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Ministro do Planejamento, Dyogo Oliveira

As mudanças que vão atingir o bolso do servidor

16.08.2017 09:04 9

Reportagem
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[fotografo]Fábio Rodrigues Pozzebom ABr[/fotografo]

Ministro do Planejamento, Dyogo Oliveira anunciou as medidas ao lado do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles

Adiamento em um ano dos reajustes salariais já acertados, congelamento de salários, redução drástica na remuneração inicial do funcionalismo, aumento da alíquota previdenciária e revisão de benefícios. Essas são algumas das medidas que integram o pacote do governo para tentar reduzir o rombo das contas públicas, anunciado nessa terça-feira (15), junto com a revisão da meta fiscal para 2017 e 2018. Os pontos que dizem respeito a remuneração terão de passar pelo crivo do Congresso Nacional. Diversas categorias articulam greve e mobilização na Câmara e no Senado para tentar barrar as mudanças. E, para isso, contam com a proximidade das eleições para pressionar deputados e senadores.

O governo vai propor uma remuneração fixa para o ingresso no serviço público: R$ 2,8 mil para as categorias que exigem apenas o nível médio, e R$ 5 mil para as de nível superior. Também pretende reestruturar as carreiras do Executivo, definindo 30 níveis e revisões salariais anuais. “Podemos economizar até R$ 70 bilhões no acumulado de dez anos. Cada servidor custará 70% menos”, afirmou em coletiva o ministro do Planejamento, Dyogo Oliveira.

Sem reajustes

À exceção dos militares, todos os servidores federais do Executivo com reajuste negociado para 2018 só receberão a diferença salarial em 2019. O adiamento vai pegar em cheio professores, gestores públicos, funcionários das carreiras jurídicas, policiais militares e civis do Distrito Federal e ex-territórios, servidores do Banco Central, da Comissão de Valores Mobiliários, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

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Com a postergação da revisão dos salários, o Executivo estima economizar R$ 5,1 bilhões em 2018. Pelo acordo fechado inicialmente, essas categorias teriam aumento a partir deste mês de agosto ou janeiro do próximo ano. Entre aqueles que terão salários congelados estão policias federais e rodoviários federais, auditores da Receita Federal e do Trabalho, peritos do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), diplomatas e oficiais de chancelaria.

Teto

Funcionários que ganham acima de R$ 5,5 mil pagarão mais à Previdência – a alíquota, hoje de 11% passará a 14%, conforme a faixa de remuneração. “Também vamos estabelecer uma alíquota de contribuição previdenciária de 14% para o montante do salário que exceder o teto do INSS, hoje em R$ 5.531”, disse o ministro. A previsão é arrecadar R$ 1,9 bilhão com a medida.

Algumas das iniciativas anunciadas atingem funcionários com maior remuneração. O governo diz que vai se mobilizar para fazer valer a aplicação do teto do funcionalismo público federal, hoje em R$ 33,7 mil, atual remuneração dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). O primeiro passo nessa direção foi dado ontem, quando o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), desengavetou uma proposta que regulamenta o teto para os três Poderes ao determinar a instalação de uma comissão especial para analisar o projeto de lei. Com acúmulo de penduricalhos, há casos de magistrados e outros servidores que ganham mais de R$ 100 mil por mês. O cumprimento do limite salarial apenas no âmbio da União, segundo o governo, vai proporcionar uma economia de R$ 725 milhões por ano aos cofres públicos.

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Auxílio-moradia

O governo quer reduzir, em 25% por ano, o valor pago como auxílio-moradia, que hoje chega a R$ 4,3 mil, e restringir a quatro anos o direito ao benefício. Com essa revisão, a equipe econômica espera economizar anualmente até R$ 35 milhões. As ajudas de custo para transferência de cidade de funcionários, que hoje chegam a três remunerações mensais, também serão reduzidas – para, no máximo, um salário. Estimativa de economia: R$ 49 milhões por ano.

Segundo Dyogo Oliveira, a remuneração das carreiras federais está acima dos valores de mercado. De acordo com o ministro, um servidor de nível fundamental ganha, em média, 3,5 vezes mais que o trabalhador da iniciativa privada com a mesma escolaridade. No nível médio, de acordo com o ministro, essa diferença é de 2,8 vezes. Já no nível superior, a distância é de 2,1 vezes. O pacote do governo também inclui o cancelamento dos reajustes de gratificações e cargos comissionados, além da extinção de 60 mil cargos hoje vagos no Executivo.

Pacote de bondades

O ajuste ocorre dias após o Palácio do Planalto ter acertado uma renegociação das dívidas do agronegócio, defendido pela bancada ruralista, e no momento em que parlamentares com débitos milionários com a União ameaçam romper com o governo em troca de benesses. E que os deputados se articulam para criar um fundo público com R$ 3,6 bilhões para candidatos gastarem nas próximas eleições.

O acerto com os ruralistas foi fechado nas vésperas da votação que livrou o presidente Michel Temer de virar alvo de denúncia por corrupção no Supremo Tribunal Federal (STF). Já no caso do novo Refis, reivindicado por deputados e senadores que somam dívidas bilionárias, o Executivo ainda tenta recuperar sua proposta original, menos generosa com os devedores.

Veja a relação de parlamentares e seus financiadores que devem bilhões à União

9 respostas para “As mudanças que vão atingir o bolso do servidor”

  1. Damir disse:

    Nâo estivesse situação das autoridades nos poderes (Ministérios, Senado e Câmara dos Deputados) envolvidas em citações de graves Ilícitos aguardando oportunidade de a PGR ou o STF decidir sobre as investigações sobre o envolvimento mesmos, certamente teriam mais credibilidade esses projetos tais como as reformas trabalhista e previdenciária e agora esse pacote fiscal que novamente como nos planos anteriores RECAIRÁ sobre a população incumbência de cobrir os rombos, as ineficiências, as incompetências e os desvios de conduta (a questão do envolvimento em ilícitos) na gestão pública dos poderes da República mais uma vez. É uma lástima, uma tragédia, uma INJUSTIÇA ficar jogando sobre os ombros da população as incoerências, as contradições e por vezes a falta de integridade dos que estiveram e ainda estão na condução dos destinos do País por força do foro privilegiado.

  2. Fernando Luis disse:

    Claro, que paga é o pequeno. Esse vampiro gastou uma fortuna para se livrar do processo e desconta no bolso dos servidores. O responsáveis por isso são os coxinhas e o PSDB que botaram esses golpistas no poder. Malditos coxinhas, maldito PSDB!

  3. Jefferson Viana disse:

    Há 5, 6 anos, quando o brasil ainda crescia não se falava nada disso, mas agora pegunta-se isso vai melhorar os serviços públicos? tem juízes recebendo 300 mil , tem pensão de militares pra filhos etc…, até dizer chega, tem as dividas dos politicos, dividas dos ruralistas…

  4. Nestor Oliveira disse:

    O governo está apodrecendo a olhos vistos. Este governo é fronteiriço e retardado, pois só agora notou que a hierarquia de salários, como está, é escabrosa e escrota. Quanto ao arrocho nos reajustes já aprovados é desleal e covarde, pois vai mexer com expectativa de direito legítima para manter os privilégios existentes (ilhas da fantasia e verbas indenizatórias, por exemplo). O aumento da alíquota é redução salarial disfarçada. Aliás, sejamos realitas, o arrocho só passa na CD se a tropa do governo aprovar o Fundão de 3,5 milhões. Se passar no Congresso, deve cair no STF. É pena que não vão aprovar por enquanto o aumento do IR das “PJ”, única forma de artistas e os próceres da imprensa endinheirados esboçarem reação condigna.

  5. Alexandre Lima disse:

    PARABÉNS!!! acabam de ferrar de vez com os já péssimos serviços públicos no Brasil, afinal, funcionário mal tratado e mal remunerado, vai gerar serviços ainda piores. “O povo agradece” #issoébrasil

  6. Hildeberto Aquino disse:

    O tão grave é que tentam (e por vezes conseguem) nos fazer de idiotas e nós nos calamos servilmente. Tememos até indagar os porquês. Por que não se corta na Justiça? Por que não mexem no Legislativo (Senado e Câmara) com milhares de cargos de favores. Vejam o custo de cada. E ainda custeamos viagens de membros dos Tribunais de Conta para o exterior (fazer o que já que se o desmando é AQUI?)!!!

  7. João Carlos Matarazo disse:

    E quando um político vai passar a custar menos para o Estado? Boa sorte pro governo com essa proposta surreal. Quero ver quem vai ser o otário de ir trabalhar e fazer o mesmo serviço que o colega do lado que ganhar 17 mil.

  8. Sérgio Cerqueira disse:

    Aposentadoria: Militares 30serv, Civis 60idade+35serv.
    Contribuição: Milts 7%, Civs 14%
    Reajuste: Milits=mantido, Civs: Adiado
    Estou imaginando coisas ou é uma garantia para o Temer que os Urutus vão para a rua quando precisar?
    Só queria entender.

    • João Carlos Matarazo disse:

      É bem isso mesmo, até porque… tem eleição? Manda o exército. Problema de segurança no Rio? Manda o exército. Combate a dengue? Exército. Problema com a seca? Exército. Atendimento médico à população ribeirinha onde civil não quer ir? Exército. Se ficar sem eles, aí que a coisa vai pro brejo mesmo.

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