Publicidade

Jango, o governador socialista e o general afrontado

23.08.2015 17:42 2
Atualizado em 08.09.2015 00:19

Publicidade

O índice de boçalidade nacional cresceu assustadoramente na quarta-feira, 19, com a surpreendente decisão do governador socialista de Brasília, Rodrigo Rollemberg, declarando nula a cessão de um terreno no Eixo Monumental para a construção do Memorial da Liberdade e Democracia, dedicado ao presidente João Goulart.

É o último projeto desenhado pelo arquiteto Oscar Niemeyer e parecia caminhar bem, até trombar numa aliança hostil formada pelos ex-governadores Joaquim Roriz e José Roberto Arruda e pelo empreiteiro Paulo Octávio Pereira.

Rollemberg atropelou um abaixo-assinado de 45 senadores que corre pelo Senado Federal contra a “segunda cassação” de João Goulart.

A paranoia sobrevive

Publicidade

O governador de Brasília espana a responsabilidade com argumentos técnicos e difusos do Ministério Público, mas existem pressões militares que ele não tem coragem de revelar e que mostram a persistência da paranoia anticomunista.

Dias atrás, a senadora Vanessa Graziottin (PCdoB-AM) teve a prova disso pela boca da maior autoridade militar do País: o general Eduardo Dias da Costa Villas Boas, comandante do Exército.

“Este memorial não pode ser construído ao lado do Quartel-General. Isso é uma afronta ao Exército!”, bufou o general, ao visitar com a senadora o terreno no Eixo Monumental reservado para o memorial, num espaço entre a Praça do Cruzeiro e o Memorial JK.

A seta do susto

Publicidade
Publicidade

O terreno fica a um quilômetro de distância, em linha reta, do QG do Exército onde trabalha o comandante Villas Boas e sua assustada tropa de generais.

No final de 2014, pouco antes de deixar o Ministério da Defesa, na transição entre o primeiro e o segundo mandato de Dilma Rousseff, o então ministro Celso Amorim explicou ao perplexo filho de Jango, João Vicente Goulart, a razão da bronca militar contra o memorial:

“Esta seta já provocou alguns problemas. Ela está apontada para o QG e seria melhor colocar do outro lado da avenida”, apontou o ministro Amorim.

A infiltração de Niemeyer

A seta que incomoda os generais é uma cunha vermelha, com a ostensiva inscrição do ano de 1964, encravada na cúpula branca da construção ondulada de 1.200 metros quadrados.

A paranoia dos militares, apesar da queda da ditadura há 30 anos, vai além do Memorial João Goulart.

No passado, eles encrencaram com outros dois projetos “subversivos” de Niemeyer, um comunista assumido: a torre de controle do aeroporto internacional Juscelino Kubitschek e o pórtico do Memorial JK, ambos na capital federal.

Para os generais, antes e agora, tudo aquilo não passa de uma clara alusão à foice e ao martelo, símbolos do comunismo internacional que Niemeyer implantou no horizonte de Brasília.

Um horror!

 

Veja também:

Mais sobre a história e a defesa de Rollemberg

Outros textos de Luiz Cláudio Cunha

Mais sobre ditadura militar

2 respostas para “Jango, o governador socialista e o general afrontado”

  1. SEBASTIAO DINIZ disse:

    Os senhores Generais tem razão, pois a intenção do PT, Pc do B está a provocar a Instituição do Exercito Brasileiro que eles buscam enfraquecer. Parecem que nossos Generais são idiotas, mas enganam-se as intenções contrarias. Os militares sofrem com o baixo salario, sofrem com as publicações contrarias visando degrinir a imagem dos soldados da Nação, mas tudo tem limite. JUSTIÇA!

  2. Luiz Carlos Fernandes Dias disse:

    O Comandante Gal. Vilas Boas, está só advertindo a intenção do PT e PC do B da Senadora Grazziotin, de anular as homenagens concedidas aos Presidentes Militares nas grandes obras de infra estrutura que construíram nos seus governos Ex: Ponte Presidente Costa e Silva ( Ponte Rio / Niteroi ).

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Se você chegou até aqui, uma pergunta: qual o único veículo brasileiro voltado exclusivamente para cobertura do Parlamento? Isso mesmo, é o Congresso em Foco. Estamos há 17 anos em Brasília de olho no centro do poder. Nosso jornalismo é único, comprometido e independente. Porque o Congresso em Foco é sempre o primeiro a saber. Precisamos muito do seu apoio para continuarmos firmes nessa missão, entregando a você e a todos um jornalismo de qualidade, comprometido com a sociedade e gratuito. Mantenha o Congresso em Foco na frente.

Seja Membro do Congresso em Foco

Apoie