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Campanha a todo vapor: Bolsonaro em carreata nessa quarta-feira em Rio Verde, Goiás. Foto: Isac Nóbrega/PR

eleições 2022

Pesquisas de hoje são falsa tranquilidade

21.04.2022 08:20 0

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Eu confio e gosto de pesquisas eleitorais. Mas devemos ter cuidado com o que tiramos delas.

Após Bolsonaro demonstrar melhoria nas intenções de voto, surgiram, e com abundância nas redes sociais, muitas interpretações das pesquisas. Há interpretações estáticas e dinâmicas. As primeiras importam, mas as segundas importam muito mais.

Um grupo comemora as pesquisas. E aqui lembramos novamente o calendário de Ciro Nogueira que já comentamos em outras ocasiões, o qual projeta empate entre Bolsonaro e Lula já em maio. Para esses, os ganhos nas intenções de voto em finais de março e início de abril mostram que Bolsonaro irá reverter o quadro negativo. Quais as razões levarão a isso não se explicitou adequadamente – talvez a distribuição de dinheiro, melhor propaganda, discurso menos radical, palanques mais fortes etc.

Os que querem tirar Bolsonaro da presidência em 2023 postam-se do outro lado. Aqui abundam as interpretações.

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As estáticas são várias. Alguns somam os votos de quem ficará de fora no segundo turno – conforme o quadro de hoje – e os distribuem entre Lula e Bolsonaro. Avalia-se o impacto da saída de Sergio Moro e vê-se, para Bolsonaro, “a volta dos que não foram”, com o retorno de bolsonaristas meio insatisfeitos. A taxa de rejeição também é vista como um teto e fazem-se considerações sobre até onde um candidato pode crescer. Outros questionam a metodologia das pesquisas, desde os recortes de idade até a forma se presencial ou telefônica. Entram em detalhes dos vieses de uma pesquisa que use mais telefones fixos, questionam se pessoas pobres atendem mais ao telefone celular, etc.

Interpretações estáticas iluminam o quadro de hoje. Contudo, grave é que muitas dessas interpretações funcionam como elementos de esperança infelizmente falsas. Não adianta extrapolar o quadro atual para o futuro porque ele será diferente, novos elementos entrarão em cena. E aí avançamos para as análises dinâmicas.

Quando alguns olharam a taxa de rejeição como um teto, isso é real. Contudo, o teto se move, a depender da avaliação do governo e dos próprios candidatos. Igualmente, a distribuição dos votos daqueles que não alcançarem o segundo turno pode se dar de muitas formas, a depender da tônica da eleição, das mensagens fortes na hora da campanha. Nada, hoje, é garantido.

Assim, mais importante do que mostram as pesquisas agora, é o fato de que taxas de rejeição, intenção de voto e temas mais importantes podem variar.

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Hoje o governo é mal avaliado – a economia patina e continuará assim até outubro –, mas está distribuindo dinheiro adoidado para reverter votos. O tema da corrupção tenta ser levantado pelo governo, contudo, ele luta com suas próprias denúncias e problemas. Ainda, a manutenção da democracia, os direitos humanos e a proteção ao meio ambiente falam permanentemente a determinados grupos da sociedade, assim como a agenda moral e a corrupção.

Então, as pesquisas de hoje mostram um Lula ainda com certo conforto e um Bolsonaro ganhando posições. Contudo, para frente não há segurança da manutenção do quadro atual.

O que se vê agora é Bolsonaro com uma campanha em plena ação, com dinheiro e conivência de todas as autoridades de controle (o que foi a motociata senão campanha antecipada?). De outro lado, Lula avança com uma campanha ainda não estruturada, sem discurso claro, perdendo-se em temas que mais atrapalham do que ajudam, como as críticas à classe média. E nos interstícios a terceira via busca forma de se viabilizar.

O que importa no final das contas é quem vai conseguir modular o discurso às pretensões do eleitorado, e levar os temas da campanha para a seara que lhe for mais confortável: combate à corrupção, melhoria de vida, mudança, renovação, segurança etc.

Se a oposição pretende vencer a eleição, precisa abandonar o ainda confortável quadro das pesquisas de hoje e colocar na rua uma campanha organizada que foque na crise econômica e na necessidade de manter a democracia. Module seus discursos a cada público e sua necessidade, sempre com a mensagem que quer unir a nação, gerar prosperidade econômica e manter a verdadeira liberdade democrática, aquela que serve para nós e também para nossos adversários. Sem profissionalismo na campanha o barco vai pro brejo.

PS: a dificuldade de organizar uma campanha é que ela é distribuição de poder, já é um pré-governo. Abundam as cotoveladas e disputas por espaço.

O texto acima expressa a visão de quem o assina, não necessariamente do Congresso em Foco. Se você quer publicar algo sobre o mesmo tema, mas com um diferente ponto de vista, envie sua sugestão de texto para [email protected].

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