Publicidade

Os pobres se matam. Os ricos… ​

25.02.2018 08:24 5

Publicidade

Em junho do ano passado​,​ publiquei o artigo ​”​Não ​à​s ​’​reformas​'”​. No artigo​,​ cito o livro ​​América Latina y el capitalismo global: una perspectiva crítica de la globalización (Ed. Siglo XXI, México, 2005), de William I. Robinson.

Na apresentação do livro​,​ Robinson escreve que a crise (econômica) se caracteriza por seis aspectos: (1) Ecológico; (2) Desigualdades globais sem precedente; (3) “A magnitude dos meios de violência, o alcance deles, e sua concentração em mãos de pequenos grupos poderosos, sem precedentes na história”; (4) O sistema capitalista est​á​ “chegando ao limite da expansão extensiva e intensiva…”; (5) Aumenta​m​ as filas dos marginalizados: os que não têm acesso ao trabalho e condenados a serem “supérfluos”, sujeitos a “sofisticados sistemas de controle e repressão –até o genocídio–enfrentando um ciclo de perdas-exploração-exclusão”; e (6) O colapso econômico de 2008 mostrou o desajuste entre a globalização econômica e a autoridade baseada em um Estado-Nação.

No livro​,​ Robinson lembra o estudo da Oxfam publicado em 2015​ que mostra que o 1% mais rico da população mundial possui mais riqueza que o resto do mundo. De 2015 para cá, usando o mesmo método, anualmente a Oxfam tem publicado um relatório sobre a concentração da riqueza no mundo, mostrando que a situação só tem piorado.

Em 2016​,​ o estudo mostra que 62 bilionários (mais ricos do mundo) eram mais ricos do que metade da população mundial. Cabiam num ônibus e todos sentados.

Publicidade

A velocidade da concentração de renda do mundo é escandalosa. Se em 2016 eram 62, em 2017 este número caiu para oito. Esses oito acumulam U$S 426 bilhões, o equivalente à riqueza de 3​,​6 bilhões de pessoas. O mundo tem cerca de 7,5 bilhões de ​habitantes.

O relatório da Oxfam lançado este ano (2018) mostra que 82% do crescimento patrimonial ocorrido no mundo entre 2016 e 2017 foram parar nos bolsos, ou nas contas bancárias, do 1% mais rico. Nesse curto período​,​ este 1% mais rico do mundo acumul​ou​ US$ 762 bilhões. Esse montante seria suficiente para acabar sete vezes com a pobreza no mundo.

Enquanto isso, a metade mais pobre da população do mundo, 3,7 bilhões de pessoas, não ficou com nada.

A concentração da riqueza que se dá no mundo também ocorre no Brasil. Os cinco homens (só homens) mais ricos do Brasil t​ê​m uma riqueza igual ou maior que metade dos brasileiros.

Publicidade
Publicidade

Esses bilionários não ficaram ricos porque trabalham, mas sim por que exploram o trabalho e se apoderam (dos países) dos Estados para coloc​á​-los ​a​ seu serviço. Quando encontram alguma resistência em algum Estado​,​ derrubam o governo resistente. Preferem o caos a um Estado-Nação. O Estado-Nação tem regras, leis e Constituição para serem cumpridas.

O Brasil estava sendo construído, constituído como um Estado-Nação, tanto internamente como externamente. Esse tipo de Estado o capital rentista não tolera. Ele precisa de um Estado a seu serviço ou o caos, onde podem agir sem nenhum controle.

Todos os seis aspectos que Robinson cita est​ão​ explicitado​s​ no Brasil pós-golpe: o meio ambiente sendo entregue ​à​s grandes empresas; as desigualdades aumentaram, só de desempregados hoje são mais de 13 milhões de pessoas; a violência aumentou; o capitalismo es​tá​ sendo intensificado pela entrega das estatais, como a Petrobr​a​s, Eletrobr​a​s, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, ao setor privado; a fila dos marginalizados só faz crescer e com isso os “supérfluos”, sujeitos a “sofisticados sistemas de controle e repressão – até o genocídio”.

Há no Brasil uma guerra em que os pobres se matam e os ricos aplaudem e acumulam mais e mais riqueza. São marginais pobres se matando para o controle das “bocas de fumo” ou se matando no confronto com policiais, também pobres (mal remunerados) como eles. É nesta guerra entre pobres que Temer, o Vampirão, chama o Exército para intervir. Ocorre que os meninos que vão para a guerra também são filhos de (pobres) trabalhadores.

São meninos que saíram de casa para servir o Exército e um dia voltar.

Muitos serão enviados para a guerra: como serão quando voltarem?

Os pobres se matam. Os ricos se tornam mais ricos, inclusive como resultado da guerra.

5 respostas para “Os pobres se matam. Os ricos… ​”

  1. 13582196 disse:

    Foram o PT e a esquerda brasileira que criaram essa situação ao apoiarem o tráfico de drogas, com o intuito de estupidamente financiarem a “luta” das FARC, ELN, Sendero Luminoso e outros grupos marxistas/maoistas contra os Estados Unidos e agora, nós pagadores de impostos que somos as verdadeiras vítimas aqui, estamos sofrendo com esse remédio amargo por consequência dessas doença chamada PT!

  2. mariossergio disse:

    Rosinha fala do “Brasil pós golpe”. De que golpe se trata? O último que tivemos foi em 1964, há mais de 50 anos. E os problemas por ele apontados não tem nenhum vínculo com o golpe militar, como o desemprego cavalar que se iniciou na gestão Dilma, os lucros exacerbados de empreiteiras e bancos durante a gestão Lula, as desigualdades sociais existentes desde o descobrimento. E a corrupção, que existe há muito tempo, sendo levada a extremos a partir de 2003 com o início do mandato do PT na Presidência da República? Nada a comentar? E a entrega de estatais pelo PT nas mãos de corruptos, como a Petrobras, Correios, Eletrobras, BNDES, Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), Docas,
    Banco do Nordeste, Fundação Nacional de Saúde (Funasa), Fundo Nacional
    de Desenvolvimento da Educação e Departamento Nacional de Obras
    Contra as Secas? Será que não deram mais prejuízos que se privatizadas fossem?

    E na falta do que criticar, já que Rosinha não costuma tecer críticas ao partido mais corrupto do Brasil (um pouco mais que PSDB, MDB e PP, também corruptos), ele vira sua metralhadora giratória contra um ato que é uma tentativa de se minimizar a violência. Ah!, não foi o PT que propôs a ação militar? Então é ruim, prejudicial à sociedade. Típica demagogia petista…

  3. Walldemar Sobrinho disse:

    Longos 23 anos de esquerda no Brasil e o índice de violência numa escalada maior que em países declaradamente em guerra. Coincidência ? Pois não é não. Esse papo de 1% mais rico é puro blá blá blá e não resolve o problema. Vamos pegar a fortuna do 1% mais rico e dividir igualmente pelos 99% mais pobre. Sabe o que vai dar ? Nem um mês de sub-existência para os pobres. Esclarecendo, acabar com o 1% mais rico não transforma os 99% de pobres em classe média, basta fazer uma aritmética simples pra constatar (caso algum esquerdista esteja lendo, vai precisar de ajuda, então pergunte para alguém com cérebro sobre esse símbolo aqui ÷). A esquerda é composta por canalhas de toda sorte que sempre buscam um “inimigo comum” a quem devem sempre combater. A História se repete da mesma forma e com os mesmos resultados.

  4. Fábio disse:

    Como esse Dr. Rosinha é repetitivo…
    Quer forçar o argumento que o partido do petrolão e da maior recessão econômica da história defende os pobres. Ninguém é bobo de acreditar.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Se você chegou até aqui, uma pergunta: qual o único veículo brasileiro voltado exclusivamente para cobertura do Parlamento? Isso mesmo, é o Congresso em Foco. Estamos há 17 anos em Brasília de olho no centro do poder. Nosso jornalismo é único, comprometido e independente. Porque o Congresso em Foco é sempre o primeiro a saber. Precisamos muito do seu apoio para continuarmos firmes nessa missão, entregando a você e a todos um jornalismo de qualidade, comprometido com a sociedade e gratuito. Mantenha o Congresso em Foco na frente.

Seja Membro do Congresso em Foco

Apoie