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Moro vai deixar a Lava Jato e o cargo de juiz depois de 22 anos de magistratura[fotografo]ABr[/fotografo]

Moro será superministro da Justiça e promete “agenda anticorrupção”, mas não escapa de críticas

01.11.2018 11:23 13

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Quatro dias após sua eleição, o presidente eleito Jair Bolsonaro conseguiu emplacar sua primeira grande vitória. O juiz federal Sérgio Moro, que conduz a Operação Lava Jato em primeira instância, será o seu ministro da Justiça e Segurança Pública. Por causa de suas ações à frente da maior operação policial da história do país, Moro virou referência mundial no combate à corrupção e ídolo popular no Brasil, a despeito das críticas que recebe de petistas e juristas.

Moro se reuniu com Bolsonaro, por cerca de 1h30 nesta manhã, na casa do presidente eleito na Barra da Tijuca, no Rio, onde aceitou o convite para ocupar o cargo. Logo após o encontro, o magistrado divulgou uma nota explicando por que decidiu abandonar a magistratura após 22 anos para assumir o ministério em Brasília.

Veja a íntegra do comunicado:

“Fui convidado pelo Sr. Presidente eleito para ser nomeado ministro da Justiça e da Segurança Pública na próxima gestão. Após reunião pessoal na qual foram discutidas políticas para a pasta, aceitei o honrado convite. Fiz com certo pesar pois terei que abandonar 22 anos de magistratura. No entanto, a perspectiva de implementar uma forte agenda anticorrupção e anticrime organizado, com respeito à Constituição, a lei e aos direitos, levaram-me a tomar esta decisão.

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Na prática, significa consolidar os avanços contra o crime e a corrupção dos últimos anos e afastar riscos de retrocessos por um bem maior. A Operação Lava Jato seguirá em Curitiba com os valorosos juízes locais. De todo modo, para evitar controvérsias desnecessárias, devo desde logo afastar-me de novas audiências. Na próxima semana, concederei entrevista coletiva com maiores detalhes. Curitiba, 01 de novembro de 2018. Sergio Fernando Moro.”

Logo após a divulgação do comunicado, Bolsonaro confirmou o nome de seu quinto ministro nas redes sociais. “Sua agenda anti-corrupção, anti-crime organizado, bem como respeito à Constituição e a às leis será o nosso norte!”, escreveu no Twitter. O economista Paulo Guedes (Economia), o deputado Onyx Lorenzoni (Casa Civil), o astronauta Marcos Pontes (Ciência e Tecnologia) e o general Augusto Heleno (Defesa) são os outros ministros já anunciados. O convite ao juiz, segundo o vice-presidente eleito, general Hamilton Mourão, foi feito ainda durante a campanha eleitoral por meio de Guedes.

“Sua agenda anti-corrupção, anti-crime organizado, bem como respeito à Constituição e a às leis será o nosso norte!”, escreveu o presidente eleito no Twitter.

Dupla vitória

A confirmação de Moro como ministro da Justiça e Segurança Pública representa uma grande vitória para o presidente eleito. Por um lado, atrai para o seu governo um magistrado que virou ícone, ressalvadas as polêmicas, no combate à corrupção – principal bandeira da campanha de Bolsonaro. O presidente eleito já abriu a possibilidade de o magistrado assumir vaga no Supremo Tribunal Federal, mas ele é encarado também como opção para a eleição presidencial de 2022, uma vez que Bolsonaro antecipou que não pretende disputar a reeleição.

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Por outro lado, a saída de Moro da Lava Jato causa alívio a empresas, políticos e outros agentes públicos investigados na megaoperação, que deve perder força ao menos na primeira instância. A maior parte das ações já julgadas por ele segue no Tribunal Regional Federal da 4ª Região. Mas há casos que estão e outros que poderiam chegar às suas mãos em breve. Hoje, por exemplo, parlamentares que não conseguiram a reeleição estão sujeitos a ter seus processos enviados para a capital paranaense assim que terminarem seus mandatos em decorrência da perda do foro privilegiado.

O esvaziamento da Lava Jato na primeira instância foi um objetivo perseguido sem sucesso, nos últimos quatro anos, por políticos que queriam “estancar a sangria”, a exemplo do senador Romero Jucá (MDB-RR) e outras lideranças dos últimos dois governos (Dilma e Michel Temer).

Questionamentos

Ao aceitar o convite, porém, Moro dá munição aos críticos de sua atuação. Ele será lembrado como o juiz que mandou o ex-presidente Lula para a cadeia, o tirou da eleição, divulgou a delação de Antonio Palocci durante a campanha presidencial e, por fim, passou a integrar o governo do candidato mais beneficiado com suas decisões. Esse ponto é explorado não apenas por petistas e aliados, mas também já pela imprensa estrangeira, como destacou nesta quinta-feira o jornal britânico The Times ao anunciar o seu ingresso no futuro governo.

A migração de Moro para o governo Bolsonaro intensificará o discurso do PT contra as decisões do juiz que levaram à prisão do ex-presidente Lula. O partido sempre alegou que o magistrado persegue, com propósitos políticos, o ex-presidente. A defesa vai pedir a suspeição dele. Moro comentou sobre essa possibilidade durante a viagem de Curitiba para Brasília. Disse que tudo será resolvido na Justiça.

Um dos elementos que reforçaram a munição de petistas e demais opositores de Moro foi produzido pelo próprio juiz. Em 5 novembro de 2016, quando o país já estava no terceiro mês após o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), o jornal O Estado de S. Paulo veiculou a seguinte manchete: “‘Jamais entraria para a política’, diz Sérgio Moro”. Era um domingo, dia 6 daquele mês (publicada também no site, na véspera), dia tradicional para a leitura mais demorada de jornais impressos.

Mudança de juiz

O juiz tinha audiência marcada para interrogar o ex-presidente Lula no próximo dia 14 no processo do sítio de Atibaia (SP), no qual o presidente é acusado de ter recebido propina da Odebrecht, da OAS e do pecuarista José Carlos Bumlai em forma de obras no imóvel. Também está previsto para as próximas semanas o julgamento da ação penal em que o ex-presidente é acusado de ter recebido um imóvel para o Instituto Lula como propina da Odebrecht. Os casos, porém, ficarão a cargo de outro magistrado.

Depois do convite ao juiz, antes mesmo de ele aceitar o cargo, os advogados de defesa do ex-presidente ingressaram ontem, em Curitiba. com um pedido de nulidade do processo relativo ao Instituto Lula movido pelo Ministério Público Federal por prática de lawfare (uso das leis e dos procedimentos jurídicos para fins de perseguição política) agravada pela “conexão política” entre o juiz e Jair Bolsonaro.

“É o lawfare na sua essência, uma vez que Lula sofre uma intensa perseguição política por meio do abuso e do mau uso das leis e dos procedimentos jurídicos”, diz trecho de nota assinada pelo advogado Cristiano Zanin Martins (leia íntegra abaixo).

Moro embarcou por volta das 6h30 de Curitiba portando um livro sobre medidas contra a corrupção. Em entrevista a duas repórteres da GloboNews e da TV Globo que estavam no mesmo avião, Moro disse que o país precisa de uma política nacional anticorrupção.

“O país precisa de uma agenda anticorrupção e uma agenda anticrime organizado. Se houver a possibilidade de uma implantação dessa agenda, convergência de ideias, como isso vai ser feito…”, disse. O juiz não detalhou quais seriam os principais pontos dessa agenda.

Superpoderes

Moro deverá ser o ministro da Justiça mais poderoso da história recente do país. O superministério oferecido ao paranaense contempla as estruturas da Justiça, da Segurança Pública, da Transparência e Controladoria-Geral da União e do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). Este último, importante instrumento no combate à lavagem de dinheiro, integra hoje o Ministério da Fazenda.

Ao chamar Moro, Bolsonaro pretende reforçar o discurso de combate à corrupção que o ajudou a se eleger. O presidente eleito quer dar carta branca para o juiz atuar no enfrentamento do crime organizado e da lavagem de dinheiro. Se for confirmado no ministério, Moro terá poder para inibir o tráfico de drogas e armas nas fronteiras e sobre a Polícia Federal, hoje no Ministério da Segurança Pública.

No governo, o juiz terá força para articular politicamente com o Congresso a aprovação do pacote de 70 propostas de combate à corrupção produzido pela Fundação Getúlio Vargas e a Transparência Internacional.

Na última segunda-feira (29), em entrevista a TVs, o presidente eleito disse que convidaria o juiz para ser seu ministro da Justiça e estendeu o convite para que ele venha a ocupar uma cadeira no Supremo Tribunal Federal assim que surgir uma vaga. Um dia após a oferta, Moro afirmou que, se o convite fosse oficializado, seria “objeto de ponderada discussão e reflexão”.

Nota da defesa de Lula:

A formalização do ingresso do juiz Sérgio Moro na política e a revelação de conversas por ele mantidas durante a campanha presidencial com a cúpula da campanha do Presidente eleito provam definitivamente o que sempre afirmamos em recursos apresentados aos tribunais brasileiros e também ao Comitê de Direitos Humanos da ONU: Lula foi processado, condenado e encarcerado sem que tenha cometido crime, com o claro objetivo de interditá-lo politicamente.

É o lawfare na sua essência, uma vez que Lula sofre uma intensa perseguição política por meio do abuso e do mau uso das leis e dos procedimentos jurídicos.

A Defesa tomará as medidas cabíveis no plano nacional e internacional para reforçar o direito de Lula a um julgamento justo, imparcial e independente.

Cristiano Zanin Martins

 

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13 respostas para “Moro será superministro da Justiça e promete “agenda anticorrupção”, mas não escapa de críticas”

  1. Way_down_from_Texas disse:

    O CORRUPTO DO MORO INVESTIGANDO ELE MESMO? KKKKKKKKKKKKKKK
    ME FALA OUTRA!!!

  2. Way_down_from_Texas disse:

    “De acordo com o Estadão, os R$ 4,7 bilhões que terá a disposição dizem respeito somente a gastos discricionários, ou seja, despesas de custeio e investimento que poderão ser livremente administradas pelo chefe da pasta” AGORA MINHA PERGUNTA E ESSA, SE O BOSTANARO VAI DIMINUIR OS MINISTÉRIOS MAS AUMENTAR OS QUE VAO FICAR, ONDE ESTÁ A POUPANÇA DE DINHEIRO PARA NÃO DESGASTAR TANTO DINHEIRO?
    NAO VAI TER ECONOMIA ALGUMA?
    SABIA MESMO O DESGOVERNO DESSE CRIMINOSO BOSTANARO TA TENTANDO COMPRAR A JUSTICA E FICAR CEGA E NAO PRENDER ELE NE? QUASE 5 BILHÕES COMPRAM MUITA INFLUÊNCIA ESSE MORO QUE VAI FICAR IGUALZINHO AO AÉCIO PO, O IDOLO DELE!!!!

  3. Rodrigo Vianna disse:

    Vergonha! Vergonha! Vergonha!

  4. Edison Sampaio disse:

    Vivemos uma democracia plena e, portanto, o chôro é livre!
    Com a nomeação de Moro, quem ganha é o Brasil e os Brasileiros, claro.
    Quem poderia perder seria o próprio Bolsonaro, por ter sua carreira de Magistrado de sucesso interrompida, mas nada que uma nomeação para o Supremo não possa resolver.
    Dá-lhe, Moro!
    Dá-lhe, Bolsonaro!
    E a bandigagem é que se lasque!

  5. Melck Aquino de Araújo disse:

    Moro aceitar ser Ministro da Justiça de Bolsonaro não pode ser chamado de normal. Não é!

    Só acho um EXAGERO alguns dizerem que estão surpresos, inclusive alguns Bolsominions com quem gastei um tempo precioso da minha vida no processo eleitoral.

    Estava desenhado desde o início. Moros e Cristão agora juntos.

    Chamem o Rei, e o General, personagens centrais das Cavalhadas e decretem o fim da tradição folclórica. Mouros e Cristãos organizaram a festa juntos.

    • silas disse:

      Vá pra Venezuela e ajude o povo de lá que passa fome e comem até carne podre para sobreviverem…Se o ” cumpamheru “maduro fosse tão competente não teria feito o que fez…Pilhou a Venezuela pois tem milhões de petrodólares e gasta regiamente o que tungou da população…Se manca, larga de ser burro…TE COMPRO A PASSAGEM SÓ DE IDA PRA LÁ…

  6. Lucilene Rodrigues disse:

    #MoroJuizParcial
    Simples assim!
    Julga Lula em tempo célere.
    Divulga conversa de Dilma e Lula.
    Diz que não é político.
    Foge de Bolsonazi no aeroporto.
    Divulga delação de Palocci.
    É convidado ainda na campanha segundo Mourão.
    Aceita o convite de Bolsonazi.
    Logo # MoroJuizParcial

    • silas disse:

      Vc tem CÉREBRO DE AMEBA…MOLUSCO, INOCENTE ? PRESO POLÍTICO |?SE MANCA… EM VEZ DE VC FICAR FELIZ POR TER UM PALADINO DA JUSTIÇA NO COMBATE À CORRUPÇÃO, FICA DENEGRINDO O MAGISTRADO…MAS NÃO ADIANTA. É COMO JOGAR XADREZ COM POMBOS: CAGAM NO TABULEIRO E DEPOIS DERRUBAM AS PEÇAS NO CHÃO…TÁ INFELIZ ? TE COMPRO UMA PASSAGEM DE ÔNIBUS PRA VENEZUELA…

      • Lucilene Rodrigues disse:

        De cérebro de ameba, tu entendes rigorosamente, pois teu presidente é um exímio exemplar.!Agora chamar Moro de paladino da justiça é sintoma que antes de nascer tu entraste na fila dos idiotas, no mínimo umas dez vezes!!! Infeliz é o Brasil dos próximos quatros anos!!!!

    • Edison Sampaio disse:

      Chore, minha filha! Chore!

  7. Antonio Carlos Wanderley disse:

    Esta sendo criticado por quem? Manoela? Boulos? Lula e seus advogados que perderam todas para o md. magistrado, etc.? Grande parte dos verdadeiros brasileiros lamentam que tenha aceitado, gostaríamos de vê-lo continuar o brilhante trabalho que tem feito frente a lava-jato mas, com absoluta certeza, continuará dando orgulho aos brasileiros. Não foi convidado porque é político ou porque precisa de imunidade e sim por absoluta competência, ética, moral e honestidade. Parabéns Dr. Moro e muito sucesso em defesa do Brasil e dos brasileiros.

  8. Fábio disse:

    A vitória é do Brasil, não do Bolsonaro.
    Mais um tapa na cara do establishment corrupto. Brasília vai tremer.

    • Way_down_from_Texas disse:

      “De acordo com o Estadão, os R$ 4,7 bilhões que terá a disposição dizem respeito somente a gastos discricionários, ou seja, despesas de custeio e investimento que poderão ser livremente administradas pelo chefe da pasta” AGORA MINHA PERGUNTA E ESSA, SE O BOSTANARO VAI DIMINUIR OS MINISTÉRIOS MAS AUMENTAR O DINHEIRO DOS QUE VAO FICAR, ONDE ESTÁ A POUPANÇA DE DINHEIRO PARA NÃO DESGASTAR O MESMO DINHEIRO, O MAIS?
      NAO VAI TER ECONOMIA ALGUMA?
      SABIA MESMO QUE O DESGOVERNO DESSE CRIMINOSO BOSTANARO TA TENTANDO COMPRAR A JUSTICA E ELA FICAR CEGA E NÃO PRENDER ELE, NÉ?
      QUASE 5 BILHÕES COMPRAM MUITA INFLUÊNCIA DESSE MORO QUE VAI FICAR IGUALZINHO AO AÉCIO PO, O ÍDOLO DELE, IMUNES DA ‘JUSTIÇA’ FALSA!!!!

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