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Só não tem “teto” pro Deus mercado?

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Os nomes serão avaliados pelo Comitê de Pessoas da Petrobras, que fará a verificação tanto da adequação ética e profissional dos indicados. Foto: Augusto Coelho/Fenae
Lei das Estatais surgiu na esteira dos escândalos que marcaram a Petrobras, revelados a partir do início da Operação Lava Jato. Foto: Augusto Coelho/Fenae

*Robson Carvalho

Não posso me dizer chocado, porque já sei o que esperar desse governo federal e dos atuais presidentes da Câmara e Senado brasileiros. A cada momento que nos aproximamos do fim dos mandatos destes indivíduos, a feira da xepa vai sendo intensificada e vão raspando o tacho do Brasil. Nessa feira se queima de tudo, incluído o patrimônio brasileiro, de maneira que mal sobram migalhas a serem arremessadas aos pobres ou até mesmo à classe média – que em parte ainda segue iludida com a conversa fiada propagada pelo topo da elite financeira e empresarial nacional, e pelos detentores do capital financeiro estrangeiro.

O mais novo conto para enganar a população, aliás, velho, bem velho, é o teto para o imposto sobre os combustíveis, gás e energia de modo geral, justo quando tudo está em processo de privatização que foi aprovado por um bando de políticos demagogos. Apesar da promessa (até dezembro desse ano) de compensação, é recurso que deixará de circular nos governos dos estados brasileiros, que já enfrentam problemas crescentes de aumento de demandas da população, por causa do tipo de política econômica desenvolvida no Brasil. Mas, curiosamente, é recurso que não deixará de engordar os bolsos dos acionistas, principalmente estrangeiros, que não terão obrigação nenhuma de diminuírem ou deixarem de aumentar suas margens de lucro.

Esses congressistas e o presidente Bolsonaro são além de demagogos, cínicos. Pois todos eles sabem que isso não irá segurar o aumento de preço dos combustíveis no país, a não ser que se acabe com a invenção de Michel Temer, mantida por Bolsonaro que foi o PPI – preço de paridade internacional. Temos o petróleo, temos ainda algumas refinarias, produzimos em Real, mas, somos obrigados a pagar em dólar e no preço ditado pelos empresários internacionais do petróleo. Por que? Não é estranho.

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Para quem ainda não sabe, os estados brasileiros já haviam provado recentemente que mesmo congelando o imposto, os aumentos sucessivos nos combustíveis não pararam. E não vão parar se não for mudada a política de preços criada por Temer e mantida por Bolsonaro, que finge cinicamente não ter poder para mudar. Nos governos de Fernando Henrique, Lula e Dilma, para citar os mais recentes, o brasileiro pagava o preço nacional e ainda assim a Petrobras era altamente lucrativa e o lucro pertencia à nação brasileira.

Mas, qual é agora o resultado, na prática, do que o congresso aprovou com o apoio de Bolsonaro? Na prática, o que estamos vendo é a diminuição eleitoreira da cobrança do imposto, sem a garantia da diminuição ou congelamento do preço dos combustíveis e da energia. Não há nenhum compromisso que diga: o imposto está menor ou congelado e por isso não haverá mais aumento no preço dos combustíveis ou na margem de lucro dos empresários do petróleo. Vão continuar aumentando os preços e os lucros dos acionistas. Vai ter menos imposto, mas não vai ter menos lucro! Entenderam? Perdem os estados, perde a população que está empobrecendo e precisa cada vez mais dos serviços públicos, mas não perde o Deus Mercado e os acionistas que continuam a faturar centenas de bilhões de Reais. Eu disse e repito: centenas de bilhões de Reais, às custas da exploração da população brasileira.

É a mesma conversa fiada enganando parcelas da população. Quem tem memória sabe que quem fcou sem teto e foi para o espaço foi a discussão sobre a mudança na política de preços da Petrobras que foi o fator gerador dos aumentos sucessivos e abusivos na gasolina, no diesel e, por tabela, em tudo o que consumimos. Com braços e pernas sendo privatizados, a Petrobras vai a cada dia maximizando os lucros para repassar aos seus acionistas, dentre eles alguns bilionários brasileiros e em sua maioria estrangeiros.

É o mesmo discurso de sempre: teto de gastos para a saúde pública, mas regras frouxas e sem teto para os planos de saúde; teto de gastos para a educação, e sem teto para os preços das escolas e faculdades particulares aumentando; imposto zero para importação de agrotóxicos americanos e sem teto para o aumento do preço do feijão, do arroz, da carne e de todos os alimentos. Teto para o imposto e sem teto para o aumento do preço do gás para as indústrias e consumidores que pagarão por produtos cada vez mais caros. Ou seja, “tem teto” até para socorro ao povo pobre que pode ficar sem moradia e passando fome, mas, nunca “tem teto” para o Deus mercado que segue sem limite e sem controle no país, às custas do empobrecimento da população.

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São medidas absurdas, eleitoreiras, de curtíssimo prazo, irresponsáveis e insustentáveis, pois não resolvem o problema e ainda armam uma bomba relógio para explodir no próximo governo ou talvez até antes do fim deste governo que aí está.

*Doutorando em Ciência Política pela Universidade de Brasília e apresentador de programa de TV na Band-NE e TVT-SP

O texto acima expressa a visão de quem o assina, não necessariamente do Congresso em Foco. Se você quer publicar algo sobre o mesmo tema, mas com um diferente ponto de vista, envie sua sugestão de texto para [email protected].

Doutorando em Ciência Política pela Universidade de Brasília (UnB), é apresentador de TV na Band Nordeste e na TVT, de São Paulo.

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