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Corrupção leva à prisão e ao ostracismo cinco dos principais caciques políticos de Brasília

18.10.2016 18:58 0
Atualizado em 19.10.2016 23:08

Reportagem Em
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[fotografo]Agência Brasil[/fotografo]

Gim, Arruda e Roriz: lideranças da política de Brasília que caíram em desgraça após denúncias de corrupção

 

 

O primeiro senador cassado da história da República (Luiz Estevão), o primeiro governador preso no exercício do mandato (José Roberto Arruda). Dois ex-senadores e um ex-vice-governador encarcerados (Arruda, Gim Argello e Benedito Domingos). Dois ex-senadores que renunciaram ao mandato para escapar da cassação (Arruda e Joaquim Roriz). Em comum entre eles, a condição de caciques regionais acusados de corrupção que vivem hoje entre o ostracismo político, a prisão e os rolos judiciais. Neste começo de século, a política de Brasília se tornou pródiga na produção de escândalos. A série parece não ter fim: o comando do Legislativo do Distrito Federal, por exemplo, está afastado há quase dois meses de suas funções, após determinação judicial, por suspeita de envolvimento em um esquema de corrupção.

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Mas por que a capital do país, que já abriga centenas de parlamentares sob investigação dos 26 estados do país, também gera tantos políticos acusados de irregularidades? Para o cientista político Leonardo Barreto, a vida centrada no poder público e os defeitos do sistema eleitoral favorecem o envolvimento de autoridades com corrupção. “Há um excesso de dependência do poder público. Essa vinculação excessiva cobra um preço alto de Brasília”, avalia. “Na capital, quem é empresário vira fornecedor do poder público. Há diversas categorias vinculadas ao serviço público. Isso gera muitas possibilidades de desvios”, complementa o cientista político, sócio da consultoria Factual Informação e Análise.

Doutor em Ciência Política, Leonardo é um dos participantes do debate que o Congresso em Foco promoverá nesta quinta-feira (20) para discutir os desafios econômicos, políticos, urbanísticos e ambientais de Brasília. Além dele, também participam do encontro, aberto a todos os interessados, o arquiteto José Galbinksi e o economista José Luiz Pagnussat. O evento, que será realizado das 9h às 12h no auditório do Uniceub, marca o lançamento da página do site voltada para a capital federal.

Contradição e “fratura social”

Em sua exposição, Leonardo Barreto vai explicar por que, na visão dele, a política local de Brasília vive uma contradição permanente ao acumular tantas crises institucionais. “Por um lado, tem a população mais escolarizada e urbana do Brasil, mas isso não se converte na qualidade do seu sistema político, como se poderia prever”.

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Na avaliação de Barreto, as instituições políticas da capital federal ainda não se consolidaram. De um lado, parte da população contesta a existência da Câmara Legislativa, criada pela Constituição de 1988, Por outro, o Executivo já enfrentou experiências traumáticas, como a prisão do então governador José Roberto Arruda, em 2010. Dez anos antes, Arruda já havia renunciado ao mandato de senador, acusado de violar o painel de votação do Senado, para escapar da cassação. Em 2014, ele tentou voltar ao Executivo local, mas foi barrado pela Lei da Ficha Limpa. O ex-governador acumula condenações na Justiça.

Segundo Leonardo Barreto, o sistema político de Brasília reflete a “fratura social” que existe no Distrito Federal. “Essa divisão social e geográfica se reflete muito politicamente. Só há uma outra força que rivaliza com a territorial, que é a divisão corporativa”, explica. Em sua tese de doutorado, o cientista político mostra como a Câmara Legislativa é composta basicamente por dois universos. “Há deputados regionais, de comunidades, e deputados de corporações. Em Brasília, de cada dez votos, só três se convertem em mandato. Outros sete vão para um candidato que vai perder a eleição. Isso arrasa a conectividade entre o eleitor e seus representantes. Cada deputado fica tentando atender o seu cliente.”

Soluções

Para ele, a solução passa por uma reforma do sistema político e também administrativa. Uma das alternativas apontadas pelo cientista político é a redução da estrutura do Legislativo local, com a possibilidade inclusive de que os deputados distritais deixem de ser remunerados e passem a trabalhar como voluntários.

A política de Brasília não será o único tema a ser discutido no debate desta quinta-feira, no auditório do Bloco 1 do Uniceub, na 907 Norte. A necessidade de gerar mais oportunidades de trabalho numa unidade federativa com taxa de desemprego próxima de 20% e as medidas exigidas para desenvolver o Distrito Federal sem descuidar da sua identidade urbanística e da preservação ambiental também serão discutidas.

A iniciativa marca o lançamento de uma nova seção neste site, que nasce com o propósito de ajudar a compreender a capital do país. Com atualização diária, a página Congresso em Foco Brasília pretende debater pontos centrais para o futuro da cidade, que aos 56 anos de existência já é a terceira mais populosa do Brasil, com aproximadamente 3 milhões de habitantes. O rápido crescimento da população tem trazido problemas próprios das metrópoles brasileiras, como o aumento da violência, o trânsito cada vez pior e a precariedade dos serviços de saúde, educação e transportes.

Como as vagas são limitadas, garanta a sua presença confirmando o comparecimento na página do evento no Facebook ou pelo endereço [email protected]. O evento tem o apoio do Uniceub e da Federação de Comércio do Distrito Federal (Fecomércio-DF).

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