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Temer minimiza investigação de seus ministros na Lava Jato: “Governabilidade não pode parar”

“The Mona Lisa”

“Temos reformas pela frente”, disse Temer

“Nós temos que seguir em frente”, avaliou o presidente Michel Temer sobre as delações “estarrecedoras”, feitas por 77 executivos e ex-executivos da empreiteira Odebrecht no âmbito da Operação Lava Jato, envolvendo nomes do primeiro escalão de seu governo. Nos depoimentos são citados oito ministros, 12 governadores, 24 senadores e 39 deputados federais. Entre eles estão os dois presidentes do Legislativo – Rodrigo Maia (DEM-RJ), da Câmara, e Eunício Oliveira (PMDB-CE), do Senado –, o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, e o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR).

O próprio Temer é mencionado durante as declarações prestadas aos membros do Ministério Público Federal (MPF). Entretanto, o ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), não autorizou inquérito para apurar a conduta do presidente, que goza de imunidade temporária (só pode ser investigado por atos eventualmente cometidos no exercício do mandato presidencial).

Acesse a lista com os 98 investigados

Em entrevista exclusiva à Jovem Pan na manhã desta segunda-feira (17), Temer disse se sentir “constrangido” com a citação “porque trata-se de uma inverdade”. “Eu tenho dito: ‘Olha, não vamos parar’. Ainda ontem [domingo, 16], fizemos reuniões com membros do governo, hoje e amanhã faremos com o Legislativo exata e precisamente para que não se altere a governabilidade”, ressaltou. Temer também ponderou que as “desagradáveis” e “preocupantes” alegações feitas pelos executivos “transmite uma imagem muito negativa do Brasil no exterior”.

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“Nós temos reformas pela frente, já fizemos muita coisa no país neste menos de um ano que eu estou à frente do governo e temos que fazer muito mais. Ou seja, é estarrecedor mas não deve ser paralisador. Não pode paralisar as atividades do Brasil”, acrescentou o presidente.

Os ministros

Questionado pela jornalista Vera Magalhães sobre o afastamento de ministros envolvidos no esquema de recebimento de valores ilícitos, Temer defendeu que a medida só deve ser tomada a partir da apresentação de provas robustas que validem os depoimentos. Em 13 de fevereiro deste ano, o presidente já havia se manifestado sobre o tema. O peemedebista disse que “se houver denúncia, o que significa um conjunto de provas eventualmente que possam conduzir ao seu acolhimento, o ministro que estiver denunciado será afastado provisoriamente”, e explicou que depois de acolhida a denúncia e esta ser aceita, o que transforma os ministros investigados em réus, o afastamento passará a ser “definitivo”. Temer destacou ser “muito provável que alguns ministros achem que não possam continuar, fiquem desconfortáveis no cargo e saiam dele”, mas ressaltou ser viciado em “cumprir a ordem jurídica”.

Entretanto, uma matéria divulgada no domingo (16), pelo Estadão, detalha a participação de Eliseu Padilha nas transações. O ministro-chefe da Casa Civil recebeu, pouco antes da data definida como o dia do pagamento pelo delator, 32 ligações do ex-diretor da Odebrecht que o citou em delação. Durante o depoimento prestado aos membros da força-tarefa da operação, José de Carvalho Filho apresentou aos investigadores o registro das chamadas telefônicas realizadas em 2014. De acordo com o executivo, Padilha recebeu R$ 9 milhões não contabilizados para realizar pagamentos a membros do PMDB. “Nitidamente se percebe a correlação dos dois eventos com as duas concentrações de ligações telefônicas com Eliseu Padilha”, diz José de Carvalho nos documentos.

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Reformas

Ainda durante a entrevista para a Joven Pan, Temer afirmou ser contra uma nova constituinte. “Vamos cronometrar no tempo. Você tem que fazer uma eleição para a constituinte, que vai levar um tempinho, pelo menos um, dois meses, três meses; depois você tem que ter os trabalhos da constituinte que, para ser séria, adequada competente, vai levar vários meses, se não levar um ano. A outra levou mais de dois anos. Então você veja o tumulto em que nós nos envolveríamos se as instituições estão neste momento funcionando adequadamente”, ponderou. “Então a primeira impressão que eu tenho é de que não vale a pena modificar o que está na verdade funcionando”, acrescentou o presidente.

Em seguida, Temer pontuou algumas reformas consideradas essenciais pelo governo do peemedebista e que, de acordo com o presidente, há muito tempo era discutidas mas em nenhum momento foram colocadas em prática. Entre elas estão a reforma do ensino médio, da Previdência, a trabalhista e a política. “Há mais de 20 anos se falava nela e jamais se fez, e agora nós realizamos essa reforma do ensino médio. Nós estamos promovendo a modernização da legislação trabalhista e, veja, pautado por uma palavra que é uma chave do meu governo, que é a palavra diálogo, que nós restabelecemos o diálogo com o Congresso.”

O presidente também falou sobre as alterações feitas no texto da reforma da Previdência. Para Temer, os recuos são resultado do debate criado entre Executivo e Legislativo para adequar o texto aos anseios da população.

“Nós vivemos em um presidencialismo democrático, quando vai para o Congresso, o Congresso vai ouvir as várias correntes sociais e vai dizer: ‘Precisa modificar aqui, modificar acolá’. Quando é algo que é fruto do sistema democrático, é você saber que você tem que negociar com o Congresso, verificar o que é possível fazer e até onde se pode ir. Então, digo eu, nós autorizamos o relator, em um dado momento, a fazer uma série de ajustamentos. E ajustamentos, convenhamos, socialmente adequados: a questão do trabalhador rural, a questão do benefício de prestação continuada”, explicou Michel Temer.

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