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Seca intensa impacta na geração de energia, na agropecuária e outros setores essenciais da economia. Foto: EBC

CRISE HÍDRICA

Sem ser votada pelo Congresso, MP da crise energética perde validade

07.11.2021 17:06 1

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A Medida Provisória 1055/21, que criou um grupo interministerial para assegurar o fornecimento de energia elétrica neste ano, perdeu a validade neste domingo (7) sem ter sido votada pela Câmara e pelo Senado. O texto foi publicado em junho pelo Executivo com o objetivo de contornar os efeitos que a falta de chuvas neste e no ano passado causou aos reservatórios das hidrelétricas, principalmente das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste.

A MP recebeu 248 emendas. O relator, deputado Adolfo Viana, chegou a apresentar o parecer preliminar, mas o texto acabou não sendo votado.

Em audiência na Comissão de Legislação Participativa da Câmara, na última sexta-feira (5), especialistas no setor de geração de energia elétrica e de recursos hídricos afirmaram que o governo errou ao editar a MP, que criou uma “Câmara de Regras Excepcionais para Gestão Hidroenergética” (CREG) para estabelecer medidas emergenciais sobre a crise hídrica. Para os participantes da reunião, a decisão da Câmara de deixar o texto caducar foi a melhor saída.

“A minha recomendação é deixar os efeitos dela acabar”, defendeu Jerson Kelman, que foi o primeiro presidente da Agência Nacional de Água (ANA). “A pior coisa que poderia acontecer é realmente dar sequência a isso, que já cumpriu sua necessidade emergencial. Transformar a medida provisória em lei se corre no risco de uma série de emendas jabutis que são emergenciais a todos.”

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As críticas ao texto foram generalizadas entre os participantes. O representante do Observatório de Governança da Água (OGA) Ângelo Lima, reclamou que a proposta do governo inverte papéis entre regulador e regulado na gestão dos recursos hídricos, cria insegurança jurídica e aumenta o risco hídrico para os demais usuários da água. “Não precisa ser criada uma nova câmara técnica. De outro lado, é importante dar transparência e informar a sociedade sobre o momento que a gente tá vivendo”, disse.

Vieram de Vicente Andreu, diretor-presidente da ANA de 2010 a janeiro de 2018, as críticas mais pesadas ao texto. Andreu disse que, apesar de a estiagem do Brasil não ser a mais grave da série histórica, o CREG, comandado pelo ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, “rasgou” as regras da agência reguladora enquanto esteve em vigor – chegando a permitir que as hidrelétricas com baixo volume de suas barragens operassem até o limite físico – ou seja, até não haver mais água para a geração de energia.

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“A governança foi um desastre completo, e colocaram o país totalmente dependente das chuvas que estavam por vir”, disse Andreu, durante sua fala, para quem a “operação em 2021 [dos recursos hídricos] foi uma operação absolutamente inadequada em prejuízo da sociedade brasileira.”

Para o ex-diretor do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) Luiz Barata, a situação pela qual o país passa hoje é de exaurimento do sistema de consumo de energia elétrica. Barata alerta que a crise hídrica, aliada a uma necessidade de um segundo empréstimo às distribuidoras de energia para compensar a queda de consumo causada pela pandemia, deve causar efeitos devastadores na conta de luz em 2022.

“A sociedade brasileira, como população, vai enfrentar altas enormes nos custos de energia a partir do ano que vem, seja pela correção da tarifa, seja pelo pagamento dos empréstimos”, advertiu Barata. “Se não olharmos para a frente, daqui a um ou dois anos estaremos repetindo esta mesma novela de má qualidade, que coloca o país de sobressalto e é extremamente custoso para a sociedade brasileira e para a economia como um todo.”

Organizadora do debate, a deputada Talíria Petrone (Psol-RJ) indicou que o momento é de evitar retrocessos na Política Nacional de Recursos Hídricos – mas ao mesmo tempo planejar uma reestruturação do setor energético brasileiro. “Talvez seja a coisa mais importante das pautas que estamos tratando aqui”, disse. A deputada também defendeu que a PEC 6/2021, que inclui o direito a água potável na Constituição, seja encaminhada dentro do Congresso. A MP 1.055 foi enviada ao Congresso no dia 28 de junho, junto de um pronunciamento do ministro Bento Albuquerque. (Com informações da Agência Câmara)

 

Uma resposta para “Sem ser votada pelo Congresso, MP da crise energética perde validade”

  1. AOS CRETINOS FUNDAMENTAIS QUE HAJAM DISPENSADO ESSE TRATAMENTO E ABORDAGEM NEFASTAS E FUNESTAS CONQUANTO À ADMINISTRAÇÃO DE TODA A OPERAÇÃO A ENVOLVER O SETOR ELÉTRICO, ENTÃO, NEM ÁGUA..

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