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Presidente do Comitê Olímpico é preso pela Polícia Federal

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[fotografo]Foto:Tomaz Silva/ABr[/fotografo]

Carlos Nuzman é suspeito de participar de compra de votos

O presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), Carlos Arthur Nuzmann, foi preso pela Polícia Federal nesta quinta-feira (5). Ele foi detido no Rio de Janeiro na fase “Segundo Tempo” da Operação Unfair Play, que investiga suspeita de compra de votos para escolha da capital fluminense como sede dos Jogos de 2016.  A prisão é temporária, geralmente decretada por cinco dias. A ordem foi dada pela 7ª Vara Federal do Rio de Janeiro, que é dirigida pelo juiz Marcelo Bretas. A outra prisão temporária decretada foi do braço-direito de Nuzman, Leonardo Gryner.

De acordo com a polícia, a “Segundo Tempo” continua as investigações da compra de votos. A suspeita é que o pagamento foi feito pelo Comitê Olímpico Internacional. “Os presos serão indiciados por corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa”, informou a Polícia Federal, em comunicado. Em petição à 7ª Vara, a força-tarefa do Ministério Público diz que as investigações mostram que foram “colhidos elementos que comprovam, de maneira irrefutável, como se deu a operacionalização dos pagamentos e indicam para a atuação de outros atores até então desconhecidos”.

A ação é mais um desdobramento da Lava Jato no Rio, em que o ex-governador Sérgio Cabral (PMDB) é apontado como chefe de organização criminosa. Ele está detido desde o ano passado e responde a mais de dez ações penais.

Para cumprir dois mandados de prisão temporária e seis de busca e apreensão hoje, foram deslocados 20 policiais federais nas ruas do Rio com apoio de integrantes do Ministério Público. Eles cumprem as ordens nos bairros de Ipanema, Leblon, Laranjeiras e Centro. É lá que ficam casas e empresas de Nuzman e Gryner. A Justiça autorizou a quebra de sigilo telemático dos investigados, como mensagens de correio eletrônico, aplicativos de celular e ligações telefônicas.

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“Carlos Nuzman e Leonardo Gryner foram os agentes responsáveis por unir pontas interessadas, fazer os contatos e azeitar as relações para organizar o mecanismo do repasse de propinas de Sérgio Cabral diretamente a membros africanos do COI (Comitê Olímpico Internacional), o que foi efetivamente feito por meio de Arthur Soares (o “Rei Arthur”)”, dizem a petição do Ministério Público. O documento é assinado pelos procuradores da força-tarefa Leonardo Cardoso, José Vagos, Eduardo El Hage, Rodrigo Silva, Rafael Barretto, Sérgio Pinel, Fabiana Schneider, Marisa Varotto e Felipe Bogado.

Para eles, a prisão temporária de Nuzman e Gryner era necessária para garantir a ordem pública  e “para permitir bloquear o patrimônio, além de impedir que ambos continuem atuando, seja criminosamente, seja na interferência da produção probatória”.

Barras de ouro

Nuzman está há 22 anos na presidência do COB. De acordo com o Ministério Público, nos últimos dez anos, o conjunto de seus bens aumentou 457%, “não havendo indicação clara de seus rendimentos, além de manter parte de seu patrimônio oculto na Suíça”. A Procuradoria disse que um exemplo é que, apenas em 20 de setembro, depois da primeira fase da Unfair Play, é que Nuzamn declarou à Receita que possuía 16 barras de ouro, de 1kg cada uma, no exterior.

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“Existe uma situação de ocultação dos recursos em poder do representado e em outros países, o que dificulta o rastreio desses recursos e consequente recomposição dos danos ao erário”, afirmam os procuradores. “A atitude adotada em momento seguinte à deflagração da Operação Unfair Play demonstra obstrução das investigações sobre a ocultação patrimonial. Além disso, documentos apreendidos na residência de Nuzman demonstram que grande parte de suas contas é paga em espécie: um engendro característico do sistema de lavagem de capitais.”

O Ministério Público pediu o bloqueio dos bens do presidente do COB e de Gryner em até R$ 1 bilhão “pelos danos morais causados”.

A Operação Unfair Play é uma investigação conjunta entre países como Brasil, França, EUA, Reino Unido, Antígua e Barbuda. “Vasta documentação e provas robustas” indicam, segundo o Ministério Público, que “a organização criminosa de Cabral comprou o voto” do presidente da Federação Internacional de Atletismo, o senegalês Lamine Diack, por US$ 2 milhões.

Para a Procuradoria, o dinheiro para pagar os votos saiu da empresa Matlock Capital Group, do empresário Artur Soares, o “Rei Arthur”, que repassou a propina que pagaria a Sérgio Cabral diretamente para o senegalês. Tudo em troca dos votos pela escolha do Rio como sede das Olimpíadas de 2016. “O esquema criminoso completa-se com a ponta faltante: a atuação do Comitê Olímpico Brasileiro, por atuação de Carlos Arthur Nuzman, figura central nas tratativas para escolha da sede dos Jogos Olímpicos de 2016, e de seu braço-direito Leonardo Gryner”, conclui o Ministério Público.

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