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Revistas: Sócios de Valério contam estratégia para lucrar com o PT

25.05.2013 08:48 2
Atualizado em 27.05.2013 08:43

Reportagem
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ISTOÉ

Os sócios de Valério abrem o jogo

Após 8 anos em silêncio, os ex-sócios de Valério na agência SMP&B Cristiano Paz e Ramon Hollerbach abrem o jogo e contam como foi montada a estratégia para ganhar dinheiro com o PT e revelam os bastidores da aproximação e briga com o operador do mensalão

Sentados numa sala de reuniões no primeiro andar de um edifício discreto no bairro de Santa Lúcia, em Belo Horizonte, os publicitários Ramon Hollerbach Cardoso, 65 anos, e Cristiano Paz, 61, aguardam pelo debate de recursos no Supremo Tribunal Federal para saber qual será seu futuro – o próximo e o distante. No final de 2012, quando o Supremo Tribunal Federal anunciou as 25 condenações do mensalão, Hollerbach recebeu a pena de 29 anos, 7 meses e 20 dias de prisão. Cristiano pegou 25 anos, 11 meses e dez dias. Apenas Marcos Valério, sócio de ambos em duas agências de publicidade, recebeu pena maior que a deles: 40 anos.

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Se não conseguirem obter nenhuma revisão da sentença nos próximos meses, Paz e Hollerbach passarão pelo menos quatro anos e dez meses na cadeia. São projeções otimistas, na verdade. Além do mensalão no STF, os dois enfrentam outros inquéritos em instâncias inferiores da Justiça que podem produzir novas penas – e novos períodos de restrição de liberdade, como diz a linguagem jurídica. Em qualquer caso, Hollerbach terá completado 95 anos quando a sentença que recebeu no final de 2012 chegar ao fim. Pelo menos até os 86 anos Paz estará submetido à condição de apenado, mesmo que fora do cárcere. “Somos vítimas de uma história que começou errada, continuou errada, mas não pode terminar errada,” afirma Hollerbach. O ex-sócio, como Paz, na semana passada, quebrou um silêncio de oito anos sobre o caso. Em entrevista à ISTOÉ, ambos contaram como e por que se aproximaram e, depois, brigaram com Marcos Valério e em que situação foram apresentados a Delúbio Soares, ex-tesoureiro petista. Revelaram ainda os bastidores da reunião em que acertaram o empréstimo de R$ 10 milhões ao PT com um dirigente do Banco Rural.

Toda pessoa que já conversou com um condenado a caminho da cela sabe que ouvirá juras permanentes de inocência e queixas veementes contra a Justiça. É compreensível e mesmo humanitário. A dúvida é saber quando essas manifestações expressam o interesse individual de quem tenta recuperar a liberdade a qualquer custo, e quando expressam fatos verdadeiros, que merecem um novo exame da Justiça. Qualquer que seja o juízo que se faça sobre o destino de Hollerbach e Paz, é preciso reconhecer que se trata de uma situação que não pode ser resolvida em ambiente de Fla-Flu. Envolve denúncias e provas aceitas pela mais alta corte de Justiça do País, mas também inspira um debate sempre bem vindo sobre direitos e garantias individuais, que será feito nos próximos meses, quando o STF examinar os recursos dos condenados.

Garganta profunda da ditadura

Informante que entregou 12 mil páginas à Comissão Nacional da Verdade com mentiras da Marinha sobre desaparecidos políticos abre caminho para novas revelações

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Novembro, 1993. O presidente Itamar Franco está no poder há um ano, após o conturbado processo que levou ao impeachment de Fernando Collor de Mello, primeiro presidente eleito após a ditadura. A sociedade brasileira clama por transparência. A Câmara dos Deputados e o Ministério da Justiça enviam um ofício à Marinha pedindo esclarecimentos sobre 11 desaparecidos políticos no período dos anos de chumbo (1964-1985), entre eles o deputado Rubens Paiva. É a primeira vez que um chefe de Estado coloca a instituição contra a parede para dar explicações do assunto – e ela afirma que os tais guerrilheiros estão “foragidos”.

O Brasil descobre agora, 20 anos depois, que as Forças Armadas mentiram em plena democracia. Na semana passada, a Comissão Nacional da Verdade (CNV) revelou estar de posse de documentos oficiais inéditos que dão uma nova versão sobre o destino desses desaparecidos políticos. Segundo a pesquisadora Heloísa Starling, o órgão de informação da Marinha (Cenimar) elaborou um prontuário, em 1972, no qual mostrava que essas pessoas estavam mortas. Trata-se, portanto, de falsidade ideológica. Um informante entregou a papelada, que tem 12.072 páginas no total, para a equipe que Heloísa coordena no CNV no final do ano passado. Tanto a íntegra quanto o nome de quem entregou, no entanto, são mantidos em sigilo pela equipe que está analisando o material. “Não divulgamos tudo para não perder a chance de descobrir outros documentos”, diz Heloísa, professora doutora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). O fato de que começam a surgir informantes capazes de esclarecer esse passado sombrio é uma grande notícia. As assinaturas e os carimbos do Cenimar foram analisados por historiadores independentes, que comprovaram sua autenticidade.

Em comunicado oficial, a Marinha negou as contradições e revelou ter enviado os dados requisitados em 1993. Rosa Cardoso, coordenadora da CNV, declarou que poderá recorrer à Justiça com um mandado de segurança para obrigar a abertura dos arquivos das Forças Armadas. A resistência em assumir os fatos não é novidade – vide as ossadas do Araguaia. “Eles podiam mudar de postura, fazer uma autocrítica em relação às práticas passadas, adequar-se à democracia”, afirma Marcelo Zelic, do grupo Tortura Nunca Mais. “Ou vão ficar com cara de tacho a cada prova que vier à tona.”

Na mira da comissão de ética

Uso da estrutura do Ministério da Pesca para beneficiar ONG ligada ao ministro Marcelo Crivella, denunciado por ISTOÉ, será investigado

Na segunda-feira 20, a Comissão de Ética da Presidência da República decidiu investigar o uso da estrutura do Ministério da Pesca em benefício da ONG Fazenda Nova Canaã, ligada ao titular da pasta, Marcelo Crivella. A decisão foi tomada após ISTOÉ mostrar que a superintendência do ministério na Bahia e um órgão estadual que recebe dinheiro da Pesca foram acionados para montar um projeto de criação de tilápias na ONG de Crivella, em Irecê. O Estado da Bahia tem 19 mil entidades sociais em funcionamento, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mas a ONG fundada pelo ministro acabou sendo a escolhida para iniciar a criação de tilápias. Em reunião com a participação do próprio Crivella em março, Cássio Peixoto, atual presidente da Bahia Pesca, disse que a implantação dos tanques-rede na Fazenda Nova Canaã era um de seus projetos prioritários. Afirmou ainda que a parceria com o ministério beneficiaria 1,5 mil piscicultores.

Graça Foster na Casa Civil?

Saiba por que a presidenta da Petrobras voltou a ter seu nome cotado para assumir o ministério mais importante do governo. Mercadante corre por fora

A presidenta Dilma Rousseff anda reflexiva nos últimos dias. Os sucessivos problemas de falta de articulação política no Congresso somados aos questionamentos da oposição sobre a capacidade de gestão do governo levaram Dilma a avaliar uma mudança na Casa Civil ainda este ano. Como em 2010, durante a montagem do Ministério, surge novamente com força o nome da atual presidenta da Petrobras, Maria das Graças Silva Foster, para ocupar o cargo. A interlocutores, a presidenta confidenciou que, desde a saída de Antonio Palocci da Casa Civil, em junho de 2010, ela se ressente de uma pessoa com pulso forte para mediar as relações com a base aliada no Congresso, possua características de gerente, como ela, e não tenha pretensões eleitorais. Graça Foster se enquadraria perfeitamente nesse perfil. Seria, assim, uma espécie de nova Dilma na Casa Civil. Alguém capaz de cuidar da coordenação dos principais programas do governo. Uma das falhas atribuídas à atual ministra, Gleisi Hoffmann, além de não transitar com desenvoltura no Congresso, é a sua inoperância gerencial.

Confusão tamanho familia

Polícia Federal investiga as causas do tumulto nos saques do Bolsa Família. Apesar da tese da orquestração política, disseminada tanto pelo governo quanto pela oposição, equívocos operacionais não estão descartados

Na semana passada, o País assistiu a dois movimentos paralelos de realidades brasileiras que raramente se comunicam. Nas periferias de 13 cidades, beneficiários do Bolsa Família se desesperaram nas filas de agências da Caixa Econômica Federal para sacar os recursos destinados a famílias com renda per capita abaixo de R$ 140 por mês, motivados pela notícia de que a assistência seria suspensa. Na cúpula do poder em Brasília, ministros se apressaram em dizer que o boato era um ato político. Maria do Rosário, que comanda a Secretaria de Direitos Humanos, escreveu no Twitter que se tratava de um “ato da central de notícias da oposição”. O ministro da Justiça, Eduardo Cardozo, colocou a Polícia Federal no caso e disse ter sido uma ação orquestrada. Irritada com o caos que se instalou, Dilma Rousseff criticou os boatos e fez campanha declarada em defesa do programa, antecipando o discurso eleitoral em defesa dos mais pobres. Ao longo da semana, entretanto, os governistas perceberam que era mais fácil falar em ações políticas do que provar que houve realmente uma mobilização de ataque ao Bolsa Família.

 

VEJA

 

Filhos? Não, obrigada

As mulheres que dizem não à maternidade fazem parte de uma revolução de costumes que está mundando a cara do Brasil e do mundo.

Dirceu e Erenice agora fazem lobby juntos em Brasília

Até junho de 2005, quando chefiava a Casa Civil da Presidência da República, o então ministro José Dirceu centralizava praticamente todas as ações do governo. Poderoso, nada acontecia em Brasília sem antes passar pelo seu gabinete. Flagrado no comando do mensalão, o maior esquema de corrupção política da história, ele deixou o governo, abriu um escritório de advocacia, arregimentou clientes na iniciativa privada e ganhou muito dinheiro vendendo uma mercadoria das mais valorizadas na praça: a influência no poder. A ex-ministra Erenice Guerra chefiou a mesma Casa Civil até setembro de 2010. Pilhada no comando de um esquema familiar que assessorava clandestinamente empresas privadas interessadas em fazer negócios com o governo, ela foi demitida. Assim como Dirceu, montou um escritório de advocacia, reuniu uma carteira de clientes na iniciativa privada e também lucra oferecendo acesso ao poder. A novidade é que os dois ex-ministros agora estão operando juntos. Montaram em Brasília uma joint venture do lobby – uma parceria que atende empresas e empresários interessados nos mais variados negócios com o governo.

Contas públicas

Os governadores à beira da irresponsabilidade fiscal

Justiça

O novo ministro do Supremo e o mensalão

Congresso

A carta do senador Suplicy ao ex-presidente Lula

Governo

O uso eleitoral dos pobres do Bolsa Família

Comissão da Verdade: um ano e nenhum resultado

 

 

ÉPOCA

 

15 jovens mostram a cara do Brasil

ÉPOCA convidou 15 brasileiros que nasceram com a revista para imaginar o futuro do país

15 conquistas brasileiras em 15 histórias

15 heróis que inspiram nosso povo

 

CARTA CAPITAL

Site da revista estava fora do na manhã deste sábado (25)

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