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Cacarejos

14.04.2015 09:00 0

Reportagem
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No Brasil, desde 1934 é proibida a briga de galo. Apesar de proibida​s,​ elas ainda existem. ​Nos fundos de quintais, nos cafundós dos bairros, no interior deste imenso Brasil e nos ringues. ​Estas últimas, feitas nos ringues​,​ são​,​ às vezes​,​ transmitidas ​pela TV.

As rinhas clandestinas são feitas por animais que provavelmente não quer​i​am brigar e só brigam pela natureza do animal, assim mesmo ​após terem sido treinados​ e atiçado​s​ pelo homem.

As brigas em cima dos ringues são feitas por animais racionais, que se postam, muitas vezes, como galos​. E se exigir deles ​algum debate sobre qualquer tema literário, político, cultural etc., na maioria das vezes​,​ vai conseguir ouvir somente um cacarejo.

As brigas de galo foram proibidas pelo ​d​ecreto ​f​ederal 24.645/34, que proíbe “realizar ou promover lutas entre animais da mesma espécie ou de espécies diferentes, touradas e simulacro de touradas, ainda mesmo em lugar privado”.

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Ao buscar informações sobre as rinhas de galo​,​ tomei conhecimento, pela internet, que existe uma “Liga de Prevenção da Crueldade contra Animal”, situ​ada no Rio de Janeiro.

Há também, pelo Brasil afora, inúmeras entidades de defesa dos animais. Ao tomar conhecimento desta ​l​iga​,​ pensei que ela poderia exercer um ​papel ​​mais ​humano, interditar a briga de “galos” em cima de ringues e transmitidas pela TV.

Creio que isto é possível, pois isto já ocorreu na história do Brasil. O advogado Sobral Pinto, católico fervoroso, foi designado pela Ordem dos Advogados do Brasil, em 1937, para defender os comunistas Luís Carlos Prestes e o alemão Harry Berger. Ambos estavam presos por terem organizado e participado da Intentona Comunista. Berger foi preso, barbaramente torturado e mantido na cadeia em condições subumanas.

Na defesa de Harry Berger, Sobral Pinto entrou com um pedido de habeas​ ​corpus e baseava seus argumentos em um artigo da Lei de Proteção dos Animais, pois a condição da cela era pior que os locais onde eram mantidos os animais.

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No ​último mês de março​, vi uma foto que não me sai da memória: um homem com o rosto todo ensanguentado e com o aspecto de (dor) choro. Uma imagem horrível.

Ao pé da foto era informado que se trata de Gilbert “Durinho” Burns, lutador de UFC. Informa também que é aquele que​,​ ao final da luta​,​ cacarejou​:​ “Dilma, pede pra sair”.

Desde então a foto e a frase não me sa​íram​ da cabeça​,​ e me trouxe​ram​ ​à​ memória ​o fato de ​que a briga de galo é proibida no Brasil. Se a briga de galo é proibida e se a briga de rua também, por que trazer a briga de rua para cima do ringue? E​,​ pior, transmiti​-la​ pela TV.

As lutas de UFC se assemelha​m​ a rinhas de galos. Nada de usar o cérebro, somente a força muscular e a violência. Na briga​,​ rompem-se músculos, tendões, ossos, dentes e​,​ muitas vezes​,​ inunda​-se​ o ringue de sangue. O cérebro pode também ser lesionado definitivamente, mas​,​ para ser um lutador desses, inteligência já deve estar faltando. Ou é inteligente dar a cara para bater?

A relação não é direta, mas há de se perguntar: o que se pode exigir intelectualmente desses homens e daqueles que​,​ na torcida​,​ urram e aplaudem? Se sábios e inteligentes fossem​,​ iriam para cima do ringue ou ficariam na torcida? Aplicar ​ou​ torcer pela violência, sinceramente​,​ não é ser inteligente.

Quando o senhor “Durinho” declarou (ou cacarejou?) “Dilma, pede pra sair”, Eduardo Guimarães, do Blog da Cidadania, escreveu: “Valer-se de pessoas que usam os punhos e pés em vez do cérebro para fazer pregações intelectuais faz todo sentido em um momento como este. A política brasileira, atualmente, em tudo se assemelha a essas arenas sangrentas”. Tudo vale. Basta ver o comportamento golpista da oposição ao governo Dilma e ao PT.

A direita brasileira​,​ em conjunto com a imprensa, também de direita​,​ tem trabalhado com afinco para que ocorra um golpe de Estado no país​. P​ara ​tanto, estão lançando mão inclusive de golpes baixos, como muitos destes “galos de briga” fazem.

Sugiro ​à​ “Liga de Prevenção da Crueldade contra Animal” e ​a ​todas as demais entidades de proteção animal, que encontrem outro Sobral Pinto para entrar com ação proibindo estas lutas. Se não conseguir proibi-las, que​,​ pelo menos​,​ proíba​-se​ a transmissão ​pela TV.

Leia mais texto do deputado Dr. Rosinha

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