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Violação ética

CNS se posiciona contra estudo com Proxalutamida para covid-19

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Beneficiários do programa Bolsa Família terão acesso gratuito aos 40 medicamentos disponíveis na lista programa Farmácia Popular, Foto: Fábio Pozzebom/Agência Brasil
Beneficiários do programa Bolsa Família terão acesso gratuito aos 40 medicamentos disponíveis na lista programa Farmácia Popular, Foto: Fábio Pozzebom/Agência Brasil

O Conselho Nacional de Saúde (CNS) emitiu uma nota se posicionando sobre o estudo “The Proxa-Rescue AndroCoV trial”, pesquisa com a medicação proxalutamida no tratamento para covid-19 acusada pela Unesco e pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep) de ter resultado na morte de 200 participantes. O conselho adotou postura semelhante à da Conep.

Na visão do CNS, o laboratório responsável pelo estudo, gerido pelo endocrinologista Flávio Adsuara Cadegiani, violou a ética de pesquisa ao não adotar medidas para conter o elevado número de mortes no grupo placebo. “Do ponto de vista ético, ao se verificar o excesso de mortes em um dos grupos, era mandatório interromper o cegamento do ensaio clínico para verificar se os óbitos estariam associados à toxicidade do medicamento ou se o grupo controle estaria em desvantagem por suposta eficácia da proxalutamida”, informa o Conselho.

No entendimento do Conselho, o laboratório optou por não agir. “O fato é que se assistiu pessoas morrerem passivamente no grupo controle sem que se adotasse qualquer medida que pudesse beneficiá-las com o medicamento experimental”, narra em nota.

O conselho também afirmou enxergar diversas irregularidades ao longo do estudo: não houve o devido cumprimento do protocolo de acompanhamento do Comitê Independente de Monitoramento de Dados, o termo de consentimento aplicado nos pacientes em Manaus não condizia com a natureza do estudo, a Conep não havia autorizado expressamente a realização de pesquisa em nível nacional, entre outras irregularidades.

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O CNS também se posicionou ao lado da Conep sobre as alegações do médico de que as denúncias contra o estudo seriam de ordem política, procurando prejudicar pesquisas com a proxalutamida, medicação testada no estudo. Uma vez havendo outras pesquisas com a mesma substância aprovadas pela Conep, o Conselho conclui que “é equivocada a interpretação que a pesquisa foi interrompida por perseguição política ou por interesses escusos. Faz-se necessário reafirmar que a pesquisa foi interrompida por descumprimento das normas, e não por motivação política”.

Médico contesta

O endocrinologista Flávio Cadegian respondeu às alegações do Conselho Nacional de Saúde (CNS) em que órgão afirma haver irregularidades em seu estudo de tratamento para covid-19 com proxalutamida. O pesquisador nega as irregularidades, e considera que declarações do Comitê Nacional de Ética em Pesquisa (Conep), apoiado pela CNS, foram “inverídicas, distorcidas e, com caráter claramente difamatório”.

Um dos pontos abordados pelo CNS foi a decisão do laboratório de não interromper os estudos diante da morte de pacientes no grupo placebo. A assessoria de comunicação do médico retruca afirmando que “nenhum óbito foi decorrente da medicação em experimento – proxalutamida, nem tampouco era suspeito de ter sido causado pelo tratamento, mas sim, ocorreram em decorrência da Covid-19”.

Na análise do médico, não houve morte inesperada ou evolução fora do esperado durante a pesquisa. “O número de óbitos ocorridos no âmbito do estudo foi inferior ao esperado, inferior à mortalidade intra-hospitalar no estado do Amazonas no período. Isso foi confirmado ao final, quando foi quebrado o cegamento”, defende.

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A equipe do médico voltou a declarar que o Conep teria agido de forma parcial, movida por interesses políticos. “ Curiosamente a suspensão e os problemas junto à Conep ocorreram pouco depois de o Presidente da República ter elogiado a medicação estudada”, disseram em nota.

> Unesco aponta “grave violação ética” em pesquisa defendida por Bolsonaro. Autor nega 
> “Unesco foi induzida ao erro”, afirma autor de estudo com proxalutamida 

Repórter. Jornalista formado pelo UniCeub, foi repórter da edição impressa do Jornal de Brasília, onde atuou na editoria de Cidades.

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