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Escola da rede estadual de Mato Grosso. Foto: Mayke Toscano/Gov. MT

A crise sanitária e o aprofundamento das desigualdades educacionais

17.03.2021 10:00 3
Atualizado em 10.10.2021 17:28

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Danilo Cabral*

O Brasil atravessa um dos momentos mais graves de sua história. As crises sanitária, econômica e social não dão sinais de arrefecimento, pelo contrário, se aprofundam a cada dia. Superamos a triste marca de 260 mil mortes por covid-19, os sistemas de saúde estão a beira de um colapso e a  vacinação, caminho mais eficiente para a super ação da crise sanitária, segue a passos lentos, com a necessidade de implantação de medidas de isolamento mais rígidas. Uma tragédia sem precedentes.

Caminhamos para o aumento da pobreza e da desigualdade social, seja no curto prazo, pelo desemprego e exclusão social, como no longo prazo, em decorrência das condições de acesso à educação pelas camadas mais pobres. O atual contexto de fechamento das escolas enraíza as desigualdades educacionais, na medida em que o acesso à internet e a tecnologias educacionais passa a condicionar a formação escolar, em tempos de pandemia.

Sendo o ensino remoto a única solução pedagógica para manter minimamente o processo de ensino-aprendizagem, em um contexto de isolamento social, torna-se necessário dotar as redes de ensino de ferramentas para ofertar o ensino. Ao mesmo tempo, é necessário assegurar que os estudantes tenham equipamentos que viabilizem o acesso aos conteúdos disponibilizados. Ocorre que, além do fato de o ensino remoto exigir altos investimentos e formação de professores, por parte das redes de ensino, também se impõe a necessidade de superação da barreira da exclusão digital.

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O Censo da Educação Básica 2019 revela que as redes de ensino têm condições precárias de acesso à internet. No ensino fundamental, 38,5% das escolas municipais não possuem acesso à internet e somente 29,6% das escolas contam com internet destinadas à atividades de ensino e aprendizagem. Já no ensino médio, apesar de 90% das escolas estaduais terem acesso à internet, 35% não possuem internet para ensino e aprendizagem. Quanto aos estudantes, a situação é ainda mais complicada.
Segundo o estudo TIC domicílios de 2019, na zona rural brasileira, 48% dos domicílios não têm acesso à internet, sendo que 39% dos indivíduos nunca acessaram a internet. Nos domicílios das classes D e E esse percentual salta para 50%.

Diante da omissão do governo federal, em apoiar as redes de ensino para viabilizar o ensino remoto, eu e mais um conjunto de parlamentares da educação apresentamos o Projeto de Lei 3477/2020, destinando recursos para financiar o acesso à internet aos estudantes que não possuem. Na última
semana, o Congresso Nacional aprovou a proposição, estabelecendo que a União deverá destinar aos Estados e ao Distrito Federal o valor de R$ 3, 5 bilhões para aplicação, pelos Poderes Executivos, em ações para a garantia do acesso à internet, com fins educacionais, aos alunos e aos professores da rede pública de ensino. O projeto agora aguarda a sanção presidencial.

Apesar de sua indiscutível importância, a proposição é suscetível a um eventual veto pelo presidente da República. Sendo assim, urge a necessidade de mobilizar a sociedade em defesa de sua imediata sanção. A omissão, por parte do Estado, frente à exclusão de parcela considerável dos estudantes, que
estão impossibilitados de receber o ensino remoto, representa flagrante conivência com o aumento da desigualdade.

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Não há caminho para o desenvolvimento soberano do Brasil sem que a educação seja prioridade. Tampouco, há perspectiva de justiça social e cidadania para o povo sem oportunidades educacionais iguais para todos. #PL3477sancionabolsonaro

Por isso, faz-se necessário reafirmar a necessidade de garantir a inclusão digital dos alunos, especialmente daqueles de famílias mais vulneráveis. E buscar mobilização de toda sociedade para dar visibilidade ao projeto e pedir sua imediata sanção. A educação é o único caminho para o  desenvolvimento de um país. Só a educação gera oportunidades e cidadania para nossas crianças e jovens.

*Danilo Cabral é líder do PSB na Câmara dos Deputados

O texto acima expressa a visão de quem o assina, não necessariamente do Congresso em Foco. Se você quer publicar algo sobre o mesmo tema, mas com um diferente ponto de vista, envie sua sugestão de texto para [email protected].

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3 respostas para “A crise sanitária e o aprofundamento das desigualdades educacionais”

  1. 13582196 disse:

    Os governadores poderiam facilitar se reduzissem o ICMS global para 5%.
    Para se ter uma ideia, para cada R$100,00 gastos em energia R$ 30 é ICMS, para cada R$ 100,00 gasto em internet, R$30,00 é ICMS no ano são R$ 720 em ICMS SOMENTE EM ENERGIA E INTERNET.
    Se considerarmos outros outros impostos inclusive os federais e também toda a carga tributária em outros produtos e serviços, passa fácil dos R$2.000 reais anuais o prejuízo que a pessoa comum tem, dinheiro essencial que poderia ser investido em alimentos e materiais escolares, mas que lamentavelmente é utilizado por políticos para FORRAR CUECAS!

    • Jorge Teixeira Carneiro disse:

      Essa dinheirama toda não é só para isso.
      A própria ineficiente máquina pública consome uma fortuna do contribuinte anualmente.
      Cobra impostos de Bélgica e presta serviços de Índia.
      A minha filha está em aulas porque estuda numa escola particular.
      Ano passado, bem ou mal, teve aulas remotas pelo computador.
      Enquanto a escola dela funciona, praticamente em frente tem uma escola da prefeitura do Rio paralisada há mais de um ano.
      E os coitados dos alunos em casa sem fazer nada.
      E os professores e demais profissionais em casa, recebendo sem trabalhar.
      Esse achar que estão ”em casa” é por minha conta, eu que estou supondo, OK?

      • 13582196 disse:

        Isso de professores de escolas públicas receberem sem trabalhar é corriqueiro, e plenamente conhecido, muitos professores tiram falsas licenças médicas e ficam passeando.
        O problema com imposto em excesso garante dinheiro abundante e estimula a vagabundagem e corrupção, e a redução tributária não só estimularia o crescimento pelo aumento de mercadorias e serviços, como facilitaria maior adoção de serviços privados pela sociedade, e dessa forma diminuindo a necessidade de intervenção estatal, que ficaria restrito a uma minoria ínfima que realmente não possui condições de se criar sozinhas.

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