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Segundo Moro, não se sabe como funcionará o juiz de garantias, figura avalizada por Bolsonaro, em 40% das comarcas[fotografo]Carolina Antunes/PR[/fotografo]

Bolsonaro defende excludente de ilicitude em pacote de Moro

03.10.2019 12:09 0

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O governo federal lançou na manhã desta quinta-feira (3) oficialmente a campanha publicitária do pacote anticrime, do ministro da Justiça, Sérgio Moro. Na cerimônia no Palácio do Planalto, o presidente Jair Bolsonaro defendeu o excludente de ilicitude e afirmou que quantos mais autos de resistência um policial tiver é “sinal que ele trabalha e que ele não morreu”.

> Pacote anticrime de Moro recebe R$ 10 milhões em propaganda federal

“Muitas vezes a gente vê que um policial militar, que é mais conhecido, se é alçado para uma função, e vem a imprensa dizer que ele tem 20 autos de resistência. Que ele tenha 50”, declarou. O pacote anticrime tem sido desidratado no Congresso. A campanha, como revelou o Congresso em Foco, deve custar R$ 10 milhões aos cofres públicos.

O excludente de ilicitude é uma previsão legal que abranda a pena imposta a policiais que cometem crimes em situação de confronto iminente. O assunto ganhou relevância nas últimas semanas após a morte da menina Agatha Christie, de oito anos, no Rio de Janeiro. Na semana passada, o grupo de trabalho que debate o pacote tirou o excludente de ilicitude do projeto, mas o tema foi retomado na Comissão de Constituição e Justiça nesta semana.

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Policiais inocentes

Bolsonaro contou que foi diversas vezes ao presídio da Polícia Militar, no Rio de Janeiro, e conheceu muitos policiais inocentes presos. “Conversando com eles, não mais o sentimento, mas a certeza de que lá tinha muito inocente. Tinha culpado? Tinha. Mas também tinha muito inocente”, afirmou.

Segundo o presidente, que é militar da reserva, a legislação atual prejudica a atuação do policial. “Pode de madrugada, na troca de tiro com um marginal, um policial dar mais de dois tiros, e ele ser condenado por excesso? Um absurdo isso daí”, disse.

Bolsonaro afirmou também que o “ativismo em alguns órgãos da Justiça” busca transformar autos de resistência em abuso da polícia. “É doloroso você ver um policial, chefe de família, preso por causa disso”, disse.

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Também presente ao evento, o ministro Moro pediu apoio de deputados e senadores na aprovação do texto, que seria “uma mensagem clara para a sociedade de que os tempos do Brasil sem lei e sem justiça chegaram ao final”.

“Ações executivas são importantes, mas mudanças legislativas são igualmente fundamentais, não só pelo valor intrínseco dessas medidas, mas, igualmente, para que não só o governo, mas também o Congresso, possam mandar uma mensagem clara para a sociedade de que os tempos do Brasil sem lei e sem justiça chegaram ao final”, disse.

De acordo com o ministro, o propósito do atual governo é “proteger as pessoas”. Para isso, destacou, é preciso agir firmemente contra a “corrupção, o crime organizado e a criminalidade violenta”.

Elogios a Moro

Durante sua fala, Bolsonaro afirmou que a política de segurança adotada nas gestões anteriores não funcionou e que é preciso uma mudança na condução da área. Segundo ele, o que foi feito até o ano passado estava no caminho errado.

“Ao longo dessas últimas décadas, assistimos que essa política, cada vez mais, piorava a questão da segurança pública. E sempre pensava comigo: ‘quando tiver a oportunidade um dia vamos ver uma maneira de mudar'”, disse.

Bolsonaro também teceu elogios a Moro, em relação ao qual havia dado sinais de distanciamento recentemente. “Tive a satisfação de que o então juiz Sérgio Moro aceitasse vir trabalhar conosco. O homem que abriu mão de 22 anos de magistratura”, disse.

O presidente elogiou também a iniciativa do ministro de tirar criminosos condenados dos estados em que viviam para levá-los a prisões federais. Segundo ele, essa foi uma das primeiras medidas bem-sucedidas para a redução de crimes, conforme constatação do ministério.

A campanha

A campanha prevê a veiculação de anúncios em rádio, televisão, internet, cinema e mobiliários urbanos. Os prédios da Esplanada do Ministério, por exemplo, já ganharam “outdoors” com dizeres como “Pacote anticrime. A lei tem que estar acima da impunidade”, “Mais rigidez no cumprimento das penas para crimes de corrupção, roubo e peculato”, “Mais tempo de prisão em regime fechado para crimes hediondos”.

Segundo Moro, a ideia da campanha é mostrar que por trás de cada crime existe a história de uma pessoa. “Esse é o propósito da campanha publicitária: trazer esses dramas pessoais vividos por vítimas de crimes, para que nós despertemos para o lado humano da necessidade de se combater com o maior rigor, sim com o devido processo, essa elevada criminalidade”, explicou.

Os anúncios ficarão no ar por 28 dias, até 31 de outubro. E, segundo o Planalto, mostram que a legislação atual sobre a segurança pública já não atende às necessidades da sociedade e que as alterações propostas no Projeto de Lei 882/2019 buscam conferir maior agilidade ao combate à criminalidade, às ações penais e à efetividade no cumprimento das penas.

A campanha mira públicos diversos, desde parlamentares, servidores públicos, agentes de segurança pública até formadores de opinião.

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