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Em jogo: Que medo!

Frente parlamentar vai na contramão do combate ao aquecimento global

01.09.2015 11:30 0

Reportagem Em
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O deputado Afonso Hamm (PP-RS), que recebeu R$ 70 mil de indústrias carboníferas de financiamento de campanha nas últimas eleições, lidera a reinstalada Frente Parlamentar Mista em Defesa do Carvão Mineral. Ele defende o crescimento do setor, embora a ideia vá de encontro com os últimos estudos para combater a elevação da temperatura da Terra. Além de Hamm, o Truco no Congresso checou os discursos da deputada Érica Kokay (PT-DF), sobre sua arrecadação durante campanha eleitoral, e do senador Álvaro Dias, sobre taxa de juros.

Em jogo: Que medo!

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“O mundo todo utiliza carvão mineral para 41% da geração elétrica; e o Brasil, menos de 2%. Então, nós temos espaço [para crescer].” – Afonso Hamm (PP-RS), deputado federal, durante evento em que foi reinstalada a Frente Parlamentar Mista em Defesa do Carvão Mineral, na terça-feira (25)

A frente parlamentar liderada pelo deputado Afonso Hamm vai na contramão dos últimos estudos sobre aquecimento global. Para tentar evitar um aumento da temperatura do planeta, muitos países têm buscado reduzir as emissões de carbono. A ideia é trocar combustíveis fósseis, como o carvão mineral, por fontes alternativas.

O último Relatório de Avaliação do Clima, elaborado pelo Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), aponta um aumento nas emissões de gases do efeito estufa entre 2000 e 2010, ocasionado pelo crescimento do uso de carvão para geração de energia. O relatório constata que, caso as emissões de gases do efeito estufa continuem com a mesma intensidade, a temperatura no planeta pode aumentar até 4,8º Celsius até o fim do século.

Os reflexos da intensidade do aquecimento global podem ser observados com o derretimento das geleiras e aumento do nível do mar, além das secas mais prolongadas. A recomendação é de investimento em energias com pouco ou sem carbono – o que não é o caso do carvão. Leia mais.

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Em jogo: tá certo, mas peraí

“Tenho orgulho de ter a minha campanha financiada por pessoas físicas.” – Érika Kokay (DF), vice-líder do PT na Câmara, na quinta-feira (27), durante bate-boca com parlamentares na CPI dos Fundos de Pensão

A maior parte das doações recebidas pela parlamentar nas eleições do ano passado realmente veio de pessoas físicas. Mas é possível fazer uma outra leitura quando os dados são analisados com mais detalhe.

Nas eleições de 2014, a deputada federal Érika Kokay (PT-DF) recebeu R$ 823 mil de 132 doadores. Desses, 131 são pessoas físicas. O único doador que não se encaixa nessa categoria foi o PT, que contribuiu com o maior valor. O partido deu R$ 237 mil à parlamentar. Esses recursos tiveram como origem o fundo partidário e correspondem a cerca de 29% do total recebido por Érika.

Entre as pessoas físicas, o maior doador foi o ex-governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT-DF), que tentou se reeleger naquele ano e não conseguiu. Ele doou R$ 172 mil à parlamentar. A segunda maior doação, de R$ 37 mil, veio da própria Érika. Somando essas duas doações com as do PT, é possível concluir que o partido e pessoas ligadas à legenda foram os maiores doadores de sua campanha, com uma soma de R$ 446 mil (ou 54% do total).

Em jogo: Não é bem assim...

“De acordo com estudo realizado, a taxa de juros do Brasil é de 14,25%. Em conformidade com esse estudo, descontada a inflação dos últimos 12 meses, a taxa de juros reais no Brasil está em 4,92%. É a maior do mundo.” – Álvaro Dias (PSDB-PR), no plenário, na terça-feira (25)

Apesar de elevada, não existem dados atualizados que permitam afirmar que o Brasil tem a maior taxa de juros do mundo. O Banco Central, por exemplo, monitora apenas 13 economias, todas com índices inferiores ao brasileiro.

O estudo citado pelo senador Álvaro Dias (PSDB-PR), publicado em julho pela consultoria MoneYou, comparou somente as 40 maiores economias globais. Como a Organização das Nações Unidas (ONU) tem 193 membros, o universo analisado representa apenas 20,7% do planeta. Nesse grupo, que é limitado, o Brasil apresenta as mais elevadas taxas de juros reais. Consideradas as taxas de juros nominais – que não levam em conta a inflação –, o Brasil cai para o terceiro lugar da lista, atrás da Argentina e Venezuela.

Segundo os dados mais recentes do Banco Mundial, relativos a 2014, o Brasil teve a terceira maior taxa de juros reais entre 110 países pesquisados, atrás de Madagascar e da Líbia – mesma posição do ranking de 2013, quando foram monitoradas 127 economias. Apesar de ser mais completo, o levantamento também não é abrangente o suficiente para incluir todos os membros da ONU.

Definida pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, a taxa Selic corresponde aos juros nominais da economia brasileira e serve de base para estabelecer outros índices, como aqueles cobrados em empréstimos bancários. Em 30 de julho, a Selic atingiu o maior valor desde 2006, 14,25%.

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