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O ataque ao Charlie Hebdo

19.01.2015 12:15 0

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Quem se prepara para concurso público não pode limitar os estudos ao conteúdo elencado no edital, que em geral se restringe a conhecimentos gerais e específicos das matérias que integram o exame. Em tempos de globalização, precisamos nos manter antenados em relação a tudo que acontece no mundo. Não há mais como alegar desconhecimento dos fatos, que nos chegam a todo momento e a uma velocidade impressionante, graças à internet, às redes sociais e aos aparelhos celulares – isso sem mencionar a televisão e o rádio, que já não cumprem mais a missão de comunicar tão rapidamente quanto cumpriam no passado.

Tomemos como exemplo os acontecimentos dos últimos dias na França, cujo ponto central foi o ataque de dois jovens irmãos muçulmanos ao semanário satírico Charlie Hebdo (Hebdo é uma redução de hebdomadaire, que em português significa, literalmente, “hebdomadário”, sinônimo de semanário). O atentado culminou com a morte de 12 pessoas na redação do jornal, e, mais tarde, dos dois assassinos num cerco policial, nas proximidades de Paris. O ataque protagonizado pelos irmãos foi seguido, alguns dias depois, da ação terrorista de outro extremista. Desta vez, o palco foi um mercado parisiense, e as vítimas foram o próprio autor da ação e quatro judeus feitos reféns durante o cerco das forças de segurança.

Esses fatos já são mais do que notórios, graças à ampla cobertura da mídia francesa e internacional, e não vou descer aos detalhes, já que não é esse o propósito deste artigo. Quero, sim, abordar alguns aspectos relevantes dessa situação e de seu contexto, com a intenção de ajudar concurseiros e concurseiras a enfrentar possíveis questões sobre o assunto em futuras provas. Não tenho dúvidas de que o tema será usado pelas bancas tanto na parte de atualidades como em provas discursivas, o que pode complicar a situação dos candidatos mais desinformados. Por isso, dedico minha atenção ao assunto, como um alerta à comunidade concurseira para os próximos desafios que enfrentará.

Antes de tudo, é preciso deixar bem claro que a extrema violência que atingiu o Charlie Hebdo tem de ser repudiada, por se tratar de um crime contra civis desarmados, e não contra combatentes inimigos. Os jornalistas do Charlie podem ter sido infelizes em suas caricaturas do profeta Maomé, mas a execução sumária praticada pelos homens que invadiram a redação do jornal foi um ato brutal e covarde. Não podemos ignorar, ainda, que a ação foi também um ato de violência contra a liberdade de imprensa, muito valorizada na França e no mundo ocidental como um todo.

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O atentado expôs com clareza cruel o grande conflito que o mundo vive nos dias de hoje. Esse conflito veio substituir a Guerra Fria, travada durante mais de setenta anos entre a antiga União Soviética e o Ocidente capitalista, liderado pelos Estados Unidos com o apoio dos principais coadjuvantes: França e Inglaterra. O atual conflito é até mais difícil de resolver, pois, infelizmente, não se trata apenas de divergência política. A dissonância entre as partes envolvidas tem caráter religioso e territorial, a impor o antagonismo entre o mundo islâmico, com suas eternas divisões, e os valores ocidentais, representados pelos Estados Unidos e seus aliados. A falta de entendimento mútuo se agravou após o 11 de Setembro e seu atentado ao World Trade Center, e, na sequência, a invasão e submissão do Iraque, com a ajuda da Inglaterra, da França e de outros países.

O que os EUA e seus aliados não esperavam é que a Guerra Santa (Jihad) dos muçulmanos pudesse atravessar continentes e chegar a território europeu e americano, como aconteceu agora na França e antes nos Estados Unidos. Quando o morticínio ocorre tão longe como no Iraque, na Síria ou na Faixa de Gaza, a indignação mundial nunca atinge os níveis a que chegou agora com o ataque ao Charlie Hebdo. É que a violência só incomoda mesmo o mundo ocidental quando acontece dentro da sua casa.

No entanto, é bom lembrar que foi o Ocidente que começou esse tipo de guerra religiosa, com as Cruzadas que pretendiam eliminar os infiéis na Terra Santa ainda durante a Idade Média. Muitas e muitas guerras depois, o conflito continua, e já é impossível eliminar as divergências religiosas entre os dois mundos. O resultado acaba se traduzindo em episódios como o do Charlie Hebdo, que ocorre num momento em que movimentos de intolerância racial se espalham pela Europa. O atentado ao semanário francês tende a acirrá-los ainda mais.

Para nossa grande tristeza, esse é o cenário dos primeiros dias do ano de 2015. Infelizmente, ele tende a se agravar, já que é provável uma reação violenta da França, com o apoio dos Estados Unidos e da Inglaterra, contra a comunidade muçulmana, seja em território francês, seja em territórios muçulmanos, por meio de ações militares. O grande problema é que, como já previa Mahatma Ghandi, “Olho por olho, e o mundo acabará cego”.

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O tema exige atenção especial de todos aqueles que estão se preparando para concursos públicos. Como eu já disse, a possibilidade de o assunto figurar em questões nas próximas seleções é muito grande, de modo que os concurseiros que desejam se sair bem não podem marcar bobeira. Quem conseguir interpretar bem esse conflito e estiver bem preparado para responder as questões sobre ele estará dando um grande passo para alcançar o tão sonhado feliz cargo novo!

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