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CPI das Americanas quer convocar os homens mais ricos do país

Sicupira, Lemann e Telles, os sócios das Lojas Americanas estão na mira da CPI. Foto: 3G Capital

Durante live do Congresso em Foco realizada nesta segunda-feira (22), o deputado Gustinho Ribeiro (Republicanos-SE), presidente da CPI que investiga o rombo contábil da ordem de R$ 20 bilhões das Lojas Americanas, confirmou que a comissão parlamentar de inquérito pretende convocar para depor os sócios Jorge Paulo Lemann, Marcel Herrmann Telles e Carlos Alberto Sicupira – primeiro, segundo e quarto homens mais ricos do país, de acordo com ranking da revista Forbes.

“Há um indício muito grande de que tenham maquiado os números dessas auditorias contábeis. Esse será um dos focos da atuação da CPI. A partir daí, a CPI exigirá toda a documentação comprobatória, que os gestores são obrigados a entregar no decorrer das investigações”, disse Ribeiro.

Assista à live e continue a ler a reportagem logo abaixo:

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Os três empresários, sócios desde 1970 e acionistas majoritários das Lojas Americanas, criaram a 3G Capital, que ao longo dos anos comprou multinacionais como o Burger King, Tim Hortons, Popeyes, Kraft-Heinz. Eles também são donos da AB Imbev, a maior cervejaria do mundo.

A análise na documentação das empresas de auditoria visa provar se houve uma manobra para apresentar lucros que não existiam e assim atrair investidores que compraram ações das Americanas. “Vamos saber se isso foi provocado de forma intencional para lesar o mercado brasileiro, investidores e a população de um modo geral”, acrescentou o deputado.

CPI de centro

Gustinho Ribeiro em entrevista ao repórter Caio Luiz, do Congresso em Foco

 

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Gustinho Ribeiro assegurou também que a maior parte do colegiado da comissão tem um perfil de centro, mais pró-mercado e liberal, o que garante, segundo o deputado, um equilíbrio para a CPI e faz com que a discussão não se torne um palanque para campanha eleitoral. “Não podemos fazer a CPI ser sobre um grupo que defende o mercado e outro que não defende, fazendo uma discussão vazia com pirotecnias políticas.”

Para o deputado, caso seja comprovada, a “manobra digna de filme de Hollywood” pode abrir precedente para novas legislações que busquem impedir esse tipo de crime no país e ter um ambiente de negócios seguro, confiável e previsível no país. “A gente precisa fazer com que as coisas fiquem mais seguras para os investidores”, completou.

Trâmite na Câmara

A Câmara dos Deputados instalou na semana passada, dia 17, a CPI das Americanas, cuja relatoria ficou com o deputado Carlos Chiodini (MDB-SC). Em recuperação judicial, as Lojas Americanas declararam dívida de R$ 40 bilhões, além da suspeita de fraude de R$ 20 bilhões.

A CPI foi originalmente protocolada pelo líder do PP na Câmara, André Fufuca, do Maranhão. A leitura do requerimento para instalação do colegiado foi feita pelo presidente da Casa, Arthur Lira, do PP, Alagoas, no dia 26 de abril. A CPI terá 27 membros titulares e 27 suplentes.

Na próxima reunião, será apresentado o plano de trabalho do colegiado, que tem duração de 120 dias, além de votados requerimentos dos parlamentares. Apesar de os 27 nomes ainda não terem sido definidos, ainda há tempo para novas indicações. Caso não sejam apontados, cabe ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), definir os congressistas que faltam.

Histórico

O escândalo contábil da Americanas, considerado a quinta maior varejista do Brasil em 2022, veio à tona no dia 11 de janeiro, quando a empresa informou que havia descoberto inconsistências em lançamentos contábeis no valor de R$ 20 bilhões.

Com isso, o então presidente da companhia, Sergio Rial, e o diretor de relações com investidores, André Covre, deixaram a companhia, menos de dez dias após assumirem os cargos. Então, a companhia viu as ações caírem vertiginosamente na bolsa de valores brasileira, com perdas de mais de R$ 8 bilhões em valor de mercado em dois dias.

A companhia surgiu no Rio de Janeiro, em 1929. Um grupo de norte-americanos criou a loja de departamentos. A empreitada ganhou peso a partir da década de 80, quando passou a ser comandada pelos sócios Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira.

O trio à frente da 3G Capital Partners assumiu as Americanas para contornar o prejuízo da rede. Após uma análise dos investimentos e reestruturação das operações, a rede se tornou lucrativa e uma das pioneiras no ramo de compras online, nos anos 2000.

Em março de 2023, as Americanas encerraram o trimestre com 1.855 lojas. Isto é, 27 unidades foram fechadas neste ano e a base de clientes caiu 46,3 milhões ante 49,1 milhões da virada do ano. O número de funcionários é de aproximadamente 40 mil.

Os bancos que atualmente detêm 63% da dívida total da rede estão tocando um plano junto com os acionistas bilionários, Jorge Lemann, Marcel Telles e Carlos Sicupira, para que apliquem o aporte de R$ 10 bilhões com adicional de R$ 2 bilhões de investimentos para reverter o cenário.

Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira têm um patrimônio reunido estimado em mais de R$ 196 bilhões, conforme a revista Forbes. Em nota publicada no dia 11 de janeiro, o trio alegou não ter conhecimento da possível fraude na rede.

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