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Eduardo Bolsonaro propõe criminalizar comunismo e nazismo

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Eduardo Bolsonaro em discurso na Câmara. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) apresentou no começo deste mês um projeto de lei para criminalizar apologia ao nazismo e ao comunismo, proibindo qualquer referência a pessoas, organizações, eventos ou datas que simbolizem as duas correntes. Ele estipula que os governos federal, estaduais e municipais terão um ano para alterar os nomes de ruas, rodovias, praças, pontes, edifícios ou instalações de espaços públicos que façam algum tipo de referência aos regimes.

O texto (veja a íntegra) proíbe a utilização de bandeiras, símbolos e imagens nos quais seja reproduzida a combinação de foice e martelo, foice, martelo e estrela pentagonal, a cruz suástica ou gamada, arado, martelo e estrela pentagonal para fins de divulgação do nazismo ou do comunismo. A pena proposta para quem fabricar, comercializar, distribuir ou veicular símbolos ou propaganda desse tipo é de prisão de nove a 15 anos.

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Além de alterar a Lei de Segurança Nacional, o projeto atribui aos estabelecimentos de ensino “a incumbência de adotar medidas destinadas a conscientizar os estudantes sobre os crimes cometidos por representantes dos regimes comunista e nazista”.

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O deputado afirma ter buscado inspiração na lei ucraniana de condenação dos regimes totalitários nazistas e comunistas, aprovada em 2015 e contestada desde então. O país europeu assistiu recentemente a transformação de um grupo paramilitar de extrema direita, com valores nacionalistas, em partido político e elegeu em 2019 o ex-comediante Volodymyr Zelensky como presidente.

A Ucrânia está entre os países considerados menos seguros para a população LGBT na Europa. Em março, o líder da Igreja Ortodoxa da Ucrânia, patriarca Filaret, atribuiu a pandemia do novo coronavírus a uma “punição pelos pecados dos homens e pela humanidade pecaminosa” e mencionou o casamento entre pessoas do mesmo sexo como um exemplo. Na última sexta, a igreja anunciou que ele está com covid-19.

Alguns expoentes do bolsonarismo já fizeram referências aos valores de extrema direita do país do leste europeu. “Fui treinada na Ucrânia e digo: chegou a hora de ucranizar!”, escreveu Sara ‘Winter’ Giromini, militante bolsonarista que liderou o movimento autointitulado 300 do Brasil, que foi presa no âmbito da operação da Polícia Federal contra a disseminação de fake news. “Está na hora de ucrânizar (sic) o Brasil! Quem sabe o que foi feito por lá entenderá”, postou no Twitter no final de abril o deputado federal Daniel Silveira (PSL-RJ), que ganhou fama ao quebrar uma placa em homenagem a Marielle Franco durante a campanha de 2018.

De Olavo de Carvalho a Ronald Reagan

Citando o filósofo Olavo de Carvalho, tido como o guru do bolsonarismo, e o ex-presidente americano Ronald Reagan, que presidiu os Estados Unidos durante a Guerra Fria, Eduardo Bolsonaro traça paralelos entre os dois regimes. “A forma de domínio nazista era através da luta de raças, enquanto que a comunista se dá pela luta de classes, ambas teorias abomináveis e anti-pacifistas”, escreve ele na justificativa do projeto. “No entanto, os dois regimes estimulam o conflito e não comportam o debate, pois não se pode discutir com aquele que, cedo ou tarde, irá assassinar seus opositores.”

Segundo o filho do presidente Jair Bolsonaro, as duas ideologias guardam relação direta com o genocídio. “Massacrando qualquer tipo de direito individual, as duas correntes serviram como instrumento para o domínio de genocidas, em diferentes níveis, ao redor de todo o mundo, tendo como principais exemplos: o nazista Adolph Hitler e os comunistas Josef Stalin, Mao Tsé-Tung, PolPot, Fidel Castro e mais recentemente Hugo Chávez e Nicolás Maduro.”

“Ambas tendências, comunismo e nacional-socialismo (nazismo) devem ser banidas da sociedade, afim de garantir que a menor minoria da Terra siga protegida: o indivíduo”, finaliza. Para começar a tramitar, o projeto precisa ser distribuído às comissões pelo presidente da Casa. Os colegiados estão sem funcionar desde o início da pandemia.

Nazismo e secretário da Cultura

Em janeiro, o então secretário especial da Cultura, Roberto Alvim, divulgou um vídeo com pronunciamento similar aos discursos do ministro da propaganda nazista, Joseph Goebbels, para divulgar o novo programa do governo de Bolsonaro para a Cultura, o Prêmio Nacional das Artes. O episódio levou à sua exoneração. Alvim foi substituído pela atriz Regina Duarte, que deixou o cargo durante a pandemia e já foi substituída pelo ator Mário Frias.

Outro episódio de associação com o regime nazista ocorreu em março, quando a Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom) publicou uma mensagem com a frase “O trabalho liberta” para divulgar as ações que o governo federal vem tomando para conter o avanço do coronavírus no país. O uso da frase, que ficou conhecida por sua presença nas fachadas de diversos campos de concentração do regime nazista, durante a Segunda Guerra Mundial, foi duramente repudiada pela comunidade judaica. A postagem foi apagada.

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Jornalista formada pela Universidade de Brasília (UnB), com uma primeira graduação em Ciência Política pela mesma instituição. Passou por um estágio de dois anos na agência Bloomberg, onde cobriu Presidência da República, Congresso Nacional e Ministério da Economia.

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