Reportagem – é o aprofundamento de uma notícia ou o mergulho em um fato importante, mesmo que não seja recente, em busca de revelações exclusivas. A reportagem, na acepção aqui utilizada, está no universo do “jornalismo investigativo”, que remete ao esforço para tornar públicos fatos relevantes que autoridades ou pessoas poderosas gostariam de manter ocultos. Uma boa reportagem requer pesquisas intensas, entrevistas com grande diversidade de fontes, reiteradas checagens e cuidado especial na apresentação do conteúdo final, que pode trazer complementos como vídeos, infográficos, mapas e painéis de visualização de dados. Também deve trazer – ou, no mínimo, tentar obter – as explicações de quem pode ter sua imagem arranhada pela sua publicação.
Tenho profundo respeito pela Constituição do nosso país. Como membro do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), sempre procurei pautar minhas ações em consonância com o texto constitucional, de forma a seguir aquilo que ele determina. É uma postura obrigatória a todos os agentes públicos mas, infelizmente, não é seguida em muitos casos, gerando enormes prejuízos aos contribuintes e ao bom funcionamento dos poderes Legislativo e Executivo tanto nacional quanto estaduais e municipais.
Aqui no DF temos numerosos exemplos de leis e demais atos normativos que foram declarados inconstitucionais após aprovação em plenário e até mesmo sanção do governador. Ou seja: todo o trabalho despendido, desde a concepção até a formatação, passando pela apreciação em comissões e, finalmente, a aprovação pelos parlamentares, foi perdido e não gerou benefício algum para a população. Há um custo para isso, e ele é alto. Por ser dinheiro público, oriundo de impostos dos contribuintes, deve ser respeitado. Aqui no DF, demos um passo importantíssimo nesse sentido.
Recentemente, a CLDF aprovou o Projeto de Resolução (PR) 12/2011, de minha autoria, que propõe a adoção de súmulas para barrar a tramitação de projetos notadamente inconstitucionais. Essa é uma luta que venho travando há uma década. Após tramitar por duas legislaturas, a proposta, apresentada em nome da Comissão de Constituição e Justiça quando tive a honra de presidi-la, foi aprovada pela Mesa Diretora e pelo Plenário. Agora, seremos a primeira casa legislativa do Brasil a utilizar-se de súmulas para impedir a tramitação de proposições inconstitucionais.
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Ulysses Guimarães ergue em 1988, no plenário da Câmara, a então recém-nascida Carta Magna: “Dr. Constituinte”
Apenas como exemplo da dimensão do problema, essas leis depois declaradas inconstitucionais geram profundas distorções e prejuízos, impactando, por exemplo, na ordem fundiária e urbanística, como a tentativa de autorizar a doação de terrenos irregulares de até 250 metros, recentemente declarada inconstitucional pelo Tribunal de Justiça (TJDFT). Outras chegam mesmo a constranger a casa legislativa, como a que obrigaria motociclistas a usarem coletes infláveis, igualmente declarada inconstitucional.
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Grande parte do problema reside no chamado vício de origem. Isso ocorre quando o legislador extrapola suas competências atuando em matérias exclusivas do Executivo ou da União. E é aí que entram as súmulas. Em síntese, esse instrumento consiste em um documento que registra a interpretação pacífica ou majoritária adotada a respeito de um tema específico, a partir da apreciação de diversos casos análogos, com a dupla finalidade de tornar público o entendimento para a sociedade e para os deputados bem como de promover a uniformidade entre as decisões.
Agora, esperamos reduzir sobremaneira os projetos inconstitucionais, que geram falsa expectativa na população, garantindo economia de tempo e recursos humanos, materiais e financeiros. Dessa forma, contribuímos para que a CLDF direcione cada vez mais suas energias para aquilo que de fato a sociedade espera de nós, parlamentares, que é o trabalho sério e efetivo em prol do desenvolvimento sustentável da nossa região, aprovando matérias relevantes e dentro dos princípios legais.
Chico Leite
Chico Leite é procurador de Justiça (licenciado), professor de Direito e atualmente exerce o quarto mandato de deputado distrital. É líder da Rede Sustentabilidade no Distrito Federal
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