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Mesmo com baixa adesão, organizadores avaliam positivamente greve geral em Porto Alegre

30.06.2017 21:04 0

Reportagem
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[fotografo]Eduardo Amaral/Divulgação[/fotografo]

Greve Geral pouco interferiu na rotina da capital gaúcha. Houve conflitos e depredação de patrimônio

 

Por Eduardo Amaral
Especial para o Congresso em Foco

Dispersão e pequenos protestos foram a marca da Greve Geral em Porto Alegre. As ações começaram ainda na madrugada, quando os grupos se dividiram para fazer barricadas nas garagens de empresas de ônibus na capital gaúcha.

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Das 11 empresas responsáveis pelo transporte coletivo, sete tiveram a saída interrompida no início da manhã. Em dois locais a Brigada Militar (BM) usou bombas de efeito moral e gás de pimenta para dispersar os manifestantes. A primeira ação foi na sede da empresa Nortran, responsável pelas linhas da zona norte da cidade. A ação durou pouco mais de cinco minutos, e os ônibus foram liberados por volta das 5h30.

Outro local que teve conflito entre Brigada e manifestantes foi na Carris, localizada na zona leste. Diferente do que aconteceu na Nortran, a saída demorou um pouco mais pois os manifestantes reagiram a ação do pelotão de choque da BM. Os relatos são de que rojões e pedras foram atirados contra o batalhão, o que é repudiado pelos manifestantes.

“Não seríamos loucos de atirar contra o pelotão de choque da Brigada, fortemente armado”, afirmou o representante da CSP Conlutas, Érico Corrêa. Ele reconhece que os rojões foram utilizados, mas afirma que os mesmos foram jogados para o ar.

Bombas de gás foram disparadas para dispersar os manifestantes que ocupavam a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), que incendiaram pneus para bloquear a rua Sarmento Leite por volta das 6h. Após a dispersão inicial, o grupo voltou a bloquear a mesma via, mas em outro ponto, desta vez sem o uso de de pneus queimado. Mesmo assim a BM voltou a usar bombas de gás após uma tensa negociação.

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Apesar dos conflitos entre manifestantes e polícia, a Greve Geral pouco interferiu na rotina da capital gaúcha. No centro da cidade, local onde os protestos se concentram ao longo da manhã, o comércio funcionou normalmente. Apenas os bancos ficaram fechados durante o dia, exceção feita as instituições públicas como Banrisul e Caixa Econômica Federal. O maior impacto foi causado no Teensurb, que começou a operar uma hora mais tarde do que o habitual e sem cobrar passagem. Isso aconteceu porque o sindicato dos funcionários manteve a greve, mas a empresa decidiu manter o funcionamento dos trens. Apesar disso, a empresa alegou não ter como cobrar o valor da passagem pela falta de pessoal.

Uma decisão judicial determinou a presença de pelo menos um funcionário para atender os passageiros nos horários de pico, o que foi considerado insuficiente pela empresa. A justificativa dos gestores do Teensurb foi classificada como uma “balela” pelo presidente do Sindmetro RS, Luis Henrique Chagas em entrevista à rádio Guaíba. Durante todo o dia o Teensurb funcionou com uma tabela horária diferente.

Prisões geram controvérsia

Ainda durante a manhã três homens foram detidos após a BM dispersar os manifestantes que bloqueavam a saída da garagem da empresa Carris. Os primeiros presos foram dois manifestantes acusados de apedrejar ônibus que tentavam sair. Os dois foram encaminhados para o Palácio da Polícia e liberados poucas horas depois.

De acordo com a Associação dos Transportes de Passageiros de Porto Alegre (ATP), pelo menos 13 coletivos foram depredados.

O caso mais polêmico foi a prisão do professor da rede estadual, Altemir Kozer. Ele foi preso por carregar rojões e pedras. De acordo com a BM os materiais foram utilizados para atacar a tropa de choque, o que é negado pelos organizadores.

Diferente dos outros manifestantes, Kozer não foi liberado, mas encaminhado ao sistema prisional. Como o Presídio Central está lotado, ele foi encaminhado para o centro de triagem Pio Buck.

À tarde, uma comitiva se reuniu com o Secretário Chefe da Casa Civil, Fábio Branco, para cobrar a libertação de Kozer e garantir o tratamento adequado para o professor. “Ele não é do sistema prisional, queremos garantir que ele tenha um tratamento digno”, afirmou Corrêa.

De acordo com o sindicalista, Branco se comprometeu a averiguar o caso. A secretaria não confirmou que Kozer foi enquadrado na lei anti-terrorismo.

Outra cobrança dos manifestantes foi quanto a ação da BM. De acordo com o grupo, os policiais abordaram as mulheres chamando-as de “vagabunda”, entre outros xingamentos.

Outra queixa teria sido a abordagem em favor do deputado federal Jair Bolsonaro (PSC/RJ). Segundo os relatos, os brigadianos abordavam os manifestantes dizendo: “espera o Bolsonaro ganhar e vamos bater mais ainda”. Em nota o governo disse que vai apurar as denúncias​.

Opção de legenda: Ápice​ dos protestos aconteceu em frente ao Palácio Piratini, sede do governo gaúcho, quando esteve reunido o maior número de pessoas.

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