Publicidade

leg

Senadores vão discutir medidas para enfrentar a crise

17.08.2016 15:43 0

Reportagem
Publicidade

[fotografo]Edgar Marra[/fotografo]

Documento foi entregue aos senadores Tasso Jereissati e Ana Amélia

Representantes de entidades de classe e de organizações da sociedade civil entregaram nesta quarta-feira (17) um documento com sugestões de saídas para as crises econômica e política e de combate à corrupção aos senadores Tasso Jereissati (PSDB-CE) e Ana Amélia (PP-RS). O tucano disse que levará as propostas para serem discutidas na reunião de bancada do partido, na semana que vem. “Eu acho que é do interesse de todos que têm a consciência de que o Brasil precisa mudar”, disse o senador. “O sistema político precisa mudar, o combate à corrupção precisa ser muito mais eficiente e efetivo e fica aqui o nosso compromisso de dar uma repercussão a isso dentro das nossas possibilidades aqui no Senado”, acrescentou.

As propostas apresentadas são resultado do Diálogos Congresso em Foco, evento realizado no dia 14 de julho em Brasília, que reuniu 81 participantes e contou com a presença de parlamentares e pesquisadores dos diversos temas tratados (veja quem participou).

“Nesse documento há uma defesa muito forte da valorização do serviço público, uma defesa muito forte da transparência na administração pública como também há uma defesa muito forte de uma mudança no sistema político que permita se chegar a uma representação melhor da população brasileira no que diz respeito à participação das mulheres, dos negros, dos índios, da população LGBT, etc. É um documento que nós gostaríamos muito que merecesse a atenção dos senhores e de outros senadores”, disse o jornalista Sylvio Costa, fundador do Congresso em Foco.

Ana Amélia, que participou no “Diálogos” da mesa que discutiu saídas para enfrentar a corrupção, classificou como positivo o envolvimento de diversos setores na busca de novos caminhos para o país. “Foi muito interessante, um alto nível de debates. Fiquei impressionada”, afirmou a senadora, ao destacar a diversidades de setores presentes no evento. “Todo mundo com o mesmo foco: o Brasil tem que mudar”, concluiu.

Publicidade

[fotografo]Edgar Marra[/fotografo]

Senadores se comprometeram a analisar as propostas contra a crise

Entre as propostas que serão examinadas pelos senadores estão: a defesa de uma reforma tributária que onere menos o consumo e mais a renda; o fim do sigilo dos processos criminais envolvendo políticos; a regulamentação do lobby; a profissionalização da gestão pública; a redução dos cargos comissionados; e a introdução, nos currículos escolares, de conteúdos voltados para a formação política dos cidadãos.

 

 

 

Publicidade
Publicidade

Na última quinta-feira (11) as propostas foram entregues ao ministro da Transparência, Fiscalização e Controle, Torquato Jardim. “Este é um encontro da sociedade com o Estado. Não é uma pauta corporativa, mas de interesse da coletividade”, disse o ministro após ouvir dos participantes um resumo das principais medidas reunidas no documento.

As propostas também chegaram ao presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que recebeu o documento de representantes da sociedade civil no último dia 27. Na ocasião, Maia se comprometeu a analisar as medidas e defendeu a maior participação da sociedade civil no Parlamento. “É um documento importante, com muitas coisas positivas. Mas todos vão ter de ceder um pouco. As contas públicas estão destruídas. Muitos temas são polêmicos e difíceis. A gente tem de dar sinalização para a sociedade que o país pode sair dessa situação. Estamos abertos ao Diálogos. Temos uma agenda dura, e o tempo é curto. Quero agradecer a vocês por terem trazido as propostas. Isso é uma demonstração de confiança. Espero retribuir à sociedade, com simplicidade e humildade, votando os projetos importantes para o país”, afirmou o presidente da Câmara, cujo mandato se encerra no início do próximo ano.

Participação popular

No encontro do dia 14, o fórum reunido no Windsor Plaza Hotel, em Brasília, cumpriu o seu objetivo de produzir um documento apontando caminhos convergentes para a saída da crise. Mas o debate sobre o assunto continua em aberto. Você, leitora ou leitor, está convidadíssim@ a participar!

Se quiser, pode escrever um texto para publicação neste site. Envie para [email protected]. Também criamos um grupo de discussão no Facebook, que continua aberto a contribuições. Conforme o documento final, “não há receita pronta para a superação do atual momento, mas urge que ela seja pautada e discutida à exaustão, dentro e fora dos muros palacianos e das casas legislativas”. O texto completa: “Afinal, se o problema é de todos, os debates e as soluções também devem ser”.

Além de contar com a adesão de grande número de entidades, o projeto é uma iniciativa conjunta do Congresso em Foco com as seguintes organizações: AMB, Ambev, Anabb, Anape (Associação Nacional dos Procuradores dos Estados e do Distrito Federal), Anfip, Anffa Sindical, APCF, Febrafite (Federação Brasileira das Associações dos Fiscais de Tributos Estaduais), Sindgestor (Sindicato dos Gestores Governamentais de Goiás) e Sinprofaz (Sindicato Nacional dos Procuradores da Fazenda Nacional).

Leia a íntegra do documento entregue aos senadores:

“A crise política, econômica e de representação apanhou a sociedade brasileira de maneira tão rápida quanto profunda. A dimensão da instabilidade dá sinais de que o caos seja mais estrutural do que momentâneo, motivado por um acúmulo de erros do passado e pela persistência de vícios do presente.

Não há receita pronta para a superação do atual momento, mas urge que ela seja pautada e discutida à exaustão, dentro e fora dos muros palacianos e das casas legislativas. Afinal, se o problema é de todos, os debates e as soluções também devem ser.

Essa foi a marca do Diálogos realizado em Brasília em 14 de julho de 2016, no Windsor Plaza Hotel. Um fórum qualificado e plural, que reuniu parlamentares, especialistas e representantes da sociedade civil, movidos pela construção de propostas para desatar alguns dos principais nós que emperram um novo e sustentável ciclo de crescimento.

No campo econômico, ideias para o combate ao persistente desemprego e caminhos para a realização das grandes reformas, como a tributária e a da previdência. Na política, a adoção de mecanismos que aprimorem o sistema representativo e que aproximem população e Estado. No combate à corrupção, um pedido por profissionalização e fortalecimento dos órgãos de controle interno e das funções essenciais à Justiça.

O presente documento final reúne as propostas construídas e aprimoradas ao longo do evento, resultado de um amplo (e por vezes acalorado) processo de construção coletiva. Nas páginas a seguir, estão algumas das contribuições que esperamos ver chegar aos microfones da Câmara e Senado, subsidiando inovações para um novo momento de cidadania e participação.

PROPOSTAS PARA COMBATER A CORRUPÇÃO

1. Promover a institucionalização, profissionalização e fortalecimento dos órgãos de controle interno e das funções essenciais à Justiça

2. Radicalizar a transparência nas empresas estatais, nos provedores de serviço público e na receita orçamentária

3. Incluir, no rol mínimo de requisitos para contratação com o serviço público, a identificação de sócios e participações, além de mecanismos de compliance

4. Regulamentar as relações institucionais (lobby/advocacy) considerando as diretrizes de ética, transparência e acesso

5. Promover a democratização e o aperfeiçoamento de critérios para escolha de dirigentes dos órgãos dos sistemas de Justiça

6. Restringir a aplicação do foro especial aos crimes decorrentes do exercício da função pública

7. Aumentar a efetividade das sanções quando do descumprimento da Lei de Acesso à Informação

8. Criar uma política nacional de recursos humanos para o setor público, referenciando carreiras e respeitando o teto constitucional

9. Atualizar a Lei de Licitações e aumentar a transparência nos contratos

10. Ampliar a aplicação da Lei da Ficha Limpa para dirigentes de partidos políticos

PROPOSTAS PARA SUPERAR A CRISE ECONÔMICA

1. Reforma tributária

Fazer uma reforma tributária, com a substituição do ICMS pelo IVA nacional, com o objetivo de deslocar a carga tributária do consumo para a renda. Impor maior progressividade no sistema tributário brasileiro. Rever as isenções fiscais, com diminuição da carga tributária nos produtos de consumo de massa e redução da informalidade no pagamento de imposto.

2. Previdência Social

Aprofundar o debate sobre a reforma da Previdência Social, de maneira a garantir a sustentabilidade do sistema de seguridade social no longo prazo e aumentar a sua eficiência gerencial e transparência

3. Combate ao desemprego

Resgatar a credibilidade e a confiança para estimular os investimentos públicos e privados. Estimular as pequenas e microempresas e a área de infraestrutura, assim como as obras de pequeno porte, no âmbito dos estados e municípios. Rever, nesse contexto, as regras de relacionamento da área pública com as empresas privadas.

4. Desenvolvimento Sustentável

Perseguir o desenvolvimento sustentável, refundando os objetivos da política econômica de forma a não priorizar apenas o crescimento do PIB. A estratégia deve ser baseada nos objetivos definidos pela ONU na COP 21, privilegiando a economia de baixo carbono, com maior distribuição de renda e redução das desigualdades. Incentivar o uso racional da água e a ampliação da geração de energia por fontes renováveis.

5. Dívida pública

Realizar auditoria na dívida pública para aprofundar a análise dos fatores que levaram à sua evolução acentuada em relação ao PIB. Aprimorar os mecanismos de transparência, profissionalização e fortalecimento dos sistemas de controle da gestão pública. Repudiar a securitização da dívida ativa.

6. Visão de longo prazo

Focar as decisões estratégicas que afetam a economia no planejamento de longo prazo, rompendo assim com uma visão imediatista que tem sido predominante e trazido consequências negativas para o país.

PROPOSTAS PARA SUPERAR A CRISE POLÍTICA

1. Incluir nos currículos escolares conteúdos pedagógicos voltados para a formação política cidadã e a compreensão do funcionamento do sistema político e fiscal.

2. Aperfeiçoar a Lei da Ficha Limpa, especialmente na perspectiva do julgamento de contas – apreciadas e votadas por órgãos técnicos, como tribunais de contas, que devem ter menor participação de indicações políticas. Ampliação da aplicação da ficha limpa para dirigentes de partidos políticos.

3. Maior agilidade no julgamento de ações eleitorais pelas diferentes instâncias da Justiça Eleitoral.

4. Elaborar um projeto de reforma política que contemple os seguintes pontos:

– aproximar o cidadão da sua representação política e aprimorar os instrumentos de controle e participação política;

– baratear o funcionamento do sistema político e eleitoral e aprimorar os mecanismos de transparência visando obstruir a formação de relações incestuosas entre os espaços público e privado;

– fortalecer o sistema partidário e aumentar sua eficácia como ferramenta de construção de consensos progressivos que patrocinem o desenvolvimento social e econômico do país;

– perseguir mecanismos para a ampliação da presença na política de grupos subrepresentados, tais como mulheres, negros, povos indígenas, pessoas com deficiência e a população LGBT.

5. Promover a democratização dos meios de comunicação.

6. Buscar mecanismos de efetivação dos espaços de participação da sociedade civil na construção de políticas públicas, fortalecendo o papel das entidades de controle social nas instâncias de Estado.

7. Enfatizar a melhoria da gestão pública com foco nas funções essenciais e clássicas do Estado, considerando:

– a valorização da carreira pública;

– a preservação e o fortalecimento das atividades e dos mecanismos de fiscalização e controle; e

– a ampliação dos mecanismos de transparência e de clareza de dados e informações relativos à administração pública.

8. Reduzir os cargos em comissão no serviço público.

9. Acabar com o sigilo dos processos criminais envolvendo políticos.

Mais sobre Diálogos Congresso em Foco

Veja as fotos do evento

Mais sobre crise brasileira

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Se você chegou até aqui, uma pergunta: qual o único veículo brasileiro voltado exclusivamente para cobertura do Parlamento? Isso mesmo, é o Congresso em Foco. Estamos há 17 anos em Brasília de olho no centro do poder. Nosso jornalismo é único, comprometido e independente. Porque o Congresso em Foco é sempre o primeiro a saber. Precisamos muito do seu apoio para continuarmos firmes nessa missão, entregando a você e a todos um jornalismo de qualidade, comprometido com a sociedade e gratuito. Mantenha o Congresso em Foco na frente.

Seja Membro do Congresso em Foco

Apoie