

Segundo laudos periciais, ele dirigia a 163 quilômetros por hora, e apresentava um teor alcóolico quatro vezes maior do que o tolerado. Carli Filho também acumulava 130 pontos na carteira e 30 multas, sendo que 23 delas eram por excesso de velocidade.

‘O carrasco da guilhotina’

Durante o julgamento, o promotor Marcelo Balzer ressaltou que o ex-deputado estadual assumiu o dolo eventual, já que dirigia embriagado, em alta velocidade, falando ao celular e com a carteira de motorista cassada. Segundo ele, Carli Filho também não teria dado ouvidos às advertências de pessoas que estiveram com ele naquele dia, para que ele não dirigisse naquelas condições.

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“Ele era o carrasco da corda da guilhotina”, disse o promotor.

Já a defesa de Carli Filho apresentou argumentos para que o caso fosse tratado como imprudência, desqualificando o dolo eventual. “Ele tem que ser condenado, mas não por homicídio doloso”, afirmou o advogado Alessandro Silvério. “Eu errei e peço para pagar pelo meu erro, é isso que a defesa está pedindo. Muito mais que martírio, a cruz de Cristo quer dizer piedade”, alegou.

Durante os 9 anos em que o caso se arrasta na Justiça, a defesa de Carli Filho já apresentou mais de 30 recursos no Tribunal de Justiça do Paraná, no Superior Tribunal de Justiça (STJ) e no Supremo Tribunal Federal (STF). Todos foram negados, mas o julgamento acabou adiado por diversas vezes.

Desculpas tardias

Em 2016, 7 anos depois do desastre, o ex-deputado Carli Filho falou pela primeira vez sobre o caso. Em vídeo publicado na internet, pediu desculpas às famílias das vítimas e admitiu ter bebido antes de dirigir, dizendo que se manteve em silêncio por medo e insegurança. “Não consegui lidar com a repercussão do caso”, disse. “Como pedir desculpas para famílias que nunca mais verão seus filhos? Agora estou pronto para encontrar essas famílias e pedir perdão”, acrescentou.

A mãe de uma das vítimas do acidente, a deputada estadual Christiane Souza Yared, afirmou ao Congresso em Foco que as desculpas foram tardias. “Ele está um pouco atrasado para o enterro do meu filho”, respondeu.

Após a morte do filho, ela criou uma organização não-governamental de educação para a paz no trânsito. A ONG também presta apoio a famílias que perderam entes queridos em acidentes. A atuação no setor rendeu a ela 200 mil votos em 2014, sendo eleita como a deputada de maior votação na bancada do Paraná.

 

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