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Marconi diz a Tasso que vai disputar comando do PSDB; senador cogita permanecer no posto

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Tasso (à esquerda) e Perillo com o presidenciável tucano Geraldo Alckmin, em reunião de cúpula
[fotografo]Reprodução[/fotografo]

Tasso (à esquerda) e Marconi com o presidenciável tucano Geraldo Alckmin, em reunião de cúpula

 

O governador de Goiás, Marconi Perillo, deu uma pausa na agenda estadual nesta quarta-feira (1º) para comunicar pessoalmente ao senador Tasso Jereissati (CE), presidente interino do PSDB, que vai disputar a presidência da legenda no final do ano. O comando tucano está nas mãos de Tasso desde maio, quando o então comandante tucano, senador Aécio Neves (MG), foi alvejado por delações da JBS e, em razão das acusações, foi denunciado ao Supremo Tribunal Federal (STF) por corrupção passiva e obstrução de Justiça pela Procuradoria-Geral da República (PGR). O tucano foi gravado pedindo R$ 2 milhões a um dos donos da empresa, Joesley Batista, dinheiro que investigadores dizem ser fruto de propina.

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Marconi foi ao encontro de Tasso em seu gabinete no Senado. Segundo o senador, o comando tucano definirá os candidatos em 9 de dezembro, em convenção partidária. Depois de trocarem elogios, os caciques resolveram falar sobre a sucessão de Aécio, que ainda exerce forte influência no PSDB, principalmente na bancada do Senado. O governador foi expressar a Tasso, que não descartou concorrer ao comando tucano, “o desejo de trabalhar mais um pouco pelo partido”.

“Mas, respeitando o senador Tasso como presidente do partido, como uma liderança muito importante. E, sobretudo, nos entendemos que, daqui para frente, vamos conversar muito com os segmentos do partido na busca da unidade. Esse é o propósito dele e o meu propósito. Informei ao presidente o meu desejo. Não poderia procurar as bancadas, os outros líderes do partidos se eu não viesse primeiro aqui para dizer a ele de meu desejo, meu interesse, minha intenção em colaborar com o partido como candidato à presidência”, declarou o governador, após a reunião com Tasso.

Mas, ao fim do encontro, ficou claro que o próprio senador pode colocar seu nome a voto e, a depender da maioria dos correligionários, permanecer no comando tucano. “Ele [Tasso] me disse mais: quando eu tomei essa decisão, no início do ano, se ela se deu também em razão de, fundamentalmente, até então e até agora ele não disse que é candidato. Nós conversamos longamente e ele não disse que seria candidato. E eu me coloquei como candidato”, acrescentou o governador goiano, acrescentando que o cardápio do encontro incluiu o resgate da juventude do PSDB, majoritariamente contrária ao governo Temer, e a militância do partido em nível nacional.

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Marconi disse ainda ter solicitado um encontro com as bancadas do PSDB no Senado e na Câmara, já para a próxima semana. “Teremos outras conversas, na próxima semana, no sentido de buscar a unidade. Ele já colocou claro, aqui, que o objetivo dele e o meu não é ficar disputando. Nosso objetivo é a unidade e, se depender de mim, vamos construir essa unidade”, discursou Marconi.

O próprio Tasso não descartou a candidatura à permanência no comando do PSDB. “Eu não me coloquei como candidato em nenhum momento. No entanto – e falei com o governador –, tenho uma identidade política muito forte com determinadas ideias que, hoje, têm diferenças internas, dentro do partido. Não propriamente entre o governador e eu, mas nas correntes do partido. Essas correntes e ideias é que vão prevalecer sobre qual candidatura está absolutamente de acordo”, declarou o senador, cogitando ainda uma improvável candidatura única. “Se as ideias são as mesmas, nada impede que saia um nome só.”

Racha no ninho

Marconi Perillo é um dos principais aliados de Aécio no grupo governista que defende a manutenção do PSDB, que tem quatro ministérios, na base de apoio ao governo Michel Temer – que, a exemplo de Aécio, também foi acusado pela PGR pelos crimes atribuídos ao tucano, além de organização criminosa, todos os três com investigação barrada pela Câmara nos últimos meses. Por outro lado, Tasso lidera a ala tucana que quer o fim da aliança com o governo peemedebista, situação que tem aprofundado o racha no partido à medida que se aproximam as eleições de 2018 e se avolumam as denúncias de corrupção na gestão Temer.

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Em um episódio ocorrido nesta semana, o acirramento dos ânimos no PSDB foi escancarado em reunião na residência oficial do líder do partido na Câmara, Ricardo Trípoli (SP), com parlamentares tucanos. Na ocasião, uma minoria favorável a Aécio se rebelou contra Tasso em razão de um pesquisa por ele encomendada à empresa Ideia Big Data, na figura do publicitário Moriael Paiva, para expor o plano de reformulação da comunicação do partido – o grupo atuou nas campanhas do PT para a Presidência da República e para o governo de Minas Gerais, no pleito de 2014.

Segundo o noticiário, deputados mineiros  goianos, como Domingos Sávio e Giusepe Vechi, respectivamente, confrontaram Tasso. As divergências quase resultaram em agressões físicas, segundo relataram tucanos que estavam na reunião. “Esse senhor [Moriael] e essa empresa [Ideia Big Data] usaram métodos criminosos contra o PSDB e ajudaram a inviabilizar a eleição de Aécio à Presidência”, reclamou Domingos, de acordo com o jornal O Globo. “A gota d’água aconteceu quando Tasso foi confrontado pelo deputado Giusepe Vechi, que perguntou se ele estava aproveitando para lançar esse plano estratégico de comunicação a 40 dias da convenção e se candidatar a presidente do partido.”

“Esse assunto não está na pauta, não tenho que responder sobre isso agora. Não vim aqui para isso!”, respondeu Tasso, ainda segundo a reportagem. O texto assinado pela repórter Maria Lima registra uma fala do deputado Otávio Leite (RJ) que resume a situação no tucanato. “Foi um conflito que eu nunca vivenciei antes no PSDB. Nunca vi uma corda tão esticada, uma atitude tão beligerante, perderam a razão. Se as grandes lideranças do PSDB não entrarem em campo para uma unificação, estamos a beira de uma ruptura geral.”

A exemplo de Aécio, Marconi é um dos governadores investigados na Operação Lava Jato, acusado de receber doações via caixa dois, nas campanhas de 2010 e 2014, que somaram cerca de R$ 8 milhões. A acusação consta do pacote de delações da Odebrecht tornadas públicas em abril, em depoimentos concedidos ao Ministério Público Federal por um dos operadores da empresa, Ricardo Roth; pelo ex-presidente da Odebrecht Ambiental, Fernando Reis; e pelos ex-diretores João Pacífico e Alexandre Barradas.

 

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