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Prioridade cega – a “cibercriminalidade” invisível para a Justiça

24.09.2017 07:30 0
Atualizado em 10.10.2021 16:39

O colunista Pedro Valls Feu Rosa chama atenção para o crescimento dos crimes cometidos pela internet e que são ignorados pelos Tribunais de Justiça, que são sobrecarregados com processos de tráfico de entorpecentes
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Dia desses meditava sobre a pauta de julgamentos das câmaras criminais lá do Tribunal de Justiça. Entra ano, sai ano, e o tema nunca varia: quase sempre tráfico de entorpecentes. Por outro lado, não me recordo de ter passado por lá sequer um processo relativo à criminalidade digital! Um único que fosse, ao longo de mais de duas décadas!

A propósito deste quadro  verdadeiramente mundial, registro  o chefe da Interpol, Khoo Boon Hui, lançou um sério alerta: 80% dos crimes cometidos por meio da internet são fruto da ação de quadrilhas poderosas, de amplitude mundial.

Citando um estudo da London Metropolitan University, acrescentou ele que este tipo de criminalidade tem causado mais prejuízos que o tráfico de cocaína, heroína e maconha somados. Estamos a falar de algo em torno de 750 bilhões de euros a cada ano – somente na Europa!

Vamos a outro exemplo: vítimas da denominada “criminalidade tradicional”, os bancos norte-americanos perdem, a cada ano, US$ 900 milhões  contra US$ 12 bilhões por conta da “cibercriminalidade”.

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[fotografo]Reprodução[/fotografo]

“O chefe da Interpol, Khoo Boon Hui, lançou um sério alerta: 80% dos crimes cometidos por meio da internet são fruto da ação de quadrilhas poderosas, de amplitude mundial”

Decidi buscar mais informações. Descobri que a África perdeu, em 2016, US$ 2 bilhões por conta deste delito. Na África do Sul, 70% dos habitantes já foram vítimas da criminalidade digital. Na Alemanha, uma a cada três empresas sofre ataques digitais. Em Israel, são inacreditáveis 1.000 ataques a cada minuto.

Na América Latina, os roubos tradicionais a bancos respondem por apenas 1,5% do problema, contra 98,5% dos praticados pela internet. O Brasil, segundo levantamento realizado pela empresa Kaspersky, é a vítima maior a nível planetário, com números superiores aos da Rússia e Alemanha, que o seguem.

Recente cálculo da seguradora britânica Lloyd’s demonstrou que um único ataque, se praticado em escala global, pode custar até US$ 121 bilhões de dólares para suas vítimas.

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Esta questão adquire contornos ainda mais sérios quando afeta e até mesmo coopta a geração seguinte. Na Austrália, por exemplo, 9.860 crianças foram presas ou processadas por conta de terem aderido a esta forma de crime  isto no já distante ano de 2008.

Enquanto isso ocorre, lá estão nossos melhores policiais e juízes, sufocados pela burocracia regionalizada em um mundo globalizado, combatendo sem êxito um problema que, segundo a ONU, é antes de tudo de saúde pública.

 

<< O crime eletrônico e nossa cegueira

<< Quando o celular “vai pelo ladrão”

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