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O bom samaritano

11.08.2021 14:37 0
Atualizado em 10.10.2021 16:05

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Emanuel, Jaci e Oxalá escolheram o dia de domingo para um ritual novo. Neste dia da semana, um deles contaria uma história de sua religiosidade. Não haveria tema predefinido ou mesmo a obrigatoriedade de prova impressa da veracidade de seu conteúdo. Não faziam isso para impor a verdade que cada um professava, mas, sobretudo, para que pudessem aprender um com o outro, ou todos com cada um. A escolha ficaria destinada ao livre-arbítrio do contador ou contadora. A experiência já havia ensinado de que a surpresa é uma boa amante das narrativas e aventuras. Coube à Emanuel a escolha da primeira parábola dominical e ele, rapidamente, escolheu uma de suas prediletas, contando-a assim:

“Um homem descia de Jerusalém para Jericó, quando caiu nas mãos de assaltantes. Estes lhe tiraram as roupas, espancaram-no e se foram, deixando-o quase morto. Aconteceu estar descendo pela mesma estrada um sacerdote. Quando viu o homem, passou pelo outro lado. E assim também um levita; quando chegou ao lugar e o viu, passou pelo outro lado. Mas um samaritano, estando de viagem, chegou onde se encontrava o homem e, quando o viu, teve piedade dele. Aproximou-se, enfaixou-lhe as feridas, derramando nelas vinho e óleo. Depois colocou-o sobre o seu próprio animal, levou-o para uma hospedaria e cuidou dele. No dia seguinte, deu dois denários ao hospedeiro e lhe disse: ‘Cuide dele. Quando eu voltar lhe pagarei todas as despesas que você tiver’.
“Qual destes três você acha que foi o próximo homem que caiu nas mãos dos assaltantes?”
“Aquele que teve misericórdia dele”, respondeu o perito na lei.
Jesus lhe disse: “Vá e faça o mesmo”.

– Eu gosto muito da Parábola do Bom Samaritano, Emanuel – vibrou Jaci. – Lucas 10:30-37, não é?

– Você sabe tudo da Bíblia, Jaci – provocou Oxalá. – Está se tornando cristã?

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– Eu respeito muito o cristianismo, Oxalá! Mas sou da turma Tupã, meu pai – sorriu Jaci, não caindo na brincadeira do amigo. – É que passo a noite acordada e quando as criaturas humanas dão folga nas malcriações, atualizo minhas leituras.

– Só mesmo dormindo é que elas nos deixam relaxados – concordou Oxalá, para depois falar com Emanuel. – Eu também gosto desta parábola. Acho fantástico e corajoso admitir que a religiosidade não está na roupa ou no documento de identidade da pessoa. É uma clara mensagem de tolerância para com o próximo.

– Exato, meus amigos! Amar a Deus e ao próximo como a si mesmo são os melhores caminhos para herdar a vida eterna – comentou Emanuel. – Afinal não é o que está escrito na Lei?

– Nas nossas Leis, Emanuel! Nas nossas Leis também – sorriu Oxalá.

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– Eu sei Oxalá! Todos nós pregamos o amor – disse, candidamente, Emanuel. – Mas tão importante como estar escrito nas Leis, é sabermos como as criaturas as leem.

– É a nossa velha discussão, Emanuel – interveio Jaci. – Tão importante quanto a palavra é saber como a humanidade a enxerga. Como ela une o discurso à prática.

– Infelizmente as criaturas têm usado as Leis Universais que ensinamos contra o que está estabelecido nas próprias Leis – entristeceu-se Oxalá. – E muitas delas, cinicamente, dizendo que agem em nossos nomes, afirmando aos “credos dos que querem crer” que nós, as divindades, estamos “acima de tudo”.

– E esta é a maior lição ensinada pelo nosso bom samaritano. Não importou a ele o nome, a religião, a etnia, a cor, o gênero, o local de nascimento ou origem do desconhecido que necessitava de sua ajuda. Ele era, naquele momento, o próximo a ser amado – concluiu Emanuel. – O samaritano praticou o que está escrito na Lei. Faça isso, e viverá.

– Gostei muito do trecho que você selecionou, Emanuel! – comentou Jaci. – A próxima será a minha. Fiquem no aguardo.

– Amém! – encerrou Emanuel. – Na próxima semana será a vez de Jaci brilhar a nossa noite.

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