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Sem testemunhas, relator do caso Vargas fala em “proteção” do PT

18.06.2014 13:04 0

Reportagem
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Nenhuma testemunha compareceu para depor no processo do Conselho de Ética da Câmara para apurar eventual relacionamento antiético do deputado André Vargas (ex-PT-PR) com réus da Operação Lava Jato. Deveriam ser ouvidas oito pessoas nesta quarta-feira (18), incluindo três membros do PT, como o presidente nacional do partido, Rui Falcão, e dos deputados Cândido Vaccarezza (SP) e Vicentinho (SP)

O relator, Júlio Delgado (PSB-MG), disse que a ausência “diz muito” e que significa “proteção” do PT mesmo após o partido pedir o mandato do ex-correligionário. O advogado de Vargas, Michel Saliba, negou a suspeita e disse que seu cliente não manteve nenhum relacionamento antiético, mas “institucional” com um empresário. Com a ausência das testemunhas, novo convite será feito para que os esclarecimento sejam prestados na semana que vem.

André Vargas pediu desfiliação do PT – embora seu pedido não tenha sido comunicado oficialmente à Câmara até hoje – para não ser expulso da legenda, depois que a Polícia Federal revelou mensagens interceptadas de seu telefone celular revelando ligações com o doleiro Alberto Youssef, preso na Operação Lava Jato e, para a PF, um dos controladores do laboratório Labogen. Nos torpedos, o deputado intermedeia interesses de Youssef em negócios no Ministério da Saúde para o Labogen. Nas conversas, Youssef diz que o contrato garantiria a “independência financeira” dos dois. O doleiro ainda pagou um jatinho para levar Vargas e a família para passar as férias em João Pessoa (PB) no final do ano passado.

Hoje, deixaram de comparecer, alegando problemas de agenda, o secretário de Ciência e Tecnologia do Ministério da Saúde, Carlos Gadelha, que participou das negociações com o Labogen, e o dono do avião usado pelo deputado, Bernardo Tosto. Youssef será ouvido apenas em 1º de julho por videoconferência, porque está preso desde o início da Operação Lava Jato, e é necessário a autorização do juiz para falar ou se ausentar do presídio. De acordo com Delgado e o presidente do Conselho de Ética, Ricardo Izar (PSD-SP), os demais não informaram o motivo da ausência. Além dos petistas, Gadelha, Tosto e Youssef, deveriam comparecer também Leonardo Meireles e Esdras Ferreira, donos do Labogen, ao menos formalmente. Para a PF, o doleiro é o verdadeiro proprietário do laboratório.

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‘Proteção’ e ‘estranheza’

Delgado e Izar lamentaram a ausência das testemunhas e acusaram o deputado Sibá Machado (PT-AC) de quebrar um acordo. De acordo com eles, o petista pediu para os depoimentos de Falcão, Vaccarezza e Vicentinho serem adiados da semana passada para hoje.

O advogado de Vargas, Michel Saliba, pediu para que os depoimentos fossem tomados apenas após os autos da Operação Lava Jato – parte na Justiça Federal do Paraná e parte no Supremo Tribunal Federal – chegassem ao Conselho de Ética. Mas Delgado rejeitou o pedido. Saliba deve recorrer ao plenário do colegiado. Delgado entende que a medida é para atrasar o processo e que o caso vai andar mesmo com a Copa do Mundo e as eleições. “Às vezes o silêncio diz muita coisa. Seria bom que eles dissessem alguma coisa. Senao, a contaminação eleitoral não vai pra mim, mas para eles”, disse o deputado, possível candidato a governador em Minas Gerais, contra Pimenta da Veiga (PSDB) e Fernando Pimentel (PT).

Além disso, o advogado lembrou que não existem denúncias contra seu cliente, mas apenas trechos do inquérito – que não é dirigido especificamente contra Vargas – publicados em reportagens da imprensa. Saliba afirmou que o deputado não teve relação com ‘o doleiro Youssef”, mas com “o empresário Yossef”. “Ele não tinha bola de cristal para saber que o empresário ainda agia como doleiro”, justificou o advogado.

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Michel Saliba disse que o PT não protege em nada seu cliente, ao contrário, quer tomar seu mandato. “Como uma ‘proteção’ dessas…”, ironizou o advogado de Vargas. Ele disse que há um clima eleitoral nas afirmações de Delgado, possível candidato em Minas contra PT e PSDB, mas prefere acreditar na independência do Conselho de Ética. “O destaque dado a esse processo às vezes me causa estranheza”, disse Saliba.

Testemunhas

Para sua defesa, a defesa de Vargas listou oito testemunhas, quase todas residentes no Paraná. Pelo regimento, ele terá que arcar com as despesas de locomoção dessas pessoas. São elas, o presidente do PT paranaense, o deputado Ênio Verri, o prefeito de Apucarana, Beto Preto, o próprio Alberto Youssef, sua assessora parlamentar Cleide Amorim, além de Altair Zampier, Jãoo Carlos Peres, Luiz Flores e Roberto Veloso.

O Conselho de Ética tem que terminar o processo até 5 de setembro.

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Atualizada às 13h38

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