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Garimpo ilegal no Pará apresenta conexão com atos golpistas, aponta Abin. [fotografia] Instituto Socioambiental Foto: Instituto Socioambiental / Divulgação

Desmatamento cresce 80% nas terras indígenas, revela ISA

16.12.2019 12:48 7

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O desmatamento na Amazônia, que vem batendo recordes consecutivos neste ano segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), é ainda maior nas terras indígenas. A conclusão é do Instituto Socioambiental (ISA), que associou os dados do Inpe aos territórios indígenas e constatou que o aumento da área desmatada sobe de 30% para 80% nessas regiões. Isso porque a destruição da floresta nas terras indígenas amazônicas alcançou 42,6 mil hectares entre agosto de 2018 e julho de 2019.

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Segundo o ISA, o correspondente a 51 milhões de árvores foram abatidas nas terras indígenas nesses doze meses, quando a área desmatada no Brasil como um todo passou de 7.536 km² para 9.762 km². Lembrando que um hectare corresponde a mais ou menos um campo de futebol, o ISA sugere que é como se 42 mil campos de futebol tivessem sido desmatados apenas nas terras indígenas da Amazônia. É a maior extensão desflorestada em territórios indígenas dos últimos 11 anos, desde o início da série histórica do desmatamento.

“Também corresponde a uma alta de 174% em relação à média entre 2008 e 2018: 15,5 mil hectares. Na comparação com 2017-2018, o aumento (+80%) equivale a 2,7 vezes ao da taxa preliminar do desmatamento de toda a Amazônia (+29,5%). A situação é ainda mais grave quando lembramos que, no ano passado, a aceleração das derrubadas nas TIs já tinha crescido 124%”, revela o ISA.

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O Programa de Monitoramento de Áreas Protegidas do ISA, que analisou o impacto das queimadas em 207 terras indígenas na Amazônia, ainda constatou que 90% desse desmatamento está concentrado em apenas dez áreas demarcadas. E seis desses territórios estão no Pará – estado que também registra os maiores índices de desmatamento do Inpe, sobretudo por conta de episódios como o Dia do Fogo de Altamira. “Só 1,3% dos mais de 78 milhões de hectares das áreas estudadas foi desmatado. A grande maioria delas (75%) perdeu menos de 10% de florestas. Entretanto 20% já perderam quase metade de sua cobertura florestal e 5% praticamente não a possuem mais”, revela o ISA.

O instituto credita, então, esse aumento do desmatamento em áreas indígenas à grilagem de terras, ao garimpo ilegal e ao roubo de madeira. Sócio fundador do ISA, Márcio Santilli conclui que, por esses dados, é possível perceber que as terras indígenas que antes funcionavam como reservas protegidas dentro da Amazônia agora também estão sujeitas às práticas criminosas que têm devastado boa parte da floresta.

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“Até 2016 pelo menos, as terras indígenas, assim como as unidades de conservação, funcionavam como barreiras para a expansão das frentes de ocupação e desmatamento que operam na região amazônica. O que a gente observa mais recentemente é que […] essas frentes de expansão passaram a operar muito mais ativamente dentro das áreas protegidas, sem que tenham tido o devido constrangimento pela aplicação da lei”, afirmou Santilli, que credita essa situação às condições políticas vigentes atualmente no país.

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Na opinião do ISA, o presidente Jair Bolsonaro vem dando sinalizações ruins para a preservação ambiental, sobretudo nas terras indígenas e nas unidades de conservação, desde a campanha do ano passado e intensificou essas ameaças depois que tomou posse. “Em abril, desautorizou uma operação do Ibama que havia queimado caminhões e tratores de desmatadores ilegais, em Rondônia. Em julho, seu ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, reuniu-se com madeireiros e defendeu sua atividade, também em Rondônia. No início de dezembro, Salles suspendeu a fiscalização na Reserva Extrativista (Resex) Chico Mendes (AC) após reunir-se com alguns de seus invasores. Na última terça, o Planalto dobrou a aposta ao publicar uma Medida Provisória (MP) que deve legalizar a grilagem de terras em massa, principal motor da destruição da floresta. De quebra, prepara uma proposta a ser enviada ao Congresso para regulamentar a mineração nas terras indígenas“, afirma o ISA, em nota publicada em seu site sob o título de: “Invasores produzem maior desmatamento em Terras Indígenas em 11 anos”.

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“O impacto do discurso presidencial é imenso porque todas essas quadrilhas criminosas que operam na Amazônia se sentem na perspectiva de impunidade total em relação a sua ação. Então, ampliam essa ação de uma forma descarada, o que está se refletindo nesse aumento de 30% do desmatamento de um ano para o outro, que é o maior aumento havido neste século na taxa de desmatamento. E o que mostra aqui é o reflexo dessa situação dentro das terras indígenas, que estão sendo fortemente atingidas nessas áreas críticas pelo descaso governamental, pela ausência de fiscalização e pelo incentivo que o próprio poder público, a partir do presidente da República, tem dado a essas frentes predatórias”, afirma Santilli. Veja os comentários do sócio-fundador do ISA:

O ISA ressalta, por sua vez, que a situação das terras indígenas é crítica, mas não chega a ser o problema mais grave do desmatamento na Amazônia. É que, apesar de crescer a uma taxa bem maior que a média nacional, o desmatamento nesses territórios ainda representa apenas 4,2% da área desmatada no país entre 2018 e 2019. A maior parte dessas queimadas (82,2%) acontece em territórios que realmente não contam com proteção ambiental. Mas outros 13,5% também foram registrados em áreas que deveriam estar sendo protegidas pelo governo: as unidades de conservação da floresta.

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7 respostas para “Desmatamento cresce 80% nas terras indígenas, revela ISA”

  1. RAFAEL disse:

    ESSES ÍNDIOS QUE ANDAM DE HILUX E IPHONE kkkkkkkk

  2. Edison Sampaio disse:

    E triste..!
    Bem, eu não tenho competência alguma para apontar soluções para o problema ambiental, mas suponho que é crucial oferecer alternativas para que o desmatamento, assim como as demais formas de predação da Natureza, não ocorram. Como se pode ganhar dinheiro com floresta “em pé”? Fomento do Turismo específico? Créditos de carbono? E quanto aos devastadores garimpos? O problema é complexo, mas é preciso que os os ambientalistas e governantes entendam que a necessidade de ganhar dinheiro para a custear a própria sobrevivência vem muito antes que preservação da Natureza. O homem do campo, o índio, o garimpeiro, etc, precisam de dinheiro para viver agora, hoje. Diante da necessidade premente, a degradação ambiental vem em plano inferior. O resto é hipocrisia. Eu mesmo, consciente que sou, não pensaria duas vezes em derrubar uma castanheira secular para alimentar minha família.

  3. Alexandre disse:

    O aumento do desmatamento nas terras indígenas é feito com conhecimento destes, ou eles não sabem de nada?

  4. Jocafaria disse:

    Esse governo é uma besta mesmo.

  5. Reginaldo Lucia disse:

    Então deve-se tirar essas terras dos índios, com urgência!

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