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Igrejinha da Asa Sul

Brasília de A a Z: o que diz o I

28.03.2017 13:15 0

Reportagem
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Igrejinha da Asa Sul

Igrejinha Você me mostra Brasília? Mostro. Por onde começamos? Pela Igrejinha Nossa Senhora de Fátima. Ué, não era pela Torre de TV? Não. Mudei de ideia. Começamos pela Igrejinha. Por quê? Porque foi ali que a cidade deu seus primeiros passos. A partir dali se consegue explicar o conceito que Lucio Costa tinha para a cidade: a Unidade de Vizinhança. A Asa Sul com vários minibairros, quatro quadras que teriam uma igreja, a Igrejinha, uma escola, a Escola Parque, um clube, o de Vizinhança, e um cinema, o Cine Brasília. E uma comercial, que ficou conhecida como Rua da Igrejinha. Não deu certo.

Infantil Antes de listar os livros sobre Brasília para crianças, quero contar esta história que aconteceu comigo no aeroporto. Fui viajar com os meus filhos gêmeos, Klaus e Max, ainda pequenos, mas já muito sabidos. Cheguei atrasado no check-in e pedi um assento na janela. A atendente disse que não seria possível. Perguntei mais uma vez. O Klaus puxou minha camisa e disse: “Pai, não insiste, você está sendo infantil”.

Agora os títulos:

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JK, o lobo-guará, de Alessandra Roscoe e Jô Oliveira;

Brasília de A a Z, de Tino Freitas;

Brasília de Cerrado à Capital, de Lucília Garcez e Jô Oliveira;

Romance do Vaqueiro Voador, de João Bosco Bezerra Bonfim;

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Cidade dos Ratos, de Lourenço Cazarré;

Entre Eixos, de Margarida Patriota;

A Flor do Cerrado: Brasília, de Ana Miranda.

Inferno no Gama Nome do primeiro filme do piauiense Afonso Brazza, com Claudette Joubert, sua mulher. A história do encontro dos dois, não o filme, é o que nos interessa. Conheceram-se nos anos 1970, em São Paulo, na Boca do Lixo, onde ela era a musa das pornochanchadas e ele, marceneiro e eletricista nos estúdios. E foi ali que José Afonso dos Santos Filho aprendeu tudo de ouvido. Os tempos se passaram. Claudette ficou viúva e Afonso virou bombeiro em Brasília, onde começou a fazer filmes trash, de baixo orçamento,sendo conhecido como o “Rambo do cerrado”. Sabendo da sua viuvez, nosso intrépido cineasta foi até São Paulo e se declarou. Voltaram juntos para o Gama e ela virou estrela dos seus filmes. Que belo roteiro. Afonso Brazza faleceu em 2003 e é a lenda mais cult do cinema candango.

Invisível Certa vez, cruzando a área de futura superquadra 207 Norte, aquela sem blocos e ainda com algumas árvores do cerrado, tropecei num pequeno cupinzeiro. Caí de lado, com o ouvido encostado no chão, e comecei a ouvir alguns barulhos que me pareciam familiares. Logo os identifiquei como motores de carros, cães latindo e crianças gritando. Algumas buzinas. Me quedei ali, caído por alguns minutos, intrigado com os sons que ouvia, vindos, misteriosamente, do fundo da terra. Sim, ali há uma superquadra invisível, com habitantes que levam a mais normal das vidas, pois ouvi também televisões ligadas, porteiros chamando jardineiros e babás conversando. Numa noite qualquer, um pouco antes das nove, indo ao Sebinho, que fica ali perto, resolvi caminhar pelo centro da superquadra sem blocos. Procurei um lugar afastado, com capim mais baixo e encostei meu ouvido no chão. Me concentrei: ouvi novamente crianças jogando bola, cães latindo, pessoas conversando, mais televisões ligadas, barulho de alguns poucos carros… Como eu suspeitava. Fiquei a imaginar como as pessoas ali se deslocavam, sendo que a terra para eles não era nenhum impedimento. Viveriam num tipo de bolha ou redoma? Ou transitariam normalmente por entre a terra gasosa? Ou seria uma terra invisível – assim como é o oxigênio e o nitrogênio para nós, que vivemos aqui em cima. Fiquei a me perguntar: será que essa superquadra submersa se conecta com outras, também subterrâneas? E se houvesse uma Brasília oculta e fantástica embaixo da cidade real? A maior diferença entre os habitantes da parte superficial, esta em que vivemos, da Brasília subterrânea é que, nesta última, certamente todos são brasilienses felizes.

Ipê É a árvore símbolo de Brasília mesmo que oficialmente seja o buriti. Não temos a Praça do Ipê, nem precisamos. Todos celebramos a chegada das floradas dos ipês. Primeiro o roxo, depois o amarelo, o rosa, e aí o branco. Mas pode ser o contrário, que a natureza tem um relógio que às vezes atrasa. Ou adianta. E é bom lembrar que os ipês não são máquinas de produzir flores. Como todas as plantas, têm seus humores. E é preciso respeitar isso. Brasília hoje é uma cidade-parque, uma das mais bem arborizadas do mundo, embora nas satélites o planejamento não tenha deixado muito espaço para o verde, infelizmente (por que será?). Assim como a construção da cidade, a sua arborização também foi uma epopeia. Na época, plantavam-se árvores que estivessem disponíveis no mercado e a maioria morria. Nos anos 1980 a ideia luminosa: vamos plantar espécies nativas (bingo!) e tudo começou a mudar. Hoje a cidade se reconciliou com a flora nativa. Ainda bem.

Israel Pinheiro Não, Israel Pinheiro não era uma pessoa amorosa. Não em público. Na privacidade do lar, certamente. Mas do jeito dele. Ficou no imaginário brasiliense a ideia de um homem rude, insensível. Mas era justo e eficiente. Solidário, incansável. Respeitado, temido e admirado, festejado por todos, candangos e engenheiros. Seria hoje o que chamamos de workaholic. Ah, importantíssimo para os dias atuais: honesto. Claro, não convivi com ele, mas conheci pessoas que trabalharam diretamente com Israel, seu motorista, por exemplo. Disse-me que até JK tinha medo dele. (E o todo poderoso Dr. Israel só tinha medo da sua mulher, dona Coracy). Sim, a história deu mais valor a JK, Niemeyer, Lucio Costa, Burle Marx, Athos Bulcão…

Israel Pinheiro era o gerentão, o homem de chicote na mão, que cobrava os prazos para entrega das obras. E como bem disse JK: “Sem ele eu não teria construído Brasília”. E não teria mesmo, sabemos. A família de Israel Pinheiro, achando que ele foi injustiçado, esquecido, pediu uma herma em sua homenagem, um pilar de pedra, retangular, onde se colocou seu busto, na Praça dos Três Poderes. Faleceu em 1973. Pronto, Israel Pinheiro. Você está no meu livro afetivo sobre Brasília. Descanse em paz.

Outros verbetes de BRASÍLIA-Z – Cidade-palavra, de Nicolas Behr:

Brasília de A a Z: o que diz o A

Brasília de A a Z: o que diz o B

Brasília de A a Z: o que diz o C

Brasília de A a Z: o que diz o D

Brasília de A a Z: o que diz o E

Brasília de A a Z: o que diz o F

Brasília de A a Z: o que dizem o G e o H

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